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Meio Ambiente

Com cenário 'apocalíptico' em MS, psicóloga explica medo das mudanças climáticas

Ecoansiedade é o termo usado para traduzir o sentimento de preocupação crônica com meio ambiente

Por Natália Olliver | 05/09/2024 13:29
Ecoansiedade, termo usado para traduzir o medo crônico com meio ambiente e catástrofes ambientais (Foto: Juliano Almeida)
Ecoansiedade, termo usado para traduzir o medo crônico com meio ambiente e catástrofes ambientais (Foto: Juliano Almeida)

Mudanças drásticas de temperatura, índice de umidade cada vez menores e a presença constante de fumaça causada por incêndios têm tornado o cenário em Mato Grosso do Sul quase uma cena de um filme ‘apocalíptico’. O panorama, que tende a piorar, além de causar danos físicos, também pode impactar a saúde mental causando preocupação crônica.

O que muitos não sabem é que esse sentimento tem nome, chama-se ecoansiedade, termo usado para traduzir o medo crônico com meio ambiente e catástrofes ambientais. A psicóloga Cristiane Lang explica que a interconexão entre o ambiente e a psique humana está se tornando cada vez mais evidente à medida que os efeitos das mudanças climáticas se intensificam e afetam a vida cotidiana.

“Com o aumento da frequência e intensidade de desastres naturais, como incêndios florestais, enchentes e ondas de calor, muitos indivíduos experienciam uma sensação constante de apreensão em relação ao futuro. Essa forma de ansiedade pode se manifestar como uma preocupação crônica com a degradação ambiental”.

Entre os sintomas sentidos por quem desenvolve a ecoansiedade estão a insônia, dificuldade de concentração e estresse prolongado. Além da sensação de impotência diante da magnitude dos problemas ambientais, que contribuem com a angústia psicológica.

Segundo a profissional, o sentimento de desesperança e a sensação de que pouco pode ser feito para reverter a crise climática estão contribuindo para um aumento nos casos de depressão.

“A percepção de que a degradação ambiental é irreversível e a falta de progresso significativo em nível global podem gerar um sentimento de desamparo. Esse quadro é agravado pela exposição contínua às notícias negativas e pela sensação de que esforços individuais são insuficientes para promover mudanças substanciais”, pontua Cristiane.

Ela acrescenta que algumas pessoas se sentem tão tristes com o cenário que chegam a sentir a dor de um luto. O quadros são mais percebidos naquelas que possuem alguma conexão emocional maior com o meio ambiente e recursos naturais.

“O luto ecológico para muitas pessoas, a destruição de ambientes naturais e a extinção de espécies geram uma profunda tristeza, o que exacerba a sensação de perda. Indivíduos que se sentem responsabilizados por suas escolhas e pela própria pegada de carbono podem experimentar uma sensação de culpa e sobrecarga emocional, especialmente quando as mudanças necessárias parecem além do controle pessoal".

Incêndio no Vila Albuquerque nesta quarta-feira, em Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)
Incêndio no Vila Albuquerque nesta quarta-feira, em Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)

Diagnóstico - A psicóloga acrescenta que a ecoansiedade ainda não é reconhecida oficialmente como um transtorno clínico em manuais de diagnósticos como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), mas que o processo é semelhante ao de outros quadros de ansiedade.

“Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem avaliar sintomas e a relação emocional do paciente com questões ambientais para entender se a ansiedade está ligada ao medo das mudanças climáticas. O diagnóstico da ecoansiedade também se baseia no quanto essas preocupações afetam a vida cotidiana do indivíduo”.

Entre os impactos estão o prejuízo na capacidade de trabalhar ou estudar, no relacionamento com outras pessoas, especialmente se há um foco constante nas questões ambientais, na qualidade do sono e na alimentação. Além disso, a pessoa pode apresentar desinteresse em atividades que antes traziam prazer.

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