Sem fachada e com freguesia fiel, barbearia sobrevive há 30 anos
Sem letreiro, mas cheia de história, salão é ponto conhecido entre moradores do bairro

Quem não conhece passa direto. Já quem mora no Bairro Maria Aparecida Pedrossian sabe exatamente onde fica. Sem placa, sem letreiro e sem fachada chamativa, uma barbearia discreta segue funcionando há três décadas em Campo Grande, sustentada apenas pela confiança dos clientes e pela história construída ao longo do tempo.
RESUMO
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Em Campo Grande, uma barbearia sem fachada ou letreiro resiste há três décadas no Bairro Maria Aparecida Pedrossian. O estabelecimento é comandado por Braz Avalcyr Cirbeta, de 56 anos, que aprendeu o ofício com o sogro Aparecido, iniciando uma tradição familiar. A história começou nos anos 90, quando o sogro apostou na capital sul-mato-grossense. Hoje, Braz trabalha ao lado do filho Lucas, de 31 anos, mantendo viva a tradição que já alcança três gerações. O estabelecimento conserva até mesmo a primeira cadeira de barbeiro comprada pelo sogro, considerada uma relíquia familiar.
O responsável é seo Braz Avalcyr Cirbeta, de 56 anos, barbeiro há 34. O ofício entrou na vida dele quase por insistência do sogro, Aparecido, que já cortava cabelo no interior do Paraná e acabou sendo o ponto de partida de uma tradição familiar que hoje chega à terceira geração.
“Eu era bancário, nunca tinha pensado em cortar cabelo. Foi meu sogro que falou pra eu fazer o curso e ir aprender. No começo eu não queria, achava que não tinha dom”, conta.
Aos 21 anos, depois de muita insistência, Braz se matriculou no Senac de Presidente Prudente. Na época, a turma estava lotada e a vaga só saiu porque alguém desistiu. “Se não fosse isso, talvez nem tivesse começado”, relembra.
Depois do curso, vieram as dificuldades. Sem clientela, ele abriu um pequeno salão, trabalhava à noite em uma danceteria para complementar a renda e contou até com o pai como freguês fixo. “Ele ia lá cortar cabelo só para ajudar, fazia questão de pagar”, lembra.
A mudança para Campo Grande aconteceu na década de 90, quando o sogro decidiu apostar as fichas na capital sul-mato-grossense, ainda em expansão. O primeiro ponto foi em um centro comercial na região do Santo Antônio, numa época em que o Pedrossian tinha pouco movimento.
“Era tudo vazio, o bairro estava começando. Minha sogra quase convenceu ele a voltar, mas ele insistiu para ficar mais um pouco”, detalha seo Braz.
A convite do sogro, o barbeiro veio definitivamente para Campo Grande em 1997 e passou a trabalhar ao lado dele. Alguns anos depois, o barbeiro mais velho decidiu abrir outro salão mais perto de casa e deixou toda a clientela com o genro. “Ele passou o ponto para mim, com cadeira, clientes e tudo. Não cobrou nada. Foi como um pai”, destaca.
O atual endereço, na Rua Arlencaliense Alves, já soma 19 anos e segue sem placa na fachada. “Uma vez, no antigo salão, antes de vir para Campo Grande, a fiscalização disse que se eu tivesse letreiro teria que pagar taxa de publicidade. Nunca mais escrevi nada. E não fez falta”, diz.
Mesmo com o surgimento de várias barbearias na região, o salão continua movimentado. Clientes que cortavam o cabelo ainda crianças hoje aparecem com os filhos. “Tem menino que eu colocava no banquinho de criança pra cortar. Hoje o cara chega barbado, com o filho no colo. Isso acontece direto”, conta.
Um dos maiores símbolos dessa história é a cadeira antiga, herdada do sogro e usada até hoje. “Foi a primeira cadeira que ele comprou quando começou. Está aqui desde sempre. É uma relíquia”, relata.
E a tradição que começou há décadas com o sogro segue viva e agora se renovou com a chegada do filho, Lucas de Souza, de 31 anos, que trabalha com o pai há 11. “Meu pai foi minha inspiração. Lembro que quando comecei com ele, barbearia ainda não era moda. Depois virou febre, mas aqui sempre foi do mesmo jeito”, afirma Lucas.
Para ele, o diferencial está na relação construída ao longo do tempo. “Tem cliente que vem de fora só porque alguém falou para ir no Braz. Cliente que ele cortou o cabelo do pai, do filho e agora do neto. Isso é muito legal de ver”, conta.
Hoje, pai e filho dividem o espaço simples, que resiste às modas e às fachadas modernas. “Não é sobre ser melhor que ninguém. É sobre história”, resume Lucas.
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