Articulação global de indígenas critica falta de diálogo na COP30
Representantes criticam monetização da natureza e cobram garantias contra exploração de minerais
Representantes indígenas de várias partes do mundo demonstraram insatisfação com o texto final da COP30 (Conferência do Clima da ONU), realizada em Belém (PA). O Caucus Global Indígena, grupo internacional que acompanha as negociações climáticas, criticou o documento e a falta de diálogo com a organização.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Entre as vozes brasileiras está a sul-mato-grossense Taily Terena, do povo Terena, que integra a articulação global. Ela afirma que os povos originários não foram ouvidos na construção do texto e que o protagonismo internacional assumido pelo Brasil não se refletiu no processo de negociação.
Ela afirmou que havia muita expectativa por conta do protagonismo do Brasil na diplomacia mundial. Além de sediar a COP, o país tem a maior região da Floresta Amazônica do mundo e mais de 300 povos indígenas. No entanto, essa posição não foi refletida no texto final, que teve seu esboço divulgado na sexta-feira.
Taily afirmou à Agência Brasil que os povos indígenas não foram incluídos nos diálogos com a presidência da COP e que o TFFF (Tropical Forests Forever Facility - Fundo Florestas Tropicais para Sempre) não representa uma solução, mas a monetização da natureza, oferecendo recursos insuficientes e inacessíveis devido às inúmeras regras. Segundo ela, o ideal seria que o financiamento chegasse diretamente às comunidades, sem intermediários.
Outro ponto sensível é a ausência de garantias firmes para impedir a exploração mineral dentro dos territórios indígenas, especialmente no caso dos chamados minerais críticos, hoje centro de disputas geopolíticas.
Apesar das críticas, Taily reforça que a mobilização indígena não se encerra com a COP30 e que a luta por espaço nas decisões climáticas segue. “A gente já sabe que tem algumas travas, a gente também não está na melhor situação na geopolítica, mas uma coisa que eu aprendi com os nossos mais velhos é que a nossa luta não termina agora”, destacou.
Presença histórica - A COP30 registrou participação recorde de povos originários e comunidades tradicionais. Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, mais de cinco mil indígenas estiveram presentes no evento em Belém. Desse total, 900 tiveram acesso à Zona Azul, área onde ocorrem as negociações oficiais entre os países.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.


