Konsserto com K e S virou marketing certeiro de oficina desde 1996
Erro proposital em placa leva os fiscais da língua portuguesa "à loucura" e os curiosos para porta de Márcio
Quem anda apressado pela Rua Alagoas, esquina com Abrão Júlio Rahe, acha que leu errado a palavra "Konsserto", escrita com K e dois S. O erro proposital na grafia leva os "fiscais da língua portuguesa" à loucura e inúmeros curiosos à porta da oficina que arruma eletrodomésticos. No final, a placa foi o maior acerto do pai do dono, Márcio Borges Saad, e virou o melhor marketing desde que foi colocada na parede do local em 1996.
RESUMO
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Uma placa escrita "Konsserto de eletrodomésticos", com K e dois S, chama a atenção na Rua Alagoas, em Campo Grande, desde 1996. O erro proposital foi ideia de Ivan Mansur Saad, pai do atual proprietário, Márcio Borges Saad, e virou um sucesso como estratégia de marketing. O trocadilho "traz aqui que a gente conserta" se tornou marca registrada da família, que mantém a tradição de consertos há três gerações. A oficina, fundada por Ivan após sua aposentadoria, é hoje administrada por Márcio e seu filho, Ivan Rocha Saad. Eles consertam eletrodomésticos como ventiladores, secadores e micro-ondas, com destaque para a manutenção anual de ventiladores, que evita problemas futuros. A loja, que funciona de segunda a sexta-feira, mantém a estrutura simples de 1996, preservando a história e o legado da família.
O proprietário ri ao ser perguntado sobre o motivo e explica que tudo foi culpa da mente genial do pai, Ivan Mansur Saad.
“Ele viu uma placa aleatória com o nome errado em outra cidade, mas com o erro de verdade, e resolveu fazer igual, só que de propósito. Quando as pessoas passavam e diziam que estava errado, ele falava: ‘traz aqui que a gente conserta’.”
O trocadilho virou marca registrada. As pessoas que passavam pela rua na década de 90 zoavam, mas todo mundo lembrava do que virou um slogan da família. “Foi certeiro. Até hoje o povo fala da fachada. É o nosso chamariz”, afirma Márcio, com orgulho.
Desde que o pai faleceu, há 5 anos, o local está igual: inúmeros fios nas prateleiras, eletrodomésticos espalhados e muitas ferramentas. O espaço é humilde e quase se esconde no bairro, que já cresceu mais do que a porta da loja. Até a estrutura do toldo lá fora é de 96.
A oficina nasceu de uma ideia simples de Ivan depois que se aposentou. Márcio trabalhou com ele desde os 10 anos, em diferentes ramos. Foi ainda jovem que aprendeu, fuçando e com os ensinamentos do pai, a mexer com os eletrodomésticos.
O negócio conquistou e tem sido o sustento de Márcio há quase 30 anos. A tradição de “consertar com K” passou de pai para filho e agora chega à terceira geração, com o neto batizado com o mesmo nome do avô, Ivan Rocha Saad.
Márcio conta que os dois mexem com a parte elétrica de objetos como ventiladores, secadores, micro-ondas e airfryers, e que o filho tem trabalhado bem mais que ele devido a problemas de saúde e a um acidente de moto.
“Ele já tinha isso aqui e resolvi vir. Mexia com manutenção, TV e ar-condicionado. Aprendi sozinho, trabalhei desde os 10 anos com meu pai, mexendo com móveis usados, depois padaria, lanchonete. Fui aprendendo. Ele falava para eu aprender a fazer de tudo. Meu avô ensinava meu pai a consertar máquinas. Aí fui aprendendo e ensinei meu filho.”
Ivan “neto” comenta que não chegou a fazer nenhum curso também, mas que aprendeu na rotina, desde criança, com a família. Embora não fale muito, ele comenta que o eletrodoméstico que mais gosta de mexer é o micro-ondas, pela facilidade.
“É rápido, uns 40 minutos e fica pronto, já sei o que é. O que demora mais são os ventiladores: a bucha e o rolamento são os vilões. A faixa de conserto de ventilador é R$ 50, e é o que mais aparece junto com o secador”, explica o jovem técnico.
Ele alerta que a manutenção dos ventiladores precisa ser feita todos os anos para evitar problemas, e que muita gente não se atenta a isso. A oficina funciona das 7h às 11h30 e das 13h às 17h, de segunda a sexta.
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