Nas ruas, campo-grandenses deixam recado para o próximo prefeito
Qual o maior desafio do próximo escolhido a administrar a maior cidade de Mato Grosso do Sul? Com a palavra, o povo. O Campo Grande News percorreu a cidade e ouviu de seus moradores o recado que eles têm para o prefeito.
Fomos à velha rodoviária, ao Camelódromo, à favela, paramos no ponto de ônibus, na frente da escola e na porta do posto de saúde para perguntar: e aí, eleitor, qual seu recado para o próximo prefeito?
Velha rodoviária
Na loja inaugurada em 1976, o cearense José Paulino Ribeiro, 73 anos, espera dias melhores para quem resiste no Centro Comercial Condomínio Terminal Oeste, na antiga rodoviária de Campo Grande.
"A minha ideia é de que eles poderiam ligar essa rodoviária com a outra. Por exemplo, o ônibus vem de Cuiabá, passa aqui, deixa quem vai ficar em Campo Grande e segue a viagem. Interligar uma na outra. Porque na maioria das cidades, as rodoviárias nova e velha são interligadas. Não isolam a antiga. Meu outro recado é que o novo prefeito faça a revitalização”, afirma o comerciante.
Camelódromo
A comerciante Franciele da Silva Nogueira, 26 anos, deseja que o próximo prefeito tenha atenção com o Camelódromo, centro comercial popular que há oito anos é sua fonte de renda. A preocupação com o futuro leva o nome de Pedro, a nova vida que traz no ventre, aos cinco meses de gestação.
“Que o prefeito olhe para o Camelódromo com mais carinho para esse centro popular. Aqui vem gente não só de Campo Grande, mas do Estado todo. Aqui se tornou um ponto turístico. Olhasse com o mesmo carinho com que olha para a Feirona e o Mercadão”, diz.
Revitalização do Centro
Gerente comercial da loja Passaletti, Marco Antônio Borges, 37 anos, vive a expectativa de que Centro de Campo Grande, enfim, passe por revitalização.
“A nossa maior preocupação é com o tempo que o comércio ficará fechado. Terá que ser quadra por quadra, porque vai ficar muito difícil se fechar toda a 14 de Julho.Vai ser preciso planejamento e acompanhamento”, afirma.
Transporte Coletivo
A diarista Aparecida Cardoso, 47 anos, não é de perder tempo. Mas, apesar do esforço de acordar às 4h50 todos os dias, enfrenta de 40 minutos a uma hora de espera ao utilizar o transporte coletivo em Campo Grande.
“Tinha que melhorar mais, ter mais ônibus. Espero até uma hora na linha do Rita Vieira. O ônibus é muito demorado”, diz.
Obras paradas
Um elefante branco, a obra do Centro de Belas Artes, faz parte do cenário diário do vigilante Willian de Araújo, 27 anos. Inacabado, o local seria uma rodoviária, recebeu verba para o uso cultural, mas há décadas não passa de um projeto pela metade.
“Até parece que isso não tem mais solução né? Aqui à noite tem muita malandragem. Além do dinheiro público jogado fora. No meu bairro, no Itamaracá, também tem uma escola inacabada, já levaram janela, madeira, fiação. O prefeito tem que concluir essas obras ”, afirma Willian.
Moradia
Depois de trocar um barraco na Cidade de Deus por outro no Bom Retiro, a dona de casa Maria Aparecida Crispim, 43 anos, espera políticas para a habitação.
"Tomara que Deus ajude e seja uma coisa melhor, que ajude nós a construir nossa casa. É muito duro ficar em barraco, quando vem temporal, chuva. Em novembro vai fazer seis anos que moro em barraco”, diz Maria, com o filho Lucas, de 1 ano e 9 meses nos braços.
Enfrentando o sol inclemente de Campo Grande, Gilza Fernandes, 52 anos, trabalha como vendedora ambulante em frente à escola, sendo mais conhecida como a “tia do doce”. Na rotina de quem está todos os dias com os estudantes, ela diz que aguarda mais do que promessas.
“Nas eleições vêm e falam uma coisa, depois continua do mesmo jeito. Só prometem muito, mas depois que ganha é tchau. Ninguém conhece ninguém. A gente gostaria que a educação fosse boa. Tem muita coisa para fazer”, afirma.
Uma rede pública com mais pediatras e menor tempo de espera por consultas são as aspirações da cabeleireira Marilda de Fátima Ribeiro, 48 anos.
“A gente pede consulta e demora três, quatro meses para marcar. Tem vez que pede exame para o retorno e quando volta já está praticamente vencido. E também pediatras. Eu tenho neto e a gente depende de pediatra. Vai de bairro em bairro e não tem pediatra nos postos”, diz.
Trânsito
O borracheiro Ivo Pereira, 33 anos, avalia que o trânsito é bom e que os problemas vêm da imprudência dos condutores.
“Para mim está bom. A questão do buraco é porque não teve jeito mesmo. Eu circulo bastante pela cidade e os acidentes vêm da imprudência. As vias são bem sinalizadas. Aqui, tenho filmagem de carro andando sobre duas rodas, o pessoal que estraga”, conta.
Campo-grandense há 14 anos, o mineiro Raimundo Rodrigues, 47 anos, avalia que a cidade precisa de mais espaços de lazer. Ele frequenta o parque Belmar Fidalgo quase todos os dias e acredita que a manutenção deveria ser igual nos locais mais distantes.
“Deveria investir em outros parques, no Belmar está bom o espaço. Mas falta locais de lazer pela cidade. O parque Ayrton Senna, por exemplo, é um espaço muito bom, mas falta manutenção”, afirma o cozinheiro.