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Sabor

Paulo vende pães artesanais para não viver em ‘prisão de porta aberta’

Professor aposentado viu pais serem reféns do trabalho em padaria tradicional e decidiu mudar seu rumo

Por Aletheya Alves | 21/01/2025 07:23
Paulo vende pães artesanais para não viver em ‘prisão de porta aberta’
Edição do alimento rústico feito com cacau. (Foto: Divulgação)

Após dedicar a vida ao ensino de Biologia em Campo Grande, o professor aposentado Paulo Marques decidiu se voltar para a história da família e investir nos pães artesanais. Nesse caminho, uma preocupação se destacou: trabalhar com padaria era uma “prisão de portas abertas”, como ele diz, para os pais e esse rumo precisava ser diferente.

Morando em uma chácara com sua esposa, Sara, Paulo levou a produção para casa e segue um ritmo controlado para desenvolver os pães especiais. Mas, quando a ideia surgiu, o ritmo seria bastante diferente.

Explicando melhor a trajetória, o professor aposentado detalha que a família é do interior de São Paulo e décadas atrás tinham uma padaria modelo. “Era outra pegada porque os fornos eram enormes, de pedra, com pás de 15 metros de comprimento. Imagina você abrir a padaria 365 dias, não ter um dia sequer fechado”.

Tomando esse cenário é que o padeiro resume que, dependendo do ritmo escolhido, fazer pães pode ser uma prisão.

Paulo vende pães artesanais para não viver em ‘prisão de porta aberta’
Pão de leite é receita tradicional repassada pelos seus pais. (Foto: Divulgação)
Paulo vende pães artesanais para não viver em ‘prisão de porta aberta’
Paulo participou de formação específica sobre fermentação natural. (Foto: Divulgação)

Em 2020, quando resolveu abrir sua própria padaria, a probabilidade de se desgastar era maior. E o desgaste realmente veio, mas de um jeito diferente.

Isso porque tudo estava pronto, mas a pandemia chegou e cancelou todos os planos. Paulo detalha que havia começado a produção na igreja e doava os pães, mas recebeu a sugestão da esposa para abrir um espaço.

Foi assim que o local presencial surgiu e realmente estava todo montado, mas precisou ficar para trás com a pandemia.

“Foi aí que decidi fazer só pães de resgate de emoções, aqueles de avós, que têm sentimentos. Montamos o que temos hoje com intuito de resgatar coisas bem feitas e com valor agregado”.

Na época em que seus pais tinham a padaria, a produção era variada e incluía desde o pão francês até o de fermentação natural. Na sua vez de entrar no ramo, Paulo decidiu focar em alguns específicos e que se diferenciam mais.

Da família, ele trouxe o pão de leite, que realmente é o mais vendido, e incluiu outras receitas que aprendeu no caminho. Seu cardápio também tem pães com cacau, de leite com coco e baguetes.

Paulo vende pães artesanais para não viver em ‘prisão de porta aberta’
Além de vender os pães, professor aposentado gosta de contar suas histórias. (Foto: Divulgação)
Paulo vende pães artesanais para não viver em ‘prisão de porta aberta’
Outra versão do pão de leite, desta vez recheado com coco. (Foto: Divulgação)

Para se aprofundar, foi até a escola de culinária Le Cordon Bleu para melhorar nas técnicas de fermentação.

E, hoje, a padaria física ficou só na memória como história da família e uma tentativa que não chegou a ganhar ritmo. “Eu faço os pães na minha casa, de forma planejada para não ficar refém e muito cansado. Sempre falo que acho que tem dado certo porque gosto de contar as histórias dos pães, como eles são feitos e assim a pessoa sabe o que está comendo”.

Para completar, o professor aposentado também aprendeu sobre vinhos, azeites e queijos, então conversar com o padeiro é ter a oportunidade de levar os pães para casa e ainda receber orientações para harmonizar.

Aos que ficarem interessados, Paulo e Sara participam da Feira do Bosque da Paz e também recebem encomendas pelo número (67) 99901-2022.

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