Cientista de MS investiga relação entre queimadas e "super" fungos no Pantanal
Pesquisa está em fase inicial e analisa impactos ambientais e agrícolas que podem favorecer infecções graves

Com o avanço das queimadas no Pantanal nos últimos anos, pesquisadores passaram a investigar como o fenômeno impacta não apenas o meio ambiente, mas também a saúde da população. Entre eles está a professora Luana Rossato, da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), que coordena um projeto para identificar de que forma o fogo e o uso de agrotóxicos no bioma podem favorecer o surgimento de fungos resistentes, capazes de causar infecções graves em humanos.
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Pesquisadora da Universidade Federal da Grande Dourados investiga como as queimadas e o uso de agrotóxicos no Pantanal podem contribuir para o surgimento de fungos resistentes, potencialmente prejudiciais à saúde humana. O estudo, coordenado pela professora Luana Rossato, premiada pelo Grupo L'Oréal, Unesco e Academia Brasileira de Ciências, analisa amostras ambientais de áreas afetadas. O projeto examina solo, cinzas, sedimentos e água de regiões atingidas pelo fogo e áreas agrícolas próximas ao bioma. A pesquisa busca compreender como pressões ambientais podem favorecer o desenvolvimento de fungos tolerantes ao calor e resistentes a antifúngicos, visando apoiar políticas públicas de prevenção e manejo ambiental.
Reconhecida com o Prêmio Para Mulheres na Ciência, concedido pelo Grupo L’Oréal, Unesco e Academia Brasileira de Ciências, a pesquisadora explica que a proposta do estudo surgiu da convergência de três preocupações científicas intensificadas nos últimos anos: o aumento das queimadas no Pantanal, o uso crescente de agrotóxicos em áreas agrícolas que margeiam o bioma e o avanço global de infecções por fungos resistentes, como Candida auris e espécies emergentes de Aspergillus.
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“A pesquisa parte da hipótese de que esses eventos ambientais atuam como pressões seletivas, alterando o microbioma do solo e da água e permitindo que fungos tolerantes ao calor, ao estresse químico e a fungicidas agrícolas se tornem mais frequentes”, afirma Luana.
O estudo reúne análises ambientais, microbiológicas e moleculares obtidas a partir de amostras de solo, cinzas, sedimentos e água coletadas em áreas atingidas pelo fogo, em regiões agrícolas próximas ao Pantanal e em pontos de controle. Os fungos serão isolados, identificados e submetidos a testes que avaliam resistências a antifúngicos de uso clínico e a fungicidas empregados na lavoura. Esses resultados serão cruzados com dados ambientais, como histórico de queimadas, temperatura e presença de resíduos químicos, além de modelagem ecológica para compreender como essas pressões influenciam o surgimento de linhagens com potencial patogênico.
“Os fungos estão presentes naturalmente no solo, na água e na matéria orgânica em decomposição. A maioria é inofensiva, mas algumas espécies têm potencial patogênico e podem causar doenças em humanos, especialmente quando passam por pressões ambientais que favorecem a resistência a antifúngicos”, destaca.

Segundo a pesquisadora, o estudo permitirá detectar precocemente mudanças no comportamento desses organismos, identificar áreas críticas, reconhecer espécies emergentes, apoiar o uso mais racional de fungicidas agrícolas e orientar políticas públicas de prevenção e manejo ambiental. “Trata-se de um projeto fundamentado no conceito One Health, com potencial para proteger a biodiversidade do Pantanal e as populações humanas expostas”, diz.
O projeto está na fase de planejamento metodológico e organização das atividades de campo e laboratório. Luana afirma que os recursos concedidos pelo prêmio contribuirão para acelerar as primeiras etapas da investigação e que aguarda algumas autorizações, mas a princípio a fase de coletas deve começar em abril de 2026.
A iniciativa será conduzida em etapas, como planejamento da amostragem, coleta em campo, análises laboratoriais e integração dos dados ambientais e microbiológicos. O projeto terá apoio da universidade, através da Iniciação Científica, mestrado e doutorado.
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