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Economia

Nova cara do trabalhador de MS: empregos mudam com agro digital e energia limpa

Setor de serviços técnicos especializados liderou crescimento do setor de serviços em 2024

Por Guilherme Correia | 01/05/2025 08:08
Nova cara do trabalhador de MS: empregos mudam com agro digital e energia limpa
Paineis solares em Campo Grande; instalação de estruturas é um dos ramos que surgiram nos últimos anos. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Nos últimos dez anos, Mato Grosso do Sul viu o mercado de trabalho se transformar. Se antes o peso da economia do Estado recaía sobre a pecuária e o setor público, hoje cresce a presença de profissões ligadas à tecnologia, serviços digitais e energias renováveis.

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O mercado de trabalho de Mato Grosso do Sul passou por transformações significativas na última década. Setores como tecnologia, serviços digitais e energias renováveis ganharam destaque, impulsionando o crescimento do emprego formal no estado. Dados do Caged revelam um aumento de 35% no número de trabalhadores com carteira assinada entre 2012 e 2023, totalizando cerca de 1,43 milhão. Serviços de engenharia, geologia e cartografia lideraram a geração de empregos em 2024. O setor de energia limpa, com a instalação de usinas solares, também contribuiu para a criação de novas vagas, principalmente em instalação e manutenção. Apesar do crescimento de novas áreas, o agronegócio tradicional continua sendo um importante empregador, com aproximadamente 139 mil trabalhadores formais em 2023. A construção civil apresentou crescimento expressivo, mas com variações ao longo dos anos. O comércio manteve-se estável como gerador de empregos.

É o que mostram os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), de 2012 a 2024, analisados pelo Campo Grande News.

Segundo os números, o total de trabalhadores com carteira assinada subiu de 1,06 milhão em 2012 para cerca de 1,43 milhão em 2023 — crescimento de 35%.

Os setores que mais se expandiram foram os de alojamento e alimentação (aumento de 77%), informação, comunicação e atividades administrativas (alta de 73%) e construção civil (crescimento de 55%).

A movimentação aponta para um novo perfil do trabalhador sul-mato-grossense, mais conectado às demandas da chamada “nova economia”.

A chegada de aplicativos de entrega e transporte, por exemplo, impulsionou empregos indiretos ligados ao setor de serviços e logística. Já o avanço do agro digital — com sensores, drones e inteligência artificial no campo — criou espaço para técnicos e analistas especializados.

Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostra que o setor de serviços técnicos especializados — em especial, os ligados à engenharia, geologia e cartografia — liderou a geração de empregos em 2024 no segmento de serviços.

Entre os destaques está a categoria “Serviços de Engenharia”, que gerou 1.402 novos postos de trabalho, com mais de 6 mil admissões e saldo positivo de 35,11% no estoque mensal.  A celulose veio para aquecer ainda mais esse cenário, com exigência de profissionais de diferentes áreas.

Estudos Geológicos, por exemplo,  servem na identificação e exploração de recursos naturais, como as florestas plantadas (eucalipto, pinus) que fornecem a matéria-prima para a produção de celulose. Só entre esses profissionais, o crescimento foi de 1.538,46%, com 400 novas vagas.

Também chamam atenção as áreas de cartografia e geodésia, que também são relacionadas a exploração e manejo, com aumento de 24,01%, e serviços periciais de segurança, com alta de 14,93%.

Esse movimento indica não só uma maior demanda por profissionais qualificados em áreas técnicas e científicas, mas também um redirecionamento das matrizes econômicas do Estado — que antes concentravam-se no agronegócio e no comércio — para serviços de valor agregado e base tecnológica.

Crescimento do mercado solar — Outro setor que puxa o crescimento é o da energia limpa. A instalação de usinas solares em cidades como Campo Grande, Dourados e Três Lagoas gerou centenas de empregos nos últimos anos, principalmente na área de instalação e manutenção, ainda que muitos sejam informais.

O engenheiro eletricista Gabriel Correia afirma que a geração solar fotovoltaica aumentou consideravelmente em diversas regiões brasileiras, inclusive em Mato Grosso do Sul. “Não só a Capital e as grandes cidades, mas todo o interior tem tido um aumento nas casas e comércio com paineis solares.”

“Isso se dá pela alta incidência de radiação solar, uma das mais altas do País, garantindo a produção de energia desse tipo. Nos últimos anos, o custo de se colocar um sistema FV [fotovoltaico] diminuiu, o que impacta diretamente na conta de energia, visto que o retorno do investimento caiu.”

Ele comenta que a lei federal 14.300, de 2022, “regulou o sistema de compensação de energia, facilitando o financiamento, garantindo autonomia e previsibilidade na conta de energia com um sistema solar instalado”, o que motiva que haja cada vez mais pessoas trabalhando nesta área.

“Além de casas e comércio, o setor da agropecuária se beneficia também, porque fazendas têm implantado energia solar, por possuir espaço, dinheiro e Sol. Dessa forma, há uma busca por profissionais da construção civil, qualificados para a instalar esses sistemas, como engenheiros, técnicos, eletricistas.”

Outros mercados — O setor agropecuário tradicional segue como um dos maiores empregadores do Estado, com cerca de 139 mil trabalhadores formais em 2023, mas seu crescimento foi mais modesto: 16% em relação a 2012, segundo o IBGE.

Já áreas como comércio e administração pública mantiveram estabilidade, enquanto os serviços domésticos e os chamados “outros serviços” apresentaram leve retração, impactados por crises e pela informalidade.

Dados do Novo Caged revelam que, entre 2020 e 2025, o setor de serviços liderou de forma constante a geração de empregos formais.

Em 2020, ano de pandemia, o saldo foi negativo (-1.021), mas a recuperação foi rápida: em 2021, o setor abriu 14.747 novas vagas e manteve números positivos até 2025, ano em que gerou 3.661 empregos líquidos. O estoque de trabalhadores no setor passou de 215.652 em 2020 para 264.954 em 2025 — um aumento de 22,9%. No total, foram 47.536 novas vagas formais acumuladas.

A indústria também apresentou crescimento consistente, com saldo positivo em todos os anos. O estoque de empregos cresceu de 109.668 para 131.079, um avanço de 19,5%. No acumulado, o setor gerou 26.950 novos postos de trabalho, indicando a ampliação da produção local — possivelmente em setores como transformação alimentar, biocombustíveis e produtos químicos ligados ao agro.

Os dados também indicam que a construção civil tem sido um setor mais volátil. Em 2020, havia estoque de 21.722 trabalhadores, que chegou a 30.052 em 2025, um crescimento de 38,4% — o maior percentual entre todos os setores, mesmo com quedas pontuais, como o saldo negativo em 2024 (-5.203). No acumulado, criou 13.817 vagas, muito provavelmente impulsionada por obras públicas e expansão urbana.

O comércio, tradicional empregador urbano, seguiu com crescimento estável. Em 2020, o estoque era de 126.306 trabalhadores e subiu para 155.708 em 2025, avanço de 23,3%. O saldo acumulado no período foi de 35.860 novos empregos.

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