Gê quer levar alegria do Zé Pereira para café com plantas no Centro
Empreendedora quer que pessoas consumam comida acessível, saborosa e se sintam acolhidas no local
Filha do bairro Zé Pereira, Geovana Cardoso, ou melhor, Gê Cardoso, como gosta de ser chamada, já passou por várias aventuras profissionais e se surpreendeu com os rumos que a vida tomou. Hoje, aos 48 anos e dona de um café na 13 de Junho, ela comemora ter vencido os obstáculos para “levar o bairro” a lugares onde os amigos e familiares não ocupavam. Primeiro pela distância, segundo pelo preço. A ideia é democratizar a comida.
RESUMO
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Gê Cardoso, aos 48 anos, transformou sua vida ao abrir o Café do Recanto em Campo Grande, após enfrentar desafios durante a pandemia que a forçaram a fechar seu salão de cabeleireiro. Com um cardápio diversificado que inclui opções vegetarianas e veganas, ela busca democratizar a comida, oferecendo pratos que refletem suas raízes e experiências, como bolinho de feijoada e lanches naturais. O café, que funciona de segunda a sábado, foi inaugurado em janeiro e já atraiu um público maior do que o esperado, com planos de realizar eventos como Happy Hour e feijoada aos sábados.
Nas mãos dela, as tranças deram lugar aos panos de limpeza e depois aos pratos originais que conquistaram o paladar de muitos. Para entender essa história é preciso voltar no tempo. Antes da pandemia de covid-19, ela era dona de uma salão de beleza no bairro localizado às margens de Campo Grande, lá era especialista em cabelos afros e tranças. Com a surpresa do cenário causado pelo vírus, foi preciso fechar as portas.
“Pandemia quebrou as nossas pernas, pinga daqui piga dali, comecei a fazer na casa das clientes, mas chegou momento que não dava para sobreviver. De onde eu venho, é um lugar que sou apaixonada que me lembra muito o Rio de Janeiro porque fica tudo aberto de domingo, é comércio, é moto, crianças. Eu trouxe o Zé para cá”.
Sem ter emprego, Gê foi convidada para ser auxiliar de limpeza na Casa de Ensaio da Capital. Depois de observar que o local não tinha cantina e os alunos queriam lanchar no lugar, resolveu propor ao dono um negócio. A ideia deu certo e o que era imaginação se tornou real.
Sem ser cozinheira profissional, mas com afinidade com a área desde pequena devido à mãe ter a criado assim, ela começou a fazer lanches naturais e cachorro-quente. O que ela não esperava é que muitas das crianças eram vegetarianas e veganas.
“Vi que nas apresentações lotavam, mas não tinha cantina. Comecei a servir sanduíche, fiz cachorro-quente e deu um bum. Fiz de cenoura e a criançada amou. Passei da limpeza para isso. Depois comecei a fazer lanche de produção e camarim. Aí passei para produção. Eu cozinhava porque vem da minha mãe. A gente sempre fazia essas comidas e grandes banquetes no Natal, Ano Novo, festas. Sempre estávamos na cozinha com ela".
Rumo novo, de novo
Ainda na área da alimentação, Gê fez dois eventos para o lugar onde agora é seu cantinho. O espaço, no Recanto das Ervas, já existia, mas estava desocupado. A empresária foi convidada para tentar deixar sua marquinha ali e resolveu fazer isso de um jeito próprio, levando as referências que tinha e buscando mudar o que existia até então.
Com cardápios acessíveis, a cozinheira quer oferecer combos para dividir com a galera, roda de samba para acompanhar o futuro happy hour e feijoada aos sábados.
A empresa Café do Recanto é feita com membros da família. Ao todo são quatro pessoas trabalhando de segunda a sábado. O espaço foi inaugurado no dia 11 de janeiro. Gê comenta que a estreia não poderia ter sido melhor, já que esperava por 50 pessoas e 150 compareceram.
“É um desafio muito grande estar aqui porque você começar a trazer certas carinhas para cá e isso desagrada um pouco, porque era para um certo tipo de público. Mas é muito legal isso do orgânico também e hoje tudo se encaixa, eu posso me encaixar".
De acordo com ela, o cardápio ainda não está completo, mas combos de outros lugares do mundo estão entre as opções, como o mexicano, que vem a guacamole, tortilhas e burritos. Já o árabe é composto por húmus, feito com grão-de-bico, e Baba Ganush, de berinjela. No prato acompanha ainda quibe de forno.
Na opção nacional, chamado de Brasileiríssimo, os bolinhos de feijoada são as estrelas, junto com pastéis variados. Todos eles saem a R$ 40 e servem duas pessoas ou mais.
“Queremos colocar comidas do cotidiano e nacionalidades. Como o bolinho de feijoada que eu trouxe a receita do Rio. Ela foi feita durante as olimpíadas e, quando eu comi, foi como mágica. Mordi e fiquei encantada, a gente testou até que saiu igual”.
Inclusão
Gê ressalta que quer incluir diversos públicos no espaço, por isso, o cardápio conta com pratos vegetarianos e veganos que vão desde caldos de abóbora com gengibre e canela, (receita original) a lanches naturais e tortilhas.
“Minha casa sempre estava cheia, na hora do almoço então piorou. Eu fiz esse caldo de gengibre na Casa de Cultura e desde então não pode mais faltar, pessoal adora. Quero que esse seja um lugar seguro para pessoas serem quem são sem medo, sem discriminação ou olhares tortos”. Ela estuda a possibilidade de trazer bolinhos de bacalhau para o lugar futuramente. Sucos e cafés também estão entre opções disponíveis.
O Café do Recanto funciona de segunda a sábado, das 10h30 às 19h. Às sextas, o fechamento acontece às 23h, devido ao Happy Hour. A feijoada completa de sábado custará R$ 40 para comer no local e R$ 30 para levar. O evento será realizado das 10h às 15h.
O local fica na R. 13 de Junho, 1592, Centro.
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