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Política

MP pede cassação de vereador eleito suspeito de comprar votos com combustível

Investigação tem como base gravações, depoimentos e apreensão de materiais de campanha

Por Jhefferson Gamarra | 18/12/2024 13:51
Fotografias feitas pelo MP durante investigação em Aquidauana (Foto: Reprodução)
Fotografias feitas pelo MP durante investigação em Aquidauana (Foto: Reprodução)

O MPE (Ministério Público Eleitoral) entrou com ação de investigação judicial eleitoral para a cassação do mandato de Everton Romero (PSDB), vereador eleito em Aquidauana com 912 votos. A ação tem como base uma série de provas que apontam o uso de combustível como moeda de troca por votos na véspera das eleições de 2024.

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O Ministério Público Eleitoral (MPE) iniciou uma ação de investigação judicial para cassar o mandato do vereador Everton Romero (PSDB) em Aquidauana, após denúncias de compra de votos utilizando combustível como moeda de troca. A investigação revelou que Bruno Bica Ximenes, um intermediador, estava operando em um posto de combustíveis, onde motoristas recebiam abastecimento gratuito em troca de apoio eleitoral. Imagens de segurança e depoimentos de testemunhas corroboraram as acusações, levando o MPE a solicitar sanções de inelegibilidade e a cassação do registro de candidatura de Romero, alegando abuso de poder econômico que comprometeu a legitimidade do processo eleitoral. A decisão final ficará a cargo da justiça eleitoral.

A investigação foi iniciada após o MPE receber uma denúncia anônima informando que o candidato Everton Romero estaria comprando votos no Posto Mercúrio, localizado na Avenida Teodoro Rondon, em Aquidauana. Segundo a denúncia, Bruno Bica Ximenes, identificado como o responsável por intermediar o esquema, estaria no local operando de dentro de um veículo Gol branco.

Com base na denúncia, servidores do MPE foram até o posto e verificaram a presença do veículo e do suspeito. Os servidores monitoraram as ações do intermediador, que foi visto interagindo com frentistas e motoristas. As imagens captadas pelo circuito de segurança do posto confirmaram a movimentação atípica, mostrando que várias pessoas conversaram com Bruno Bica Ximenes antes de abastecerem seus veículos e deixarem o local sem realizar o pagamento.

A partir da confirmação da denúncia, o MPE acionou a Polícia Civil, que fez a abordagem do suspeito no local. Ele foi flagrado conduzindo o Gol branco, adesivado com materiais de campanha de Everton Romero. Dentro do carro, foram encontrados diversos materiais de campanha, reforçando a ligação entre o suspeito e o candidato.

Depoimentos de testemunhas corroboraram as suspeitas do MPE. Uma delas afirmou ter participado de uma carreata em apoio ao candidato Everton Romero e, posteriormente, ter recebido abastecimento gratuito no Posto Mercúrio. Em seu depoimento, a testemunha revelou que seu marido conversou com Bruno Bica Ximenes no posto e, logo depois, seu veículo foi abastecido com R$ 200 em combustível, sem nenhum pagamento.

Outra testemunha afirmou que também participou da carreata e, de forma semelhante, teve o veículo abastecido sem custo no mesmo posto de combustíveis. Essas ações reforçaram o entendimento do MPE de que o combustível estava sendo utilizado como moeda de troca por apoio eleitoral.

Carro usado pelo suspeito de intermediar a troca de combustíveis por voto (Foto: Reprodução)
Carro usado pelo suspeito de intermediar a troca de combustíveis por voto (Foto: Reprodução)

O MPE obteve acesso às imagens do sistema de segurança do posto. Os vídeos mostram Bruno Bica Ximenes conversando com motoristas que, após a interação, recebiam o abastecimento de combustível e deixavam o local sem efetuar o pagamento. Os frentistas também aparecem no vídeo interagindo com o suspeito e os motoristas.

O MPE argumenta que os atos configuram abuso de poder econômico, que compromete a legitimidade e a normalidade do processo eleitoral. Segundo a legislação, o abuso de poder econômico é caracterizado quando se utiliza recursos financeiros para interferir na livre escolha dos eleitores.

Com a robustez de provas, o MPE pediu à Justiça Eleitoral que sejam aplicadas sanções de inelegibilidade para todos os envolvidos por um período de oito anos e que o vereador eleito Everton Romero tenha o registro de sua candidatura cassado. No entendimento do MPE, a conduta dos envolvidos gerou desequilíbrio na disputa eleitoral, prejudicando a igualdade de condições entre os candidatos.

A justiça eleitoral irá decidir se aceita a ação de investigação e as medidas requeridas pelo MPE, o que pode culminar na perda do mandato ou não diplomação do vereador.

A reportagem não conseguiu contato com os citados. O diretório do PSDB em Aquidauana que consta como encarregado dos dados do candidato eleito, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.

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