O ‘mato’ que você arranca do quintal pode até melhorar sua saúde
Em oficina sobre plantas não convencionais, dica é aprender a ir além do alface, tomate e couve
Sabe aquele “mato” que insiste em crescer no seu quintal e entre as calçadas? Talvez ele seja uma planta cheia de nutrientes e esteja indo direto para o lixo por falta de conhecimento. Para aprender como identificar e usar esse verde que faz tão bem para a saúde, um grupo de organizações sociais está sendo capacitado em Campo Grande. Aproveitando a chance, o Lado B traz essa história cheia de dicas para você.
Azedinha, taioba e cariru: já ouviu falar em algum desses nomes? Os três fazem parte das PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) de Mato Grosso do Sul, ou seja, os “verdes” que a gente pode comer, mas não encontramos em mercados ou em feiras. Justamente por serem não convencionais, não estarem no nosso cotidiano da alimentação, são desconhecidas pela maioria e, no fim das contas, são jogadas fora.
Para já exemplificar, a azedinha é uma boa fonte de fibras, ferro e vitamina C. No seu caso, por ter ácidos, deve ser consumida com moderação. A taioba, por sua vez, é rica em vitamina A, C, ferro, cálcio e fósforo (se parece com couve).
O cariru, também conhecido como língua-de-vaca, tem sabor suave e se assemelha ao espinafre. Sobre suas propriedades: é rico em antioxidantes, proteínas, cálcio, magnésio, potássio, zinco, enxofre e boro.
Responsável por ministrar a oficina para organizações sociais atendidas pelo Sesc em Campo Grande, a agricultora urbana Marcia Chiad explica que as PANC são rústicas, então brotam muitas vezes sozinhas. Como aparecem facilmente, o cultivo também não costuma ser difícil.
Por isso, acrescentar essas hortaliças no cotidiano ajuda no bolso (por poderem ser plantadas em casa e talvez já até estarem por aí, nos quintais), melhoram a saúde e ainda aumentam a variedade na alimentação.
“Na oficina, queremos disseminar esse conhecimento para que as pessoas aprendam a reconhecer as plantas e usar no cotidiano. Essas são plantas que soltam muitas sementes, não precisam de adubação como o alface e a couve, não demandam tanta irrigação e brotam no quintal’, descreve Márcia.
Então, se o hábito alimentar for mudando aos poucos, essas plantas que estão perto vão entrando no prato. Exemplos de receitas para inserir as PANCs não faltam na internet, mas para começar, Márcia cita que todas essas hortaliças podem entrar em farofas e aumentar o valor nutricional.
“Sempre falo que elas são tão generosas que insistem em estar do nosso lado. Às vezes, arrancamos o caruru e as azedinhas, mas elas voltam. Então, se tirarmos essa ideia de ‘mato’ e começarmos a pensar nelas como alimento, é um ganho grande”, defende a agricultora urbana.
Confira a galeria de imagens:
Na teoria e na prática
Gerente do Sesc Mais, Adriane Zadi, e a analista de desenvolvimento social, Tathiane Corrêa, explicam que as oficinas sobre PANCs integram um projeto que envolve a economia circular. Isso porque além de ensinar para as organizações sociais sobre as hortaliças, há também o incentivo da prática e pensamento de que agricultores e outros setores da sociedade devem ser atingidos.
“Nós sabemos que é necessária uma série de ações, então estamos primeiro atendendo as organizações com quem já trabalhamos, mas queremos expandir para aquelas pessoas que produzem. No futuro, quem sabe, restaurantes também serão capacitados. Vamos começar testando isso em casa, nos cardápios dos nossos restaurantes, e assim ir ampliando”, diz Adriane.
No calendário de ações do Sesc, as oficinas com as organizações contemplam ensinamentos sobre identificar as plantas, formas de plantio, desenvolvimento de receitas, tudo para auxiliar na melhora dos valores nutricionais da alimentação. Entre os destaques, a gerente comenta sobre como essas hortaliças abrangem o intuito de auxiliar na evolução dos índices alimentares de crianças, por exemplo.
Representando uma das organizações atendidas, a psicopedagoga do Sirpha - Lar do Idoso, Janeta dos Santos Rodrigues vem sendo capacitada e já até plantou algumas PANCs. “Futuramente, vai entrar no cardápio de alimentação dos idosos e melhor o valor nutricional dela. Por enquanto, estou plantando quantidades pequenas em casa para testar, mas no Sirpha vai ser bem maior”.
Em geral, Janeta conta que o cultivo é bem tranquilo e, em três meses, já está conseguindo colher algumas coisas. Agora, vai testar o cariru para fazer farofa e plantar novas opções.
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