O ateliê da artista com uma história em cada canto
Tapetinhos, daqueles mais baratos, costurados um após o outro, formam uma passarela colorida no Ateliê da Artista, criado por Ana Ruas para a Mostra Morar Mais por Menos. É só uma das ideias da artista plástica que demonstra habilidade, inclusive, no planejamento de espaços.
No ateliê real, os ambientes são amplos, arejados. Na mostra, Ana teve de se adaptar a 18 metros quadrados e aproveitou para deixar rastro.
Trouxe um cavalete, projetou a imagem na parede, passou o pincel e quando o objeto foi embora, ficou a sombra.
Trouxe o crochê, misturou as tintas, passou o pincel e espalhou pelo lugar a graça do artesanal, da lembrança de casa, em panos de prato e cortinas, pintados ou pendurados.
Em alguns pontos, o diálogo é com a própria arquitetura, que faz aparece o telhado, sem camuflagem.
Em potes, vemos toquinhos de lápis, de campanha de arrecadação realizada pela artista para dar um destino digno ao que por tanto tempo foi usado por crianças para a expressão.
E assim a artista segue, colocando objetos em lugares improváveis. O cabo de guarda-chuva, agora é cabide. O restante da peça virou luminária, feliz por ter flores de linha como adereços.
Ana mostra que folhas de bananeira e até casca de cebola são revestimento quando se quer. Na cadeira de aramado antiga fez uma trama, utilizados 124 saquinhos de plástico que embalam jornal. "Guardei os saquinhos do jornal por 2 anos", conta.
A brasilidade aparece no quadro com a bandeira do Brasil costurada, no quadro de chitão e pintura de renda, no crochê.
Com os objetos, como o cofre azul turquesa e as caixinhas com pintura no lugar dos anéis, ela vai questionando o valor da arte. Traz fotos para perguntar sobre a amizade e lápis para lembrar da educação.
Além da vontade de criar, ela deixa na gente o gosto pelo reconhecimento. O espaço hoje ocupado pela Mostra Morar Mais Por Menos foi durante anos a casa do artista plástico Humberto Espíndola. O ateliê foi montado no quarto onde a mãe dele dormia.
No porta retratos, a artista deixa o agradecimento a quem chama de mestre. “Um dia eu bati aqui na porta do Humberto, ele abriu, a gente conversou e ele disse para eu ir pintar. Fui para casa e fiquei 7 dias pintando. Depois voltei e então ele disse: agora sim Ana.”
A mostra foi montada em dois imóveis, de 6 mil metros quadrados no total, na Rua da Paz 342, Jardim dos Estados. O ingresso custa R$ 20,00. As portas são abertas às 16h e fechadas às 22h, de terça a domingo.