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Meio Ambiente

Podridão até deu uma trégua, mas “quando vem é horrível”, dizem vizinhos da JBS

Problema é investigado pelo Ministério Público e vizinhos cobram indenização

Por Aline dos Santos | 22/07/2025 12:34
Podridão até deu uma trégua, mas “quando vem é horrível”, dizem vizinhos da JBS
Frigorífico da JBS na Avenida Duque de Caxias, em Camo Grande. (Foto: Osmar Veiga)

Após protestos, apuração do Ministério Público e processos em massa de moradores contra a JBS, a percepção em bairros como Nova Campo Grande e Vila Bordon, no entorno de frigorífico, na saída para Aquidauana, é de que a “podridão” até deu uma trégua.

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Após protestos e ações judiciais, moradores de Nova Campo Grande e Vila Bordon relatam que o mau cheiro proveniente do frigorífico JBS diminuiu, embora ainda ocorra em alguns dias. Moradores afirmam que o odor, descrito como insuportável, causa mal-estar e dores de cabeça. Cerca de 200 ações foram movidas contra a empresa, com pedidos de indenização entre R$ 25 mil e R$ 75 mil. O Ministério Público investiga a origem do mau cheiro, identificado principalmente na produção de farinha para ração animal. Apesar de melhorias, a emissão de odores ainda incomoda a vizinhança.

Mas, apesar de o mau cheiro não ser mais sentido diariamente, ainda há episódios em que o fedor se espalha pela região, principalmente no fim da tarde.

“Até ter o protesto, o cheiro era horrível, insuportável e todos os dias. Agora, parece que deu uma melhorada. Tem dias que não sinto”, afirma a comerciante Ramona Moreira Fernandes, 38 anos.

Podridão até deu uma trégua, mas “quando vem é horrível”, dizem vizinhos da JBS
Ramona é comerciante e mora há 19 anos na Nova Campo Grande. (Foto: Osmar Veiga)

Moradora do Bairro Nova Campo Grande há 19 anos, ela relata que, quando o odor fétido vem, é preciso se trancar em casa, para evitar mal-estar. “É como se fosse um cheiro de esgoto, de couro queimado. A gente se tranca. Mas fico pensando nas pessoas que moram mais próximas”, diz Ramona.

Diamara Morara, 30 anos, que trabalha no Nova Campo Grande, também relata que o mau cheiro se tornou mais esparso ou, talvez, tenha se acostumado. “Tem dia que não chega ser tão forte. Mas vejo o pessoal reclamando no grupo do bairro. É como se fosse cheiro de osso”.

Podridão até deu uma trégua, mas “quando vem é horrível”, dizem vizinhos da JBS
"É como se fosse cheiro de osso", diz Diamara sobre odor fétido. (Foto: Osmar Veiga)

Mais próximo ao frigorífico, na Vila Bordon, Jussara Ortega, 49 anos, conta que a filha chega a passar mal, com dor de cabeça pelo forte cheiro. “Mas trancar [a casa] nem adianta, porque o cheiro entra. Tem que vez que já amanhece com a catinga. Tem que se acostumar. Não é todo o dia, mas quando vem é horrível, horrível mesmo”. Ela mora há 22 anos nas imediações do frigorífico.

Jucilei Ortega, 50 anos,  afirma que o cheiro é muito forte. “É bem fedido. Mas, antigamente, que era podre.  Era todo dia, ruim até para almoçar. Depois é que melhorou”.

A reportagem entrou em contato com a JBS e aguarda resposta.

Podridão até deu uma trégua, mas “quando vem é horrível”, dizem vizinhos da JBS
Jucilei mora na Vila Bordon e conta que o cheiro é muito forte. (Foto: Osmar Veiga)

Duzentas ações – Moradores ajuizaram 200 ações contra a JBS com pedido de indenização pelo mau cheiro. Os valores variam de R$ 25 mil a R$ 75 mil.

O relato é de que o frigorífico, localizado na Avenida Duque de Caxias, opera atividade potencialmente poluidora que gera incomodo e aflição nos moradores, produzindo fumaça (poluição atmosférica) e exalando odores potencialmente danosos, pois formam uma névoa fétida. O resultado é dor de cabeça e náuseas.

De acordo com a defesa da empresa, que se manifestou nos autos, não há como imputar responsabilidade à JBS em relação aos danos alegados, uma vez que o frigorífico não emite odores para fora dos limites de seu empreendimento, atuando de forma regular.

As ações terão tentativa de acordo em agosto, quando o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) realizará a “Pauta Verde”, mutirão que concentra processo sobre meio ambiente.

Podridão até deu uma trégua, mas “quando vem é horrível”, dizem vizinhos da JBS
Rua do Bairro Nova Campo Grande, perto de frigorífico. (Foto: Osmar Veiga)

Apuração do MP - Inquérito que tramita na 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente investiga a origem do mau cheiro e que medidas podem ser adotadas para contê-lo.

Já foi identificado que o setor de produção de farinha para ração animal é onde são gerados os odores, porque há trituração e cozimento de restos de carne e ossos bovinos.

Apesar de haver filtros no local que reduzem a emissão externa dos gases produzidos, a medida não é suficiente para evitar que o mau cheiro incomode a vizinhança.

Contudo, a vistoria mais recente do Daex (Departamento Especial de Apoio às Atividades de Execução), ligado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), identificou que melhorias foram feitas para reduzir o mau cheiro.

No mês de março, o Ministério Público ingressou com ação civil pública contra a JBS, cobrando a implantação de uma cortina arbórea no entorno do frigorífico.

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