ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
NOVEMBRO, SEGUNDA  17    CAMPO GRANDE 21º

Política

Programa criado em MS pode virar modelo nacional de apoio a cuidadores

Projeto discutido no Senado trata do mesmo tema, mas sem prever repasse financeiro

Por Gabi Cenciarelli | 17/11/2025 15:25
Programa criado em MS pode virar modelo nacional de apoio a cuidadores
Rutileia Cabral Valensuela com a filha Alice, de 9 anos (Foto: Osmar Veiga)

O Senado aprovou um projeto para apoiar cuidadores familiares, pessoas que dedicam o dia inteiro a cuidar de filhos ou parentes com deficiência. Mas a ideia não é nova. Em Mato Grosso do Sul, um programa parecido já funciona desde 2023 e paga R$ 900 por mês a quem vive essa rotina. Agora, o modelo daqui pode ajudar a inspirar a versão nacional.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O Senado aprovou um projeto de apoio a cuidadores familiares de pessoas com deficiência, inspirado em programa já existente em Mato Grosso do Sul. O modelo sul-mato-grossense, denominado "Cuidar de Quem Cuida", oferece auxílio mensal de R$ 900 a cuidadores não remunerados desde 2023. Diferentemente da iniciativa estadual, o projeto federal "Cuidando de Quem Cuida" não prevê benefício financeiro, focando apenas em ações de acolhimento e apoio psicossocial. A proposta ainda precisa passar por aprovação no plenário do Senado e na Câmara dos Deputados antes de se tornar lei.

O programa sul-mato-grossense, chamado Cuidar de Quem Cuida, atende cuidadores não remunerados de pessoas com deficiência em grau moderado ou grave. Para entrar na lista, é preciso morar no Estado há pelo menos dois anos, viver na mesma casa da pessoa cuidada, estar inscrito no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais) e ter renda familiar per capita de até um quarto do salário mínimo. Hoje, 1.878 cuidadores recebem o benefício.

A proposta foi criada para enfrentar a realidade de famílias que deixam o trabalho formal para acompanhar terapias, consultas, deslocamentos diários e cuidados contínuos. Em muitos casos, o cuidador passa o dia todo com a pessoa com deficiência e não consegue manter qualquer outra fonte de renda. O auxílio mensal não resolve todos os problemas, mas cobre parte dos gastos com fraldas, alimentação especial, transporte e adaptações no ambiente doméstico.

No Senado, o projeto aprovado tem nome parecido, mas formato diferente. Chamado Cuidando de Quem Cuida, ele é de autoria do senador Romário de Souza Faria (PL-RJ) e foi aprovado em comissões na semana passada. O texto cria ações de acolhimento, rodas de conversa, apoio psicossocial e orientação às famílias. Porém, ao contrário do modelo de MS, o projeto federal não prevê pagamento de benefício financeiro.

Programa criado em MS pode virar modelo nacional de apoio a cuidadores
Alice consome uma lata no valor de 80 reais por dia (Foto: Arquivo Pessoal)

A rotina de quem cuida ajuda a mostrar por que políticas desse tipo fazem diferença. Rutileia Cabral Valensuela, de 27 anos, mora em Campo Grande e dedica tempo integral à filha Alice, de 9 anos, que tem paralisia cerebral e microcefalia. Ela vive sozinha com a filha e diz que o benefício estadual mudou a dinâmica da família.

“A dieta da minha filha chega a quase R$ 200 a lata quando está em falta no serviço público. Às vezes ficamos meses sem conseguir pegar. Com o benefício, consigo garantir fralda, alimentação e as necessidades mais urgentes”, relata. Antes do programa, ela enfrentava dificuldade até para comprar verduras e itens básicos do dia a dia. “Consegui trocar o colchão dela. O antigo já estava causando quase escaras. Essas coisas simples fazem muita diferença.”

Para Rutileia, tanto o apoio financeiro quanto o emocional são fundamentais. “Quem cuida também precisa ser cuidado. A gente enfrenta muita coisa sozinha. Ter algum tipo de suporte faz diferença. Só quem vive isso sabe o que significa.”

Ela conta que mães de outros estados entram em contato para perguntar sobre o programa. “Tem muita mãe que tenta entender como funciona, porque vive a mesma rotina. Isso mostra que essa política teria impacto no país inteiro, não só aqui.”

O projeto de Romário ainda precisa passar pelo plenário do Senado antes de seguir para a Câmara dos Deputados. Só depois de toda a tramitação legislativa e posterior regulamentação é que o país pode ter uma política nacional parecida com a que Mato Grosso do Sul já aplica desde 2023.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.