Para levar a periferia à UFMS, grupo estudará política com rap e funk
Reuniões começam em 6 de agosto e serão semanais, com debates a partir de músicas e textos de apoio

Letras de Mano Brown, MC Hariel, Bia Ferreira e Baco Exu do Blues vão ocupar as salas da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) a partir de agosto. Mas não em formato de show, e sim de estudo. É com a proposta de debater política a partir da arte produzida nas periferias que nasce o projeto de extensão "Da Quebrada à Universidade", com encontros semanais abertos ao público.
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O projeto "Da Quebrada à Universidade", coordenado pelo professor Daniel Estevão Ramos de Miranda e articulado pelos acadêmicos Du Mato e Guta Lima, visa debater política por meio da arte das periferias, utilizando letras de rap e funk. As reuniões ocorrerão semanalmente na UFMS, a partir de 6 de agosto, e são abertas ao público, com foco em estudantes periféricos. O grupo busca promover a inclusão e a pluralidade na universidade, criando um espaço de acolhimento e debate. Du Mato destaca a importância da educação como ferramenta de transformação social e a necessidade de dar voz à comunidade periférica. Para participar, os interessados devem contatar o projeto pelo Instagram @daquebradaauniversidade.
A estreia do grupo está marcada para quarta-feira, 6 de agosto, das 19h às 21h, nas salas do PPGAS (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social). A partir daí, as reuniões seguem todas as quartas, com um tema por encontro, sempre ancorado em uma música e um texto de apoio que serão disponibilizados uma semana antes.
Coordenado pelo professor Daniel Estevão Ramos de Miranda, doutor em política pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e docente da FACH/UFMS (Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o projeto também tem como articuladores os acadêmicos Du Mato e Guta Lima, ambos estudantes da UFMS e ligados à cena do rap local.
Segundo Du Mato, mais que um grupo de estudos, o projeto “Da Quebrada à Universidade” é uma convocação para ocupar, com voz e corpo, um espaço que historicamente marginalizou quem vem das bordas. “A partir do rap e do funk, a gente entende quem somos, nosso contexto social e político, e com isso pode construir mudanças, individuais e coletivas. A educação é uma dessas possibilidades”.
Além da proposta acadêmica, o grupo quer funcionar como ponte entre universidade pública e periferia e, segundo Du Mato, esse é o coração do projeto. Ele explica que a ideia surgiu após andanças e palestras nas escolas públicas na periferia de Campo Grande.

Por eu ser uma pessoa da periferia que estuda em universidade pública, já fui convidado por algumas escolas para palestrar sobre a importância de jovens periféricos ingressarem na universidade pública e como a educação pode ser um instrumento de transformação social. A partir dessas palestras, percebi que a maioria dos estudantes não tem uma informação clara e correta sobre a possibilidade de estarem lá como estudantes universitários. A ideia nasceu dessas experiências”, conta o acadêmico de Ciências Sociais.
A experiência o motivou a criar um espaço de acolhimento e debate voltado para quem, geralmente, é deixado de fora das salas universitárias. “É aberto para toda a comunidade externa à universidade, mas o nosso público-alvo são pessoas periféricas que queiram estudar com a gente. Não é pré-requisito estar estudando ou ter terminado o ensino básico".
Além da proposta educativa, o grupo também carrega um projeto político: o de tornar a universidade mais plural e acessível. “Acreditamos que a universidade deve servir à periferia com o conhecimento e a ciência que ela produz. Nosso objetivo é também construir um sentimento de pertencimento do periférico à universidade pública”, reforça.
E isso será feito a partir de artistas que, em sua obra, traduzem os dilemas e vivências das periferias, favelas e ocupações. "O rap e o funk são manifestações artísticas que não estão desassociadas do contexto político, social e econômico de quem as produz. Elas possibilitam que a sociedade periférica tenha voz por meio dessa arte e possa participar da política, reorganizando as estruturas sociais a partir do nosso próprio contexto", explica. “Vamos estudar músicas de Racionais, Bia Ferreira, MC Hariel, Baco Exu do Blues, GOG, entre outros", complementa Du Mato.
Para participar, é necessário entrar em contato com o projeto pelo Instagram do projeto, @daquebradaauniversidade. “Vamos usar o Insta para organizar a quantidade de participantes e escolher o tamanho da sala. Quem entrar em contato por lá vai ser adicionado ao grupo de WhatsApp, onde estarão todas as informações”, explica Du Mato.

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