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Comportamento

Tem um portão na Júlio de Castilho que abre para um bar sem frescura

Quem passa pela avenida nem percebe, mas portão comum é passagem para boteco simples e de muita tradição

Por Clayton Neves | 23/07/2025 08:16
Tem um portão na Júlio de Castilho que abre para um bar sem frescura
Aos 79 anos, Cleide segue atendendo clientes de domingo a domingo. (Foto: Osmar Veiga)

Quem passa apressado pela Avenida Júlio de Castilho talvez nem desconfie do que existe atrás daquele portão simples, sempre entreaberto. Sem letreiro chamativo ou fachada que pareça convidar, ele guarda um segredo: o Bar Boa Esperança.

RESUMO

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O Bar Boa Esperança, localizado na Avenida Júlio de Castilho, é um estabelecimento tradicional que opera desde 1988 sob a gestão de Cleide Nakano, de 79 anos. Sem letreiro ou fachada chamativa, o bar se destaca pela simplicidade e pela fidelidade de seus clientes, que buscam um ambiente tranquilo e acolhedor.Cleide, que começou sua trajetória em uma mercearia em São Paulo, mantém uma rotina intensa, atendendo diariamente das 7h30 às 21h. Apesar das dificuldades, incluindo a perda do marido em 2020, ela continua firme à frente do bar, que oferece bebidas e petiscos a preços acessíveis. O local é considerado um refúgio para trabalhadores da região, que apreciam a atmosfera familiar e a ausência de confusões.

Ali funciona um boteco já com memória e clientes fiéis. Desde 1988 no mesmo endereço, é tocado por uma mulher que resiste com uma força silenciosa e diária.

Dona Cleide Nakano tem 79 anos e uma rotina que só os fortes seguram. Desembarcou em Campo Grande em 1982, depois de muitos anos atrás do balcão de uma mercearia em São Paulo.

“Lá era mercearia, vendia de tudo. Vim embora para cá e abri o bar ainda em 1983, em frente à escola Maria Constança, na Marechal Rondon”, lembra.

Cinco anos depois, cruzou a cidade e fincou o balcão na Júlio de Castilho. Desde então, não parou. Nem quando perdeu o marido, Carlos, em 2020. Agora, comanda tudo sozinha: da chapa ao caixa, do bom dia à saideira.

Tem um portão na Júlio de Castilho que abre para um bar sem frescura
Bar é escondido, não tem fachada e quase não se percebe em meio a Júlio de Castilho. (Foto: Osmar Veiga)

Dona Cleide toca tudo sozinha. Sua rotina é daquelas que espantam os preguiçosos e encantam os resistentes. “Abro de domingo a domingo, a partir das 7h30 da manhã. Meu alvará vai até 22h, mas fecho por volta das 21h quando os clientes vão embora”, detalha.

O tempo passa, o corpo cobra, mas ela continua. Está ali todos os dias, firme como o balcão que a sustenta há décadas. Serve, limpa, escuta, frita, organiza e ainda sorri. Não tem folga. Não tem revezamento. Só ela, o bar, os clientes e uma vontade teimosa de seguir.

“É cansativo, não vou mentir. Ficar atrás de balcão não é pra qualquer um. Mas eu continuo porque gosto, não consigo ficar parada em casa”, resume, com a sinceridade de quem já viu muita gente tentar e desistir.

Os filhos, um engenheiro e outro formado em Tecnologia da Informação, cresceram vendo a mãe nesse ritmo. Aprenderam ali, entre uma rodada e outra, o que era sacrifício. Foram criados e educados com o suor que escorria no calor do bar.

“Se formaram com dinheiro daqui. Nenhum deles quis continuar no bar. Os jovens não se animam mais com essa rotina”, conta, sem mágoa, mas com uma pontinha de nostalgia nos olhos.

Tem um portão na Júlio de Castilho que abre para um bar sem frescura
Boteco tem bebidas variadas e petiscos para acompanhar. (Foto: Osmar Veiga)

O bar, com seus 37 anos de história, é simples, mas cada canto guarda uma memória. Tem cerveja gelada, tira-gosto de linguiça, ovo cozido no sal grosso e cachaça com raízes mergulhadas em garrafões.

“Tem raiz que eu tenho há muitos anos. Uma delas meu filho trouxe da lua de mel, 20 anos atrás. A dose custa R$ 3”, conta dona Cleide.

E se alguém ousar duvidar da fidelidade da clientela, basta conhecer Paulo Roberto de Arruda. Aos 78 anos, ele é quase patrimônio do lugar. Freguês desde que os bancos do bar ainda eram novos, faz questão de aparecer e manter o ritual que já dura mais de três décadas.

“Aqui é bar raiz. Os mais novos não gostam porque é do tempo antigo, não tem barulho, não tem confusão. É como uma família. A gente chega, bebe, conversa, dá risada e vai embora em paz”, explica.

Tem um portão na Júlio de Castilho que abre para um bar sem frescura
Doses de cachaça e raizadas são vendidas por R$ 3. (Foto: Osmar Veiga)

Sem luxos ou badalações, o Bar Boa Esperança sobrevive como um refúgio para trabalhadores da região que procuram uma bebida honesta e um ambiente tranquilo no fim do expediente.

“Aqui nunca deu confusão e nem vai dar. Vem gente boa, só trabalhador, gente que vem depois do serviço, toma uma cerveja, conversa e vai pra casa dormir bem”, finaliza dona Cleide.

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