De peixinhos de brinquedo a Bioparque, biólogo realiza sonho de infância
Heriberto Gimênes transformou a paixão de garoto em profissão e hoje cuida de 40 mil animais aquáticos

Aos seis anos de idade, Heriberto Gimênes Junior, hoje com 38 anos, teve seu amor pelos peixes despertado quando os pais o colocaram em um tanque de lavar roupas cheio de água, com três peixinhos de brinquedo. Despretensiosamente, a brincadeira de criança tornou-se um sonho que ele realiza como biólogo curador do Bioparque Pantanal.
RESUMO
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Heriberto Gimênes Junior, biólogo curador do Bioparque Pantanal, descobriu sua paixão por peixes aos seis anos, quando brincava em um tanque com peixes de brinquedo. Ao longo da infância e adolescência, economizava dinheiro da merenda e transporte para investir em aquários, desenvolvendo especial interesse por cascudos. Após formação em Ciências Biológicas e mestrado em Biologia Animal, hoje lidera equipe de 19 profissionais no Bioparque Pantanal, responsável por 468 espécies e aproximadamente 40 mil animais. Participou do programa Biota MS em 2011, contribuindo para a definição das espécies que integrariam o aquário.
Nesta quarta-feira (3), celebra-se o dia do biólogo e Heriberto foi homenageado pelo Bioparque em uma cerimônia que relembrou sua infância. Depois da brincadeira com os peixinhos no tanque, que o encantaram, a relação de Heriberto com os peixes só cresceu.
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Aos oito anos, o presente de aniversário foi o primeiro aquário e, enquanto a festa acontecia, ele ficou olhando para os peixes, fixado, e não conversou com ninguém. “Foi até um problema para os meus pais”, brinca.
Na adolescência, a paixão já tomava forma de escolha profissional. Aos 12 anos, Heriberto improvisava piscinas e caixas-d’água cheias de peixes. O dinheiro da merenda e até da passagem de ônibus virava investimento em novos aquários.
“Eu guardava o dinheiro da minha merenda da escola e deixava de comer, economizava também o dinheiro do ônibus e ia andando até as lojas para comprar peixes. Foi assim por muitos e muitos anos”, recorda.
Entre tantas espécies, os cascudos chamaram mais atenção. “Eu coletava peixes próximo da minha casa, além daqueles que eu comprava. E eu sempre coletei cascudo e então nasceu essa minha paixão especial por essa espécie”.
Carreira - Em 2005, ingressou em Ciências Biológicas na Universidade Anhanguera Uniderp. No último ano, surgiu a oportunidade de atuar no Pará com pesquisadores especializados em cascudos, e assim Heriberto trancou a faculdade e passou um ano trabalhando na Amazônia, novamente com o apoio dos pais.

De volta a Campo Grande, concluiu o curso e fez mestrado em Biologia Animal na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), sempre em contato com aquários. “Trabalhei em lojas de aquário e gastava meu salário inteiro comprando novos peixes”, conta, entre risos.
Atualmente, no Bioparque Pantanal, lidera uma equipe multidisciplinar com 19 técnicos, entre biólogos, veterinários, químicos e engenheiros de aquicultura.
“Hoje a minha função é gerenciar toda essa equipe que cuida de todo esse acervo de peixes, não só da exposição (circuito externo), mas também da parte de pesquisa do Centro de Conservação. Cuidamos de 468 espécies, cerca de 40 mil animais que habitam o Bioparque Pantanal”, comenta.
Antes mesmo da inauguração do Bioparque, Heriberto já sonhava com o projeto. Em 2011, participou do programa estadual Biota MS, responsável por definir a lista de espécies que integrariam o aquário.
“Em 2014, começamos a receber animais coletados e ficamos até 2022 cuidando deles no laboratório de ictiologia do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). Naquele momento, ainda não sabíamos se o Bioparque seria inaugurado ou não. Era uma incerteza. Mas quando soubemos que a obra realmente iria voltar e os peixes viriam para o aquário, foi muito marcante na minha vida”, conta.
Hoje, muitos dos animais em exposição estão há mais de 10 anos sob os cuidados da equipe. “Olhar para aqueles peixes e saber que cresceram conosco é uma satisfação sem precedentes”, afirma.
O biólogo não esconde a emoção ao falar da ligação com os peixes e relembra a infância difícil, na qual, em muitos momentos, os peixes eram seus companheiros.
“Me senti sozinho em muitos momentos e os peixes fizeram com que eu não me sentisse assim. De alguma forma, me conectei com esses animais e aquilo me trazia um acalento, um acolhimento que eu não tinha como explicar. Jamais seria feliz atrás de uma mesa, esperando um horário para ir embora. Se não existisse o Bioparque, eu, com certeza, estaria em uma universidade fazendo pesquisa, mas com peixes”, relata.
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