Antes fazenda, bairro na região Norte se transforma com novos condomínios
Expansão atrai construtoras e fortalece comércio, mas moradores pedem atenção à drenagem e infraestrutura
Com população estimada em 24,8 mil habitantes, a Vila Nasser, bairro da região do Segredo em Campo Grande, vive um período de crescimento intenso. O cenário é de obras por todos os lados. Em apenas duas quadras da Rua Catarino de Almeida Barbosa, a reportagem identificou ao menos 13 imóveis novos, erguidos atrás de dois condomínios que, juntos, somam cerca de 350 casas.
RESUMO
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A Vila Nasser, bairro com 24,8 mil habitantes em Campo Grande, experimenta intenso crescimento urbano. Em apenas duas quadras da Rua Catarino de Almeida Barbosa, foram identificados 13 novos imóveis, além de dois condomínios que somam 350 casas. O bairro se destaca pela infraestrutura completa, incluindo escolas, unidades de saúde, Centro Olímpico e alta concentração de idosos. A região atrai investimentos devido à proximidade com a UCDB, ampla oferta de serviços e aquecimento do mercado imobiliário, embora comerciantes locais apontem necessidade de mais estímulos ao desenvolvimento.
O presidente do Secovi-MS (Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul), Geraldo Paiva, afirma que o desenvolvimento urbano tem se intensificado em todas as regiões da cidade. “O aquecimento das atividades econômicas e o baixo índice de desemprego estão impulsionando novas obras em diversos bairros”, destaca.
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Ele ressalta que muitas construções são feitas com recursos próprios, o que demonstra a confiança dos investidores no mercado local. Ou seja, os empresários acreditam que vale a pena investir: o mercado imobiliário está aquecido, há demanda por imóveis e boas chances de retorno. “A Vila Nasser se destaca pela ampla oferta de serviços e comércios, capazes de atender à própria comunidade. Esse desenvolvimento tem atraído novas atividades econômicas e, consequentemente, gerado mais empregos”, completa.
A urbanização da região avança junto à ampliação de serviços públicos e privados. O bairro conta com escolas, lotérica, unidades de saúde, CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), praça, posto policial nas redondezas e até uma unidade do Kumon. Entre os espaços mais valorizados está o Centro Olímpico, ponto de encontro e lazer dos moradores.
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Conforme o último Censo do IBGE, a Vila Nasser também se destaca pela alta concentração de idosos. São 4.610 pessoas com 60 anos ou mais, ficando atrás apenas do Aero Rancho nesse indicador.
Na Rua Pocrane, dois condomínios residenciais já reúnem cerca de 350 unidades, um com 150 e outro com 200 apartamentos. Além disso, começou a construção de um novo condomínio vertical com 14 torres de oito andares, cada uma com 32 apartamentos, com acesso pela Rua Pocrane, próximo à Avenida Hélio Martins Coelho. A proximidade com a UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) também impulsiona o interesse por novos empreendimentos.
O técnico em eletrodomésticos Jaime Ferreira da Silva, de 53 anos, trocou o aluguel de R$ 800 por um terreno de 10 por 32 metros na Rua Catarino de Almeida Barbosa, via asfaltada, na Vila Nasser, onde construiu, com as próprias mãos, uma casa de quatro cômodos e mora com a esposa há cerca de 30 dias.
O financiamento foi feito em 240 meses, com entrada de R$ 15 mil e parcelas de R$ 1.078. “Vou dividir o espaço com meu filho e minha neta de 5 anos”, conta Jaime. Ele afirma ter escolhido o bairro pela expansão e valorização dos imóveis. “O bairro é bom, tem fácil acesso e os novos loteamentos estão valorizando ainda mais a região”, diz. Na mesma rua e no entorno, também vivem parentes que se mudaram recentemente.
Lazer e qualidade de vida - Há moradores novos, mas também muitos antigos que acompanharam o desenvolvimento da região. Vivendo há 40 anos no bairro, o pedreiro aposentado Cícero Bispo da Silva, de 67 anos, viu a Vila Nasser se transformar. “Aqui era uma fazenda”, relembra, apontando para a rua ao lado do Centro Olímpico, onde fazia exercício. “Aqui mudou muito. Trabalhei até na construção da escola”, conta, orgulhoso.
Na manhã nublada da última terça-feira, Cícero caminhava pela pista de atletismo enquanto os netos gêmeos de 5 anos brincavam. “É bom demais viver aqui”, afirma. Ele lembra que o espaço esportivo sempre existiu, mas era descuidado. “Agora está bonito, bem cuidado. É o melhor lugar do bairro”, resume.

Outro apaixonado pelo local é Valdinei Faria Cardena, de 41 anos, que nasceu e cresceu na Vila Nasser e hoje trabalha com serviços gerais no Centro Olímpico. “É uma maravilha morar e trabalhar aqui. Tem academia, balé, treinos do Corpo de Bombeiros e do Operário. Melhorou muito nos últimos anos e é muito frequentado, principalmente à tarde”, conta.
Antes caminhoneiro, Valdinei perdeu as pernas em um acidente na Serra de Maracaju, em janeiro de 2023. “Minha vida mudou completamente. Ganhei uma nova vida, com ritmo diferente”, diz.
Frequentadora assídua do parque, a eletricista Cristiane Izabel dos Santos, de 48 anos, mora no bairro há 32 anos e começa todos os dias fazendo atividades físicas. “Venho aqui todos os dias”, afirma. Moradora da Rua São Lucas, ela lembra das melhorias que presenciou. “Hoje tem asfalto na frente da minha casa, antes não tinha. O Centro Olímpico é o grande destaque do bairro. Meu esporte é aqui”, diz.

Comércio em crescimento - O comércio local também acompanha o avanço urbano, embora ainda enfrente desafios. Morador da região desde 1994, João Daniel de Souza, de 56 anos, mantém há quatro anos uma loja de materiais de construção no Jardim Mooca, na grande Vila Nasser. Ele mora no sobrado e a loja funciona no térreo. “A região está se desenvolvendo bem, com novos loteamentos e condomínios. Devagarinho vai crescendo, e acredito que o desenvolvimento ainda vai avançar mais”, avalia.
Ele reconhece que as vendas estão um pouco desaquecidas, mas aposta na retomada. “Aqui tem de tudo, casa lotérica, supermercado, o Centro Olímpico com várias atividades. O morador evita ir ao Centro, quer resolver tudo perto de casa, o que ajuda o comércio local”, explica. Mesmo assim, João Daniel destaca a necessidade de melhorias na infraestrutura.
“Quando chove, alaga tudo. Fizeram drenagem, mas não é suficiente para captar a água”, reclama. Morador da Rua Maria Conti, ainda sem asfalto, ele acredita que o interesse por investir na região cresce com as facilidades de financiamento. “Os terrenos parcelados incentivam as pessoas a comprar e os construtores a investir. Para o meu setor, o comércio aqui tem muito potencial”, conclui.
Sobre a questão da rede de escoamento de água citada pelo morador, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que irá verificar o sistema de drenagem e fazer a limpeza, para evitar novos alagamentos.

Morador do bairro há 24 anos, Enéas Andrade de Castro, 55 anos, mantém a Ótica Brilho no Olhar há três anos, na Rua Antônio de Moraes Ribeiro, e precisou diversificar para manter o negócio familiar. “Os custos aumentaram muito. Precisei buscar outras atividades para ajudar”, conta. Além da ótica, ele é professor e dá aulas três vezes por semana no período da tarde.
Enéas acredita que o comércio local tem muito potencial, mas precisa de mais estímulos. “Seria importante trazer eventos e ações que movimentem o bairro. O potencial é grande, mas o momento ainda não está tão favorável”, avalia. A ótica foi montada para atender a comunidade, oferecendo encaminhamentos médicos a preços acessíveis, além de conserto de óculos e relógios. “A ideia é trazer comodidade para os moradores, mas sentimos falta de um olhar mais atento ao comércio local”, afirma.
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