PT mantém criticas a Riedel, mas fica em silêncio sobre cargos no governo
A manutenção da aliança ganhou destaque após governador defender anistia sobre o 8 de janeiro

A manifestação do governador Eduardo Riedel (PSDB), de apoiar anistia em relação a processos e condenações do 8 de janeiro, gerou repercussão esta manhã na Assembleia Legislativa.
RESUMO
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O Partido dos Trabalhadores (PT) ainda não decidiu se continuará na aliança com o governo de Eduardo Riedel (PSDB) em Mato Grosso do Sul, após o governador manifestar apoio à anistia de condenados pelos atos de 8 de janeiro. A decisão sobre a continuidade da aliança deve ocorrer após as eleições internas do PT. A deputada Gleice Jane defende o afastamento do governo, enquanto Pedro Kemp destacou que o partido já discute a parceria para as próximas eleições. O tema gerou debate na Assembleia Legislativa, com oposição e aliados discutindo a postura de Riedel e a possível anistia.
O PT, que é aliado dos tucanos no Governo, com três subsecretarias e o comando da Agraer, divulgou nota e deputados discursaram sobre o tema hoje, mas uma definição sobre o assunto deve ficar para o segundo semestre, depois das eleições dos diretórios petistas.
Gleice Jane disse que há algum tempo já tem defendido o afastamento do governo e a adoção de uma postura de oposição. Ela lembrou que antes era uma voz isolada nos debates internos mas começou a ver eco em suas críticas.
Sobre a fala de Riedel, que sustentou ver até aspecto humanitário na anistia a condenados- “em muitos casos”-, Gleice resgatou outro tema que diz que precisa ter defesa humanitária: a atenção a indígenas, especificando a falta de água na Reserva Indígena de Dourados, sua base eleitoral.
Ela ainda apontou que o governador deveria ouvir as pessoas, para saber se é uma demanda coletiva a anistia. Pedro Kemp também falou sobre o assunto. Ele disse que o PT já teve reunião com Riedel para avaliar se os partidos andarão juntos no ano que vem, nas eleições gerais.
O debate sobre a aliança envolve apoio da legenda à reeleição do governador, à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao pré-candidato do partido ao Senado no Estado, o deputado federal Vander Loubet.
Segundo o petista, Riedel disse que é preciso ainda aguardar, uma vez que o PSDB discute seu futuro em nível nacional, com possibilidade de fusão, já havendo até políticos saindo da legenda. Nova reunião sobre o tema deve ocorrer este mês.
Oposição – Parlamentar de oposição, João Henrique Catan (PL), incitou os petistas a deixarem a base ao Governo, até superestimando em seu discurso a participação na gestão, dizendo que o PT deveria deixar suas dez secretarias. Acabou corrigido por Kemp, que citou as três subsecretarias e a Agraer, e emendou que os parlamentares da legenda se posicionam como independentes e não fariam uma oposição irresponsável.
Kemp classificou a manifestação de Riedel sobre eventual anistia como um flerte com a extrema-direita. Pedro Caravina, do PSDB, que já integrou o Governo, disse que a posição do governador à direita é conhecida, mas conduz um governo “para todos os setores”.
Ele argumentou que Riedel não defende uma anistia irrestrita, mas redução de pena para situações em que pessoas receberam condenações comparáveis à de latrocínio, crime com pena mais grave no Código Penal, quando cometeram dano.
Na mesma linha foi a manifestação do presidente da Casa, Gerson Claro (PP). Já o vice-líder do Governo na Assembleia, Pedro Pedrossian Neto considerou que é natural haver debate sobre o tema, por se tratar de uma questão factual. Disse que nesse momento, é natural e “legítimo” o posicionamento dos petistas e na hora certa o Governo irá dialogar sobre a aliança, penando na governabilidade.
O assunto tem ganhado destaque nas últimas semanas diante da divulgação de algumas condenações pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de pessoas que participaram da invasão dos prédios dos poderes em Brasília e a soma das penas resultarem em valores elevados- entre os crimes constam dano ao patrimônio público, associação criminosas e tentativa de abolir a democracia.
Uma cabelereira condenada a 14 anos, que participou dos atos e ficou conhecida por escrever com batom na estátua da Justiça, acabou se tornando símbolo da campanha por anistia. Além dessa frente de ações, o STF também vai julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro e um grupo de militares e servidores civis acusados de planejar e estruturar um golpe de Estado.