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Educação e Tecnologia

Só "fura-fila" levaria vacinação a professores agora

Sindicatos dos professores no ensino público está exigindo imunização para voltar às aulas nas escolas estaduais

Marta Ferreira | 28/02/2021 09:50
Na entrada da escola tem um aviso de uso de máscara obrigatória. (Foto: Marcos Maluf)
Na entrada da escola tem um aviso de uso de máscara obrigatória. (Foto: Marcos Maluf)

Só se as regras mudarem substancialmente. Ou se houver uma espécie de "fura fila". Pelas regras que estão seguindo seguidas praticamente no mundo todo, não há como atender ao posicionamento dos sindicatos dos professores do ensino público de Mato Grosso do Sul de só voltar às aulas presenciais com imunização contra covid-19.

Na prática, para atender a exigência, o grupo da educação teria de passar à frente de outros cidadãos considerados prioridade pelo esquema definido em praticamente todo o mundo.

De acordo com o cronograma anunciado para rede estadual de ensino, as atividades escolares voltam nesta segunda-feira, primeiro de março, de forma remota, e em abril passam ao modo híbrido, intercalando aulas on-line e presenciais.

Por esse calendário, a vacinação não tem como atingir os professores até essa data, se levado em conta o atual estágio e as regras definidas pelo Ministério da Saúde.

Em Mato Grosso do Sul, até agora só 4,88% da meta de vacinação foram atingidos. Nem os profissionais de saúde foram todos imunizados. O “vacinômetro” do governo do Estado mostra que pouco mais de 150 mil pessoas foram imunizadas, de uma meta de 2,5 milhões de pessoas.

Pelas programa de proteção à população em vigor, profissionais da saúde, pessoas acima de 75 anos ou mais, pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas (como moradores de asilos), população indígena aldeada, povos e comunidades tradicionais ribeirinhas são os prioritários. No segundo grupo, estão as pessoas de 60 a 74 anos, o maior grupo; e no terceiro pessoas com comorbidades, que vivem com doenças como diabetes e hipertensão.

Além dos profissionais da saúde, por razões óbvias, não há ordem de prioridade que considere profissões específicas.

Não faz sentido”, opina Júlio Croda, um dos infectologistas mais ouvidos em todo o período de pandemia, cujo posicionamento costuma ser favorável à adoção de restrições severas contra as aglomerações.

Alerta - Croda, ao ser indagado pela reportagem, deixou evidente que considera improvável voltar às aulas em abril, mas não pelo mesmo motivo que a Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul ). Na avaliação dele, o repique da pandemia vai levar à necessidade de demorar mais para voltar às atividades normais em todos os setores.

Para o médico, a realidade está mais para imposição de novas restrições do que de liberar a volta às atividades.

Quanto às escolas, especificamente, entende que elas são mais importantes do que outros estabelecimentos que estão funcionando, como bares e restaurantes.

Croda afirma que o risco para os profissionais da educação é igual o de outras categorias que nunca pararam, como os trabalhadores do transporte coletivo. Na visão do infectologista, o plano estabelecido cumpre a função de proteger os mais arriscados a ter versões graves da covid-19.

É consenso, concorda o médico, que sejam vacinados idosos, profissionais de saúde e grupos de risco por comorbidades antes. “Depois profissionais com maior risco de exposição. Então entraria: força de segurança, professores, trabalhadores do transporte em geral...”, relaciona.

A Fetems (Federação dos Trabalhadores em Ensino Público) e a ACP (SIndicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública) entendem que não dá para retomar as aulas presenciais, ainda que de forma escalonada com atividades remotas enquando não houver vacinação.

A Secretaria de Educação de Mato Grosso do Sul divulgou na semana passada que a partir desta segunda-feira (1) vai ser iniciado período de acolhimento aos alunos. A partir do dia 8, as aulas serão retomadas, no modo híbrido.

Kit de proteção contra covid-19 é uma das preparações para volta às aulas na rede estadual. (Foto: Kísie Ainoa)
Kit de proteção contra covid-19 é uma das preparações para volta às aulas na rede estadual. (Foto: Kísie Ainoa)

Essenciais -  “As escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a abrir em qualquer emergência ou crise humanitária”. A frase está em carta do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), enviada a prefeitos no começo deste ano, para defender a adoção de todos os esforços necessários para a reabertura das escolas da educação básica, fechadas há quase um ano por causa da pandemia de covid-19.

O texto é enfático ao dizer que “fora da escola não pode”. Ainda segundo descrito, a forma da reabertura tem de ser adaptada à situação local.  “Pode incluir elementos de educação híbrida, uma mistura de educação presencial e a distância, rodízio de estudantes em grupos pequenos, etc. – como sugerido nos protocolos que estão à disposição”.

Preparativos - O governo do Estado anunciou na semana passada que adquiriu 670 mil máscaras, 210 mil bisnagas (100ml) e 210 mil frascos (480ml) de álcool em gel 70% para montar os kits de proteção que devem ser entregues aos alunos das escolas estaduais, antes das unidades iniciarem as aulas no sistema híbrido, a partir de abril.

Diretores definirão, de acordo com cada escola, como será a entrega dos kits e a semana de “teste”. Ao todo, foram adquiridos 210 mil frascos de álcool em gel que fazem parte do kit individual entregue aos estudantes. Cada aluno deve receber três máscaras reutilizáveis, um pote de álcool em gel 70% de 480 ml e uma bisnaga de 100 ml para reposição. A forma como esses kits serão entregues também depende de cada direção escolar.

Ao todo, 194.7 mil alunos matriculados devem voltar às aulas de forma híbrida, ou seja, parte presencial e parte remota. Contudo antes, ainda passarão pela semana da acolhida, um período de orientação e preparação dos estudantes para nova modalidade de ensino.

Tanto a ida à semana da acolhida, que começa já na próxima segunda-feira (1), quanto ao ensino híbrido que começa em abril, são facultativos, ou seja, os alunos não são obrigados a aderir. Os pais podem optar pelo ensino exclusivamente remoto, mas nesse caso, deverá comparecer na escola para assinar um termo de compromisso.


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