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Economia

Número de consumidores inadimplentes em MS cresce 9,6% em 1 ano

Há 4 anos, dívidas negativadas somavam R$ 3,2 milhões em MS, agora, são R$ 4,2 milhões

Liana Feitosa | 19/07/2022 15:11
Dinheiro sendo sacado em caixa automático. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Dinheiro sendo sacado em caixa automático. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

O número de consumidores inadimplentes cresceu quase 10% em Mato Grosso do Sul em maio de 2022 na comparação com o mesmo mês do ano passado. De acordo com a Serasa Experian, em maio de 2021 existiam pouco mais de 865 mil pessoas com dívidas em aberto. Já em maio de 2022 o número saltou para 948 mil.

O levantamento do órgão de serviços de informações ainda aponta que, se forem comparados os números de 4 anos atrás com os dados atuais, o crescimento no número de inadimplentes no Estado até maio deste ano é de 19,7%. Em 2019, eram R$ 3,2 milhões em dívidas negativadas, agora, são R$ 4,2 milhões. Os dados de maio são os mais atuais levantados pelo órgão.

Empresas - A realidade também atinge empresas que, em maio, somaram 77.834 inadimplentes em MS, sendo o valor médio das dívidas de R$ 15.322,56. Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, “o cenário de inadimplência do empreendedorismo ainda deve se estender enquanto a economia permanecer instável no país, já que essa situação afeta diretamente o poder de compra dos consumidores e, sendo assim, o fluxo de caixa das empresas.”

A inconsistência pode ser explicada por diversos fatores. No que diz respeito ao mercado internacional, a guerra na Europa entre Rússia e Ucrânia, e as consequências econômicas dela, como prejuízos em setores como o de fertilizantes - importante insumo usado na agricultura brasileira - assim como a instabilidade no preço do dólar, afetando o mercado de combustíveis no Brasil, estão entre os problemas enfrentados pelo país em 2022.

Explicações - No contexto interno, os efeitos da pandemia de covid-19 que foram amenizados, mas estão longe de serem eliminados, o aumento no número de pessoas desempregadas e com fome, entre outros desafios, são reflexo do difícil momento econômico enfrentado pela população. “Há anos não registrávamos tamanha inflação em produtos que fazem parte do dia a dia da maior parte da população (alimentação, combustível, energia, por exemplo), consumindo parte significativa da renda do trabalhador, que por sinal também sofreu redução durante a pandemia”, afirma Silvio Frison, vice-presidente da Serasa.

Para ele, esse cenário fez com que surgissem mudanças nos hábitos de consumo, lazer e comportamento das pessoas. “O brasileiro aumentou sua disposição para empreender, buscando renda por conta própria, reduziu o uso do dinheiro vivo, substituindo-o pelo Pix, passou a priorizar os gastos em casa, como TVs por assinatura, e reduziu drasticamente os investimentos com lazer externo. Quando se compara as principais despesas realizadas em 2021 ao ano de 2020, constata-se que o aumento dos gastos se concentra em supermercados, hipermercados e farmácias em seguida”, analisa.

Aos poucos - Apesar do cenário preocupante, há levantamentos que apontam para alguma “luz no fim do túnel”. O índice de famílias endividadas em Campo Grande apresentou discreta redução no mês de junho deste ano, registrando o número de 60% de endividados na Capital, contra 60,6% no mês de maio. Os dados são da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

“A gente percebe que tem, sim, uma retomada pós-pandemia. Por exemplo, o setor do turismo estava parado, não estava se movimentando durante a pandemia. Então, quando analisamos uma atividade como essa, que permeia várias outras atividades, é possível notar impactos positivos acontecendo agora”, avalia a economista do IPF-MS (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio MS), Regiane Dedé de Oliveira.

De acordo com a pesquisa, os muito endividados somam 16,5% e, os pouco endividados, 27,2%. O cartão de crédito é a principal fonte de endividamento dos campo-grandenses (71,3%), seguido pelos carnês (23,7%), financiamento de casa (13,2%) e financiamento de carro (9,1%).

Apesar dos índices serem altos, Regina explica que os números se referem a dívidas controladas, que não necessariamente ficarão sem pagamento. “Percebemos que o consumidor está conseguindo se manter razoavelmente bem numa situação onde os produtos estão mais caros, a inflação está na casa dos dígitos. Mas tudo isso faz com que o consumidor fique mais cauteloso”, finaliza.

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