Bate-volta tem onça, ariranha e muita natureza em 3h no Salobra
Navegar pelo Pantanal sul é uma experiência acessível a 207 quilômetros da Capital

Quem acha que só em Corumbá dá para sentir o que é o Pantanal é porque ainda não descobriu a grandeza do Rio Salobra, em Miranda. Em um passeio de pouco mais de 3 horas, surgem lontras, jacarés, ariranhas, capivaras, bandos de pássaros de diferentes tons e tamanhos, peixes e, com um pouco de sorte, até onças-pintadas. Para quem sai da Capital, a viagem compensa e o rio entrega beleza sem fazer esforço. Navegar no Salobra é uma surpresa e, melhor, acessível.
RESUMO
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O Rio Salobra, em Miranda (MS), oferece uma experiência única de turismo no Pantanal, com passeios de barco que revelam uma rica fauna, incluindo lontras, jacarés, ariranhas e diversas espécies de aves. O guia local Nadir Silva, de 51 anos, conduz visitantes em trajetos de três horas, destacando a beleza das águas claras e a vegetação típica do bioma. O passeio, que custa R$ 200 por pessoa, pode ser realizado pela manhã ou à tarde, com saída da cidade de Miranda, localizada a 207 quilômetros de Campo Grande. Apesar dos impactos das queimadas de 2024, que afetaram principalmente a população de macacos, o rio mantém sua biodiversidade e continua sendo um importante destino turístico da região.
A experiência começa na casa do guia local Nadir Silva, de 51 anos. Morando à beira do Rio Miranda, ele passa os dias navegando com turistas pelos encantos escondidos em cada cantinho do trajeto. Para ele, o rio se transforma na própria vida dele, tudo o que Nadir é. Assim que o barco pequeno parte da margem, ele mostra o encontro dos rios Miranda e Salobra e explica a diferença na paisagem dos dois.
Feliz de ver os olhos atentos de quem embarca, Nadir observa a cara de espanto quando a cor do Salobra aparece. O barro do Miranda dá espaço a águas mais claras e vegetação típica do bioma pantaneiro.
Nadir sabe de tudo, desde as plantas em volta do rio até onde estão os animais que se camuflam na vegetação. Nos últimos tempos, ele tem recebido inúmeros turistas estrangeiros e, mesmo não sabendo falar inglês, o recado sempre é dado, não só por ele, mas pelo próprio Salobra.
A bordo do pequeno barco, com capacidade de até 6 pessoas, Nadir aponta uma das protagonistas dos céus por lá, a garça-moura. Na lista de pássaros avistados estão o socó-boi, socó-dorminhoco, jaçanã ou cafezinho, gavião-belo e o martim-pescador, grande e pequeno. Aliás, para os amantes do Bird Watching, o Salobra é um recanto cheio de espécies. Para quem não é profissional, mas adora ver mais de perto as aves, vale a pena investir em binóculos.
Ali, o relógio para para observação sem pressa. Isso é uma das coisas que torna a visita marcante. Aos poucos as ariranhas se mostram e até lontras “enroscadas” em troncos de árvore dá para avistar. De repente Nadir anuncia um filhote de jacaré. É preciso atenção para encontrar ele em meio às plantas.

“Isso aqui sou eu. É a minha vida. Eu explico que o Salobra é uma comunidade com lugares para você pescar, fazer passeios, tomar banho de rio e ter uma vida em contato direto com a natureza. Ainda mais na correria da cidade, as pessoas precisam disso. O Salobra é isso, é sair do seu habitat e entrar um pouco na sua essência. Todos precisamos desse contato, não tem jeito”, comenta Nadir enquanto pilota.
Ele também explica a etimologia de algumas palavras que derivam do tupi-guarani.
“Os nomes dos bichos têm muita descendência do tupi-guarani, como jacutinga. Tinga quer dizer pequeno, então jacu pequeno. A espécie de jacaré que nós temos aqui é o jacarétinga, ou seja, jacaré pequeno. Aí temos o piauçu. Açu é grande.”
No final do passeio, Nadir deixa os turistas livres para aproveitar a parte do rio indicada para banho, onde a água é ainda mais clara. A escolha é para que o grupo se sinta seguro e veja, caso algum animal passe pelo local. No geral, o mergulho é a cereja do bolo. Já dá para ticar na lista de desejos 'nadar no Pantanal', no caso, a parte sul do bioma no Estado.

Cadê os macacos do Salobra?
Durante o passeio, Nadir lamenta que as queimadas do ano passado tenham mudado um pouco o cenário da vida animal. Antes dos incêndios era comum avistar macacos nas árvores à beira do rio. Agora, eles quase não aparecem. As cenas da destruição estão frescas na memória do guia.
“Os que não morreram queimados morreram com a inalação de fumaça. Então, a gente enxergava macaco morto, veado em carne viva tomando água e onça com as patas em carne viva também. As consequências das queimadas são muito grandes, não só para nós, humanos, que necessitamos da natureza, mas para os animais. O tuiuiú constrói o ninho próximo de onde há alimento e leva o alimento ainda vivo para o filhote aprender a pescar. Se aquela árvore for queimada, ele vai ter que construir o ninho muito longe e não vai conseguir ensinar o filhote.”
No rio ainda há troncos queimados como lembrete do que aconteceu. Apesar do cenário triste de 2024, Nadir comemora a presença de ariranhas no rio.
“São um sinônimo de conservação. Ela só habita lugares preservados, então é bom para a gente que mexe com a natureza ver ela nos rios. Ela é chamada de onça dos rios. Quero fazer um turismo que faça com que outras pessoas venham até essa área, pessoas que tenham vontade de querer mudar.”
Como chegar ao Salobra e atenções necessárias
Para chegar ao Rio Salobra, primeiro será preciso ir até a comunidade batizada com o mesmo nome do rio. O local fica a 22 quilômetros da cidade de Miranda. Vamos do início. Se engana quem acha que é preciso um veículo próprio para viver a experiência. Dá para fazer parte do trajeto de ônibus.
Em Miranda, o jeito mais fácil de chegar à cidade é seguir pela BR-262. Saindo de Campo Grande, são cerca de 207 quilômetros. De carro o caminho dura cerca de 2h30 a 3h. Também há ônibus regulares para a cidade, com embarque na rodoviária da capital e chegada ao Terminal Rodoviário de Miranda. O valor da passagem está na faixa de R$100. As empresas que fazem o trecho são a Andorinha e a Expresso Mato Grosso do Sul. O trajeto dura 3h45.

Muita gente sai de Bonito e passa por Miranda para aproveitar a rota. De ônibus, o preço da passagem cai para R$ 56 pela empresa Cruzeiro do Sul. A viagem dura 2h30. Para quem optar por ir de carro, o percurso é de aproximadamente 140 quilômetros, em torno de 2 horas de estrada. As rotas são simples, mas vale sempre conferir as condições da pista antes de viajar.
Chegando a Miranda sem carro, será preciso contatar taxistas para chegar até o passeio, caso a empresa contratada não faça o serviço de translado da pousada até lá. Aqui, é preciso atenção: a cidade não tem aplicativo de corrida como Uber ou 99. Tudo o que é feito de carro precisará ser de táxi. Para escolher bem, vale ligar para pousadas e hotéis e pedir indicações confiáveis de motoristas.
Quanto ao passeio no Rio Salobra, o guia Nadir cobra R$200 por pessoa. São 3h embarcado, com opção de sair de manhã, às 8h, ou à tarde, às 14h. Cada horário tem suas vantagens e belezas. Nadir também faz o trabalho de transfer caso o turista não esteja com carro.
Além dele, a empresa Projeto Rio Salobra também realiza o passeio. No caso, o tour também contempla rota terrestre. O valor do investimento é de R$ 360 para adultos e de R$ 312 para crianças de 5 a 12 anos.
Confira a galeria de imagens:
São dois tipos de pacotes, o primeiro de manhã, que inclui café da manhã com chipa e café, passeio de carreta puxada por trator até o porto; trilha de 1km na mata ciliar; banho de rio, passeio de barco e almoço pantaneiro.
A segunda opção é feita na parte da tarde e começa com almoço, passeio de carreta, trilha, passeio de barco e lanche.
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