Valor da arroba cai e pecuaristas de MS seguram bois na espera por melhora
Os pecuaristas de Mato Grosso do Sul têm segurado lotes de gado no pasto, devido ao preço da arroba que está baixo desde o começo do ano. A situação piorou depois da delação da JBS, que expôs o pagamento de propinas e desencadeou mais uma crise no setor, depois da operação Carne Fraca, que aconteceu em março deste ano.
O JBS abate 50% dos lotes de bovinos no Estado e os produtores não estão confiantes com a atual situação, deixando de negociar com os frigoríficos por causa da crise. O cenário se agrava com a aproximação do inverno, onde os pastos devem secar, sendo que os pecuaristas vão gastar mais com insumos, como milho, farelo e sal, que estão com os preços mais altos.
De acordo com o pecuarista e economista João Pedro Cuti Dias, que participa do Confinar em Campo Grande, para que o mercado possa reagir, é preciso que a cadeia, incluindo empresários, pecuaristas e governo, retomem os negócios. "Vários frigoríficos fecharam as portas há dois anos e este é o momento de reabrir e atender o mercado regional. Não podemos esperar uma reação do JBS, é preciso fazer alguma coisa e acho que tomar a frente e reabrir esses frigoríficos, o cenário com certeza vai mudar", afirma.
Dias informa que o preço da arroba da vaca em Mato Grosso do Sul, está abaixo do que está sendo negociado em Paragominas, cidade situada no Pará. "No nosso Estado o valor da arroba está em R$ 115 e em Paragominas é negociado a R$ 119 e isso é um absurdo, já que estamos ao lado do maior centro consumidor do Brasil que é São Paulo". Neste mesmo período do ano passado, a arroba da vaca era negociada a R$ 125.
Segundo o pecuarista e diretor do programa Novilho Precoce, Rafael Ruzzon, este período do ano é o momento em que mais tem oferta de bovinos, mas os pecuaristas estão segurando o gado no pasto. "Ainda não dá saber como o mercado deve ficar, mas como os frigoríficos estão pagando os lotes a prazo, os pecuaristas estão sem confiança, segurando os negócios", comenta.
Quem pode segurar a venda, agora está é a recomendação. "Ainda está chovendo no Estado, o que sinaliza que o pasto está bom e quem pode segurar o boi no pasto, essa é uma recomendação, esperar o mercado se acalmar. Quem precisa vender, deve comercializar o mínimo que puder e esperar o mercado se ajustar, porque a tendência é melhorar", explica.