Tálita fez ensaio raspando cabelo para inspirar mulheres com câncer

Aos 36 anos, Tálita Peixoto Cabreira transformou um dos momentos mais temidos do enfrentamento ao câncer de mama, a perda dos cabelos, em um gesto de coragem. Mãe do pequeno Mateus, ela decidiu registrar em um ensaio fotográfico o dia em que raspou a cabeça, não apenas para guardar a própria história, mas para inspirar outras mulheres que passam pela mesma luta. “Eu queria conscientizar e mostrar que, mesmo na dor, existe força”, diz.

A trajetória começou em junho deste ano, quando Tálita recebeu o diagnóstico. O nódulo foi descoberto por acaso, durante uma brincadeira do marido, Fernando, que acabou percebendo algo diferente no seio dela. Na época, ela ainda amamentava o filho de 1 ano e 3 meses e acreditava que o incômodo era apenas reflexo da amamentação.

O impacto da notícia chegou acompanhado da dor da interrupção imediata do aleitamento. “O que mais me marcou nem foi saber que eu estava com câncer, mas ter que parar de amamentar da noite para o dia. Isso mexeu muito comigo”, lembra.

A partir daí, vieram os exames, as consultas e o início da quimioterapia. Tálita foi orientada a fazer 16 sessões e agora faltam apenas duas, previstas para terminar em dezembro. Apesar da fama dos efeitos colaterais, ela conta que quase não sentiu reações e surpreendeu o próprio médico pela resistência.

Mesmo assim, ela sabia que a queda de cabelo seria inevitável, principalmente quando entrasse na fase da chamada “quimio vermelha”, mais forte e mais agressiva.

Os fios começaram a cair só por volta da 12ª sessão, de forma gradual, mas suficiente para incomodar. Ela já esperava por isso e se preparava emocionalmente. Ainda assim, quando olhou no espelho durante o processo, sentiu a autoestima balançar. “Eu imaginava ficar careca, mas não imaginava ver aquela mulher. Era como olhar para outra pessoa”, conta.

Decidida a não deixar o medo dominar, marcou a raspagem e convidou a fotógrafa para registrar cada etapa. O esposo, a mãe e o filho estavam ao lado dela no dia do corte. “Foi emocionante demais”, resume.

O ensaio fez parte de um movimento maior. Tálita criou um perfil no Instagram para compartilhar a rotina do tratamento e oferecer apoio emocional às mulheres que enfrentam o câncer de mama. “Eu queria mostrar que não é fácil, mas que dá para seguir. Muitas mulheres não têm ninguém. Se eu puder ajudar pelo menos uma, já valeu”, avalia.

A cirurgia para retirada das duas mamas está prevista para fevereiro. A fé, segundo ela, é o que mantém seu caminho firme. Evangélica, Tálita afirma que prefere declarar todos os dias que já está curada. E quando fala isso, a convicção transparece. “Eu acredito muito nisso. Minha força vem do meu filho e de Deus”, relata.

“Hoje, a tecnologia está do nosso lado, tem muitos recursos. É difícil, eu sei, mas é possível enfrentar. Tenham fé, ergam a cabeça e sigam. Com apoio ou sem apoio, não desistam”, finaliza.

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