Falta de sinalização nas rodovias de MS expõe animais a atropelamentos
Motoristas alertam para risco de acidentes na MS-338 e MS-345
Uma anta e um tamanduá foram flagrados atravessando rodovias do Mato Grosso do Sul, em trechos recém-asfaltados sem estrutura para a travessia de animais silvestres. Os registros foram feitos na MS-338, entre Camapuã e Ribas do Rio Pardo, e na MS-345, entre Bonito e o distrito Águas do Miranda., nesta segunda-feira (7).
O caminhoneiro Sílvio de Souza Diniz registrou o momento em que uma anta corria sobre o asfalto. “Avisei de longe, ela começou a correr. A pista ali é nova, falta uns 15 quilômetros para terminar. Reduzi para 30 por hora e fui acompanhando para ela sair fora, para outro carro não atropelar”, disse. Ele destacou que não há nenhuma estrutura para os animais atravessarem. “Estão asfaltando estrada de terra, mas nada voltado à travessia da fauna silvestre.”
De acordo com Silvio, a região onde a anta foi vista tem pouca disponibilidade de água, o que pode forçar os bichos a cruzarem a pista. “Ali a água está escassa. Às vezes o animal até morre porque não encontra onde beber. E os cascos escorregam no asfalto, qualquer virada que eles dão, eles caem.”
Já o segundo relato veio da estudante Taynara Moraes, que gravou o vídeo onde um tamanduá de pelagem ruiva atravessa a MS-345. “Ele estava passando há uns 15 quilômetros de Bonito, no trecho até Águas do Miranda. Era umas 15h40. Entrei na curva e ele apareceu. Estava saudável, mas pouco antes tinha outro tamanduá atropelado mais à frente”, contou.
Ela disse que costuma ver muitos animais na região. “Semana passada fiz esse mesmo trecho e encontrei um jabuti-piranga tentando atravessar. Aquela rodovia é um açougue a céu aberto se ninguém ficar de olho.”
Cuidado - Segundo especialistas, motoristas devem reduzir a velocidade ao ver um animal na pista e, se possível, sinalizar para outros condutores. Em caso de atropelamento, a orientação é acionar a Polícia Militar Ambiental ou o Corpo de Bombeiros. Técnicas como cercas direcionais e passagens de fauna são recomendadas para evitar acidentes e proteger os animais.
Em 2024, cerca de 2,3 mil animais foram atropelados nos biomas Cerrado e Pantanal. Os dados foram coletados pelo Projeto Bandeiras e Rodovias, do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres).
Na nota técnica que acompanha o estudo, especialistas alertam que a destruição do habitat natural dos animais também colabora para o aumento desses incidentes. Com a redução das áreas verdes devido ao avanço da urbanização, e quantidade de incêndios na flora sul-mato-grossense, espécies como tamanduás, lobos-guará e antas são obrigadas a atravessar rodovias em busca de alimento e água, tornando-se alvos fáceis para motoristas desatentos ou em alta velocidade.
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