Cine Sesc, revitalização do Acapulco e do Hotel Campo Grande...Fomos enganados?
Desde a estreia do Lado B, projetos e ideias que envolvem e abraçam a cidade viraram notícia. Muitos vingaram, outros foram barcos furados no qual embarcamos. Propostas que apesar de muito bacanas, não saíram do papel, mesmo tendo até data para ser inaugurado, como a revitalização do Hotel Campo Grande, a abertura do Cine Sesc, no antigo Cine Campo Grande, a reforma do Cine Acapulco para receber um centro de arte, cultura e teatro, e obras para transformar a rotunda da antiga rede ferroviária em um espaço vivo.
Quatro anos se passaram e o projeto da família herdeira do Hotel Campo Grande não tomou forma. O primeiro hotel de grande porte e que por três décadas sustentou o status de ser um dos mais conhecidos da cidade, hospedando artistas, foi fechado em 2001. Nos primeiros 10 anos, os administradores relataram que passaram a reunir dinheiro para acabar com as dívidas e depois de tudo quitado, a próxima fase seria colocá-lo em pleno funcionamento.
À época, a fonte era a administradora do Yotedy, herdeira do imóvel, neta do criador do hotel, o pecuarista Laucídio Martins Coelho, Maria Adelaine Noronha. Ela justificou querer reabrir porque o hotel havia sido construído para isso. A ideia era buscar investidores, arrendar ou vender para algum grupo hoteleiro, com a condição de que ficasse no ramo.
A ideia não vingou e a família também não quis se pronunciar. Foram três dias de espera pelo retorno da administradora.
Em 2014, foi a vez de falarmos do antigo Cine Acapulco, na 26 de Agosto, que nas mãos do sobrinho do escritor, cineasta e dono do prédio Bernardo Lahdo, apresentou à cidade a proposta de se tornar fundação, com aulas de teatro e de cinema, gratuitas. Na entrevista, foi falado até uma previsão de abertura, para o próximo aniversário da cidade, em agosto de 2015.
A obra estacionou e em contato com o sobrinho de Lahdo, Airton Bernardino Leite Junior, a informação confirma o que está explícito. "Daquilo não mexemos em nada", disse ao Lado B. O projeto inicial era de reconstruir o espaço que marcou a década de 70 na cidade e abrir como uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), com o objetivo de promover a cultura.
Ah, também tinha até um nome: Fundação Cineasta AbudLahdo, uma homenagem ao artista que à época da proposta, estava com 83 anos. "Era uma organização não governamental para criar cultura, mas nem as obras andaram. Estamos esperando levantamento de dinheiro privado", explicou Airton.
Em 2013, escrevemos sobre um dos patrimônios históricos mais importantes de Campo Grande, o da antiga rede ferroviária, que foi vital para a ocupação deste lado do País.
Um dos prédios a ser recuperado seria o da rotunda, velha oficina de vagões, hoje abandonada ao lado da Feira Central.
A administração já era de Alcides Bernal. Questionado pelo Lado B, o município chegou a informar que havia verbas da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, que seriam aplicadas na transformação do terreno sujo e da estrutura do passado em um grande espaço de cultura. O projeto previa, inclusive, a recolocação de parte dos trilhos no entorno.
Até hoje, nada mais foi dito sobre a ocupação de tamanha estrutura histórica.
A única boa notícia vem do Cine Sesc, que apesar de ter programado o término da obra para este ano, pelo menos tem uma resposta otimista. O Sesc comprou o espaço na 15 de Novembro, do antigo Cine Campo Grande e apresentou para o público a proposta de reunir teatro, cinema e artes num só espaço e de quebra, oferecer um café ao público.
O projeto, do arquiteto Rubens Fernando de Camillo, propôs reformar as duas salas de cinema, transformando uma delas em teatro com direito à caixa cênica, estrutura que permite a troca de cenários no palco entre um sobe e desce.
As obras eram para terem iniciado no ano passado e agora, prestes a terminar, a notícia que se tem é de que ficou para 2017. "Estamos trabalhando para que ele seja entregue em 2017. Já tivemos a aprovação da GDU (Guia de Diretrizes Urbanísticas) e agora o arquiteto vai trabalhar no projeto", disse a diretora reginal do Sesc, Regina Ferro.
Com aprovação em todas as instâncias: Prefeitura, Corpo de Bombeiros, projetos complementares de iluminação, sonorização, hidráulico, elétrico, proteção contra incêndios, a diretoria regional do Sesc garante que o projeto não está parado.
"Mas é essa parte que não se vê. Se a obra começar até o fim do ano, teremos cerca de 12 meses de construção, então o espaço seria inaugurado no início de 2018", afirmou Regina.