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Economia

Programa investe em motoristas para não faltar transporte na Bioceânica

Além de quem dirige, hoje MS só tem uma empresa com caminhões habilitados para transporte internacional

Por Izabela Cavalcanti | 09/05/2025 10:37
Programa investe em motoristas para não faltar transporte na Bioceânica
Caminhão-cegonha e carro trafegam pela Cordilheira do Andes (Foto: Arquivo)

Contra deficit de motoristas em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado tem apostado no Voucher Transportador para atender a demanda que surgirá com o Corredor Bioceânico, ligando o Brasil ao Chile, passando por Paraguai e Argentina.

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O déficit de motoristas em Mato Grosso do Sul, que já chega a 10 mil profissionais, preocupa o Setlog (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística) com a iminente operação do Corredor Bioceânico. A rota, que conectará o Brasil ao Chile, exigirá mais de mil motoristas capacitados, especialmente para enfrentar os desafios da Cordilheira dos Andes. A necessidade de fluência em espanhol e conhecimento de legislações internacionais amplia a complexidade da formação desses profissionais. O Programa Voucher Transportador, iniciativa do governo estadual, já emitiu 1,8 mil CNHs e qualificou 552 motoristas, mas não cobre a demanda total. Além disso, a falta de caminhões habilitados para operações internacionais e a necessidade de adesão ao Tratado Internacional Rodoviário (TIR) por Brasil, Paraguai e Chile são obstáculos adicionais. O Setlog e o governo buscam soluções para preparar a logística antes da inauguração da rota.

O programa foi criado com o objetivo de qualificar gratuitamente motoristas de carga e ônibus, e adicionar as categorias “D” e “E” na CNH. De acordo com o Sest Senat, já foram convocadas 7,3 mil pessoas; emitidas 1,8 mil CNHs; e 552 pessoas estão fechando o processo de mudança de categoria.

"Toda vez que tem demanda, a gente amplia a disponibilidade de vagas. Então, não preocupa porque temos um programa especificamente para isso. Nós temos um deficit de motorista que está sendo resolvido através do Voucher. Uma carteira de motorista D e E custa 8 mil só para fazer, isso hoje está zerado", pontuou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

Sobre a quantidade de motoristas necessária para a Rota, Verruck completa dizendo que "não tem um número exato, vamos tocar o quanto for necessário. Vamos continuar com o Voucher Transportador."

Caminhões habilitados - Verruck também destaca outro desafio, o de habilitar os caminhões para o transporte internacional. “Nós temos que ter o caminhão habilitado, hoje nós só temos uma empresa com o caminhão habilitado, que trabalha para a JBS aqui. A empresa tem que, primeiro, se cadastrar para que os caminhões possam fazer operação internacional. Tem o caminhão, o motorista precisa fazer carteira D e E, e tem que fazer um curso de adequação para operar nesses outros países, tem que ter monitoramento de saúde por causa dos andes”, disse.

Na Rota, o caminhão bitrem não pode transitar, pois tem trechos na região dos Andes, com subidas e muitas curvas acentuadas, o que poderia dificultar caminhões extensos.

Além disso, está em discussão no Congresso Nacional o TIR (Tratado Internacional Rodoviário), que facilita o trânsito aduaneiro de mercadorias ao permitir que cargas percorram longas distâncias sem necessidade de inspeções em cada fronteira.

Na prática, sem o TIR, o caminhão para em cada fronteira para inspeção, documentação e liberação. Por outro lado, utilizando o tratado, a carga é inspecionada e lacrada na origem, e só será aberta no destino final, mesmo cruzando vários países.

Segundo Verruck, dos países da Rota, somente a Argentina tem o TIR. O Brasil, Paraguai e o Chile ainda não aderiram.

O Setlog (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística de Mato Grosso do Sul) também vê como preocupante encontrar profissionais capacitados para percorrer a Rota. De acordo com o presidente do sindicato, Cláudio Cavol, seria necessário acima de mil motoristas capacitados.

“Dirigir nos andes é complicado. Tem duas questões: já é uma forte demanda não encontrarmos para nosso mercado doméstico e vai se agravar ainda mais com a abertura da Rota. Os motoristas que são daqui, que nasceram e foram criadas aqui, não precisam de capacitação intensa quanto um internacional, que tem que saber no mínimo Espanhol”, completou.

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