Sem acesso a rios ou córregos, índios produzem peixe em cativeiro
Moradores da reserva indígena de Dourados, a 233 km de Campo Grande, vão produzir peixe em cativeiro. Sem córregos e rios próximos para pescar, índios das tribos guarani-kaiowá e terena fizeram um curso de capacitação e agora começam a implantar pesqueiros na reserva mais populosa do país, com quase 15 mil pessoas.
Felisbino Jesus Marques é o primeiro índio a implantar um pesqueiro na reserva após participar do curso sobre piscicultura realizado em parceria entre a Coordenadoria Especial de Assuntos Indígenas de Dourados, Sindicato Rural e o Senar (Serviço de Aprendizagem Rural).
Em três dias de curso, 15 pessoas aprenderam técnicas de criação, manejo e gestão da atividade. Felisbino aproveitou o conhecimento, recuperou os açudes que já tinha na propriedade e começou a criação. Segundo ele, nos açudes já tem peixes pacu e tambaqui prontos para o abate, vendidos no sistema “pesque e pague”.
“Foi muito importante esse curso, ensinou muita coisa que a gente não sabia”, disse Felisbino, que agora aguarda o curso sobre fabricação de ração caseira para baratear o custo de produção. O curso também será oferecido pela parceria entre a prefeitura, o Sindicato Rural e Senar.
Leomar Mariano da Silva, diretor da Coordenadoria de Assuntos Indígenas, existem pelo menos 15 açudes nas aldeias Jaguapiru e Bororó que podem ser reestruturados para a produção de peixes. “Estamos conversando com o prefeito [Murilo Zauith] para encontrar uma maneira de ajudar na reestruturação dos tanques, já que a maioria dos moradores não tem condições”.