Luís escreveu livro para puxar a orelha de pais com filhos autistas
Com sinceridade e afeto, autor fala sobre o peso, a ausência e o amor na criação de um filho com TEA

“Este não é um manual técnico. É uma mão no ombro. Uma conversa honesta de pai para pai, com amor, respeito e verdade.”
RESUMO
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Luis Andrade, produtor audiovisual e pai de um jovem autista, lançou o e-book "Manual de Sobrevivência do Pai de Autista". A obra busca conscientizar homens sobre suas responsabilidades na criação de filhos neurodivergentes, tema frequentemente negligenciado por pais que se afastam após o diagnóstico. O livro foi inspirado em sua experiência com o filho Luís Felipe, 22 anos, diagnosticado com autismo nível um de suporte. Atualmente cursando Biologia, o jovem enfrenta desafios na interação social, apesar do desenvolvimento acadêmico. A obra aborda desde o diagnóstico até o cotidiano, servindo como guia para famílias de autistas.
É assim que o produtor audiovisual e pai de um jovem autista, Luís Andrade, define a jornada de ajudar os homens a encarar os desafios e responsabilidades com os filhos que têm o espectro. Para quebrar o tabu e reconhecer o peso que eles deixam recair sobre as mulheres quando se tem um filho neurodivergente, ele escreveu o e-book “Manual de Sobrevivência do Pai de Autista”.
O livro nasceu da convivência com o filho Luís Felipe Cuevas, ou Pipo, hoje com 22 anos, e da necessidade de dar m puxão de orelha nos homens.
Em um cenário onde a maior parte das narrativas sobre o autismo se apoia nas experiências maternas e no discurso clínico, a obra de Luis é um registro íntimo que buscar acolher pais que, muitas vezes, não lidam bem com o diagnóstico e fogem da responsabilidade.
“Durante anos, vi relatos de mães solo criando seus filhos atípicos sem apoio, em todas as classes sociais. O homem costuma se acovardar. Mesmo os que ficam, muitas vezes não encaram a realidade. Eu me incluo nisso”, confessa.
“Olhando para trás, eu vejo que não fui o melhor pai do mundo. Que eu poderia ter ajudado mais, apoiado mais meu filho, minha esposa e a família toda.” Segundo ele, foi daí que veio a vontade de falar sobre esse personagem que quase nunca tem voz, não porque não dão chance, mas porque não se envolvem.
A trajetória de Luis e da esposa, Vânia Cuevas, começa com o nascimento de Pipo, o segundo filho do casal. Aos 13 meses, o menino parou de balbuciar, deixou de responder ao nome e não mantinha contato visual.
“Fomos investigar a audição, mas ele ouvia perfeitamente. Foi aí que ouvimos do otorrino, pela primeira vez, a palavra ‘autismo’. Aí você sente o chão sumir debaixo dos pés. Ele indicou uma neuropediatra, um anjo na vida do Pipo".
Segundo Luís, ela viu muitos sinais do transtorno, mas naquela época não havia diagnóstico para a idade dele.
"A indicação era que ele começasse a psicoterapia, independente do diagnóstico. Foram noites em claro, muito choro. Ele evoluiu bastante com as terapias. Com muita dificuldade, conseguimos bancar, mas, infelizmente, não é a realidade da maioria.”
A experiência que Luis teve não é a mesma que os pais com filhos autistas têm hoje. “O Pipo foi diagnosticado autista nível um de suporte. Naquela época se falava em síndrome de Asperger, mas não se usa mais essa nomenclatura. Algumas pessoas chamam o nível de autismo leve, mas também não se usa mais essa expressão. De leve não tem nada.”
O Pipo está no oitavo semestre de Biologia e sempre teve hiperfoco em seres vivos no geral, mas especialmente em dinossauros. O problema, segundo o pai, é a dificuldade de interação social que o jovem tem.
“Ele sofre muito, não consegue fazer amizades, não consegue se incluir nos grupos. Isso é um problema sério que pode levar a uma depressão profunda. Dificulta também o seu desenvolvimento pessoal, profissional e sentimental. Minha esposa estudou Psicologia, lutou e luta com unhas e dentes. Acho que escrevi esse livro inspirado nela e para compensar um pouco o que eu não fiz.”
O livro fala desde o diagnóstico até o dia a dia e pode ajudar tanto a família a entender como lidar com os filhos neurodivergentes quanto servir como um bate-papo de quem já passou pelos desafios da paternidade. O livro está disponível neste link.
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