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Comportamento

Após perder amiga para o feminicídio, Tarita organiza protesto na Ary Coelho

Maria Glória era artista e foi estrangulada, estuprada e assassinada no dia 25 de janeiro, em Mandaguari, no Paraná

Alana Portela | 31/01/2020 06:23
Maria Glória era uma mulher forte e independente. (Foto: Arquivo pessoal)
Maria Glória era uma mulher forte e independente. (Foto: Arquivo pessoal)

Pela mulher e amiga Maria Glória, a designer Tarita Prema está organizando um protesto em Campo Grande contra o feminicídio. Magó, como era conhecida a bailarina, morreu no último dia 25, depois de ser estrangulada e estuprada no Paraná. O caso ganhou repercussão em todo o País e manifestações acontecem em várias cidades neste sábado, inclusive aqui, na Praça Ary Coelho, às 16h.

O corpo de Maria Glória, que morava em Maringá e tinha 25 anos, foi encontrado no domingo (26) perto de uma cachoeira em Mandaguari, no Paraná, com sinais de violência sexual, de acordo com a Polícia Civil. Maria Glória ou Magó era bailarina, capoeirista angolana, percussionista, uma artista completa.

“Perdi minha amiga, minha companheira de caminhada, uma mulher de força, de peito aberto pra vida. Sou maringaense, assim como a Maria Glória e somos amigas de longa data. Estamos na mesma busca espiritual, nos estudos de autoconhecimento e sagrado feminino. No respeito com a terra, a natureza, com a vida”, fala a designer Tarita. 

A bailarina tinha ido acampar na natureza no final de semana. “Foi para um acampamento, onde a mãe dela a deixou, e no domingo quando voltou para buscá-la junto com a irmã Ana Poltronieri encontraram o corpo dela violentado. Ela foi estuprada e estrangulada próximo de uma cachoeira onde foi para fazer o que sempre fazemos, comungar da natureza, das águas, do fogo, se conectar com a vida no dia que era o dia de São Sebastião”, diz Tarita.

A informação sobre o assassinato chegou até Tarita através de uma tia. “Acordei com a notícia e desde então, em meio a muita dor, venho buscando força para realizar o ato de repúdio aqui em Campo Grande cidade que resido a menos de um ano”.

Magó era bailarina e gostava de dançar (Foto: Arquivo pessoal)
Magó era bailarina e gostava de dançar (Foto: Arquivo pessoal)
Na roda de amigas, ela era uma das mais sorridentes. (Foto: Arquivo pessoal)
Na roda de amigas, ela era uma das mais sorridentes. (Foto: Arquivo pessoal)

Agora, a designer quer realizar um ato de repúdio para unir toda forma de expressão de vida que houver. “Para juntos pedir em voz alta ou silenciada, que PAREM DE NOS MATAR, para expressarmos nosso repúdio, nossa dor em morarmos num país que em menos de 30 dias de um ano que começou mais de 200 mulheres foram assassinadas”, afirma.

Tarita diz que não militante, nem ativista feminista e nem liderança de protestos. “Sou apenas uma mulher, amiga de quem teve a vida brutalmente, cruelmente arrancada e que pede paz as mulheres, que pede passagem à vida”.

O protesto ocorrerá no 1° de fevereiro na Praça Ary Coelho, a partir das 16h. “Apesar de não ter muitos conhecidos por aqui, prometi para mim mesma que estaria na rua por ela, sozinha ou acompanhada de poucos”, destaca. A manifestação acontecerá em outras sete cidades brasileiras e também em Santiago, no Chile.

“Magó era muito amada e conhecida por muitos, tenho certeza que assim como eu muitos estão se unindo para estarem juntos na rua expressando arte, voz e movimento, aproveito para pedir apoio de artistas de rua, circenses, dançarinos, bailarinos, capoeiristas, músicos, poetas, religiosos, gente de bem, gente que deseja o bem e que possa se solidarizar a essa causa”.

A organizadora da manifestação sugere que o evento seja com textos ou pronunciamentos que falem sobre a conscientização e sobre a violência sofrida pelas mulheres. “Sejam intercalados com apresentações culturais, poesia, música e outras expressões artísticas para que possamos informar o povo, mas sobretudo olhar para o problema com o foco sobre a vida, que é o que Maria Glória faria se estivesse viva”, conclui.

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Arte do protesto contra o feminicídio (Foto: Divulgação)
Arte do protesto contra o feminicídio (Foto: Divulgação)
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