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Política

Reinaldo vê “equívoco” no Aquário do Pantanal e prega menos impostos

Josemil Arruda e Edivaldo Bitencourt | 25/06/2014 08:00
Reinaldo quer "foco" na saúde para melhorar atendimento (Foto: arquivo)
Reinaldo quer "foco" na saúde para melhorar atendimento (Foto: arquivo)

O candidato a governador do PSDB, deputado federal Reinaldo Azambuja, considera que o Aquário do Pantanal foi um erro do atual governo estadual. “O Aquário do Pantanal talvez seja um dos maiores equívocos do Governo do PMDB. Campo Grande tem outras prioridades”, afirmou o parlamentar.

Nesta terceira entrevista de candidato a governador ao Campo Grande News, Reinaldo Azambuja também aborda a necessidade que vê de se reduzir impostos sobre o setor produtivo. “Precisamos fazer as desonerações fiscais principalmente nos segmentos comércio, combustível e agropecuária. Mato Grosso do Sul perde competitividade com a alta carga tributária”, declarou.

Junto com essa política desonerativa, o tucano prega incentivos fiscais diferenciados para cada região do Estado. Para ele, é fundamentar “ter uma lei de incentivos fiscais que potencialize o que tem de bom em cada região para levar o desenvolvimento a outras regiões do Estado, com geração de empregos e oportunidades”. Nas regiões onde tem mais indústrias, defende que seja feito investimento em qualificação profissional.

Ligada ao setor rural, Azambuja considera que hoje o pequeno produtor está desassistido. “Existe um êxodo muito grande nos assentamentos rurais. Precisamos ter programas de desenvolvimento nesta área”, defendeu, lembrando que os últimos foram implantados há mais de 20 anos por Pedro Pedrossian.

Na entrevista, o candidato do PSDB também fala em priorizar investimentos em saúde pública e em educação.

Veja a íntegra da entrevista de Reinaldo Azambuja:

Campo Grande News - O que o senhor considera elogiável no atual governo do Estado e pretende continuar caso seja eleito?

Reinaldo - O atual Governo priorizou o investimento em obras de infraestrutura e é claro que isso é importante para o desenvolvimento do Estado. Com certeza, precisamos continuar investindo para apoiar o nosso crescimento e nossa competitividade. Mas é preciso ouvir a população e estabelecer um claro senso de prioridade. A verdade é que o atual governo esqueceu da maior prioridade apontada pelos cidadãos, a saúde pública, que hoje vive o caos em Mato Grosso do Sul. Estamos ocupando, lamentavelmente, as últimas posições no ranking nacional de qualidade nesta área, atrás de estados inclusive mais frágeis e pobres. Na prática, acontece o que todo mundo sabe: no momento de maior fragilidade do cidadão, quando ele mais precisa de amparo, o Estado falha. Isso precisa acabar. Dinheiro tem, precisa é ser bem aplicado. A população tinha grande expectativa de ver a melhoria no atendimento em Saúde em Mato Grosso do Sul quando elegeu dois médicos, um para governador e outro para prefeito da Capital, que governaram esse tempo todo. Todos acreditavam que haveria uma gestão revolucionaria nesse setor e não foi isso o que aconteceu. Também poderíamos ter avançado muito mais no campo social, em especial na Segurança Pública e na Educação.

Campo Grande News - O que o senhor pretende fazer de mudanças principais no governo do Estado caso seja eleito?

Reinaldo - Haverá, primeiro, uma mudança de perfil: nós vamos governar ouvindo a população, discutindo os problemas e compartilhando responsabilidades. A principal mudança é a inversão de agenda: vamos pensar no desenvolvimento e cuidar das pessoas, colocando foco, por exemplo, no nosso maior problema, a Saúde. O Estado precisa aportar recursos no setor. Não adianta dizer que isso é responsabilidade só dos municípios. O Estado tem que ser parceiro dos municípios e fazer a regionalização dos serviços de saúde funcionarem.

Segundo ponto: precisamos fazer as desonerações fiscais principalmente nos segmentos comércio, combustível e agropecuária. Mato Grosso do Sul perde competitividade com a alta carga tributária.

Terceiro ponto: incentivos fiscais diferenciados para cada região. Precisamos entender o Estado com as suas diferenças regionais. Precisamos ter uma lei de incentivos fiscais que potencialize o que tem de bom em cada região para levar o desenvolvimento a outras regiões do Estado, com geração de empregos e oportunidades.

Quarto ponto fundamental para o desenvolvimento do Estado: modernização da máquina pública e valorização dos servidores. É preciso implantar a meritocracia no serviço público e levar para a administração estadual novas tecnologias e inovações para que o governo possa melhorar a qualidade dos serviços oferecidos à população.

Quinto ponto: precisamos criar programas para potencializar o desenvolvimento. O pequeno produtor está desassistido. Existe um êxodo muito grande nos assentamentos rurais. Precisamos ter programas de desenvolvimento nesta área. Temos 9 milhões de hectares de pastagens degradas, precisamos inserir esse território no processo produtivo. Os últimos programas de desenvolvimento em Mato Grosso do Sul foram no governo Pedrossian. Devemos fomentar o desenvolvimento por meio de programas nas áreas de agricultura, pecuária, silvicultura, piscicultura, entre outros.

Ao diminuir a carga tributária vamos conseguir, por meio dos programas que vamos criar, potencializar o desenvolvimento do Estado.

Em relação à Educação, precisamos valorizar o profissional e investir na qualificação permanente do professor, investir na melhoria da infraestrutura das escolas e apoiar a implantação das escolas em tempo integral, importante principalmente nas cidades que mais sofrem com a violência. O Estado deve ajudar os municípios a ampliar o número de creches. A educação infantil é fundamental para o desenvolvimento das crianças. Ao deixar essas crianças fora das creches o Estado comete uma grande injustiça. Não há caminho para o verdadeiro desenvolvimento que não passe pela educação de qualidade.

Campo Grande News - Um dos principais desafios da administração pública é o caos no sistema público de saúde, que superlota as unidades de Campo Grande. Quais as propostas para melhorar o atendimento na rede pública no Estado?

Reinaldo - Em primeiro lugar, estruturar e equipar os polos regionais que atendem a média complexidade. Como os polos regionais não funcionam, a estrutura de Campo Grande fica superlotada. Os polos regionais tem que estar suficientemente estruturados para fazer diagnóstico e atendimento de média complexidade, ou seja, aquele que demanda profissionais especializados e recursos tecnológicos, como é o caso de cirurgias, por exemplo. O Estado precisa aportar recursos para a contratação de médicos para a média complexidade e se estruturar para prover um bom atendimento. Além de ser parceiro dos municípios nos investimentos em Saúde, vamos conduzir a formação de consórcios municipais para que os municípios consigam comprar e contratar com custos menores. Estas são apenas nossas primeiras ideias.

Campo Grande News - O Estado atraiu muitas indústrias com a concessão de incentivos fiscais. No entanto, as indústrias optaram mais pelas regiões centro e leste de Mato Grosso do Sul. Quais as alternativas para levar o desenvolvimento a todas as regiões?

Reinaldo - Devemos propor uma lei de incentivos regionalizada para potencializar e interiorizar o desenvolvimento. É preciso distribuir melhor a riqueza do Estado, atrair empresas, indústrias e novas oportunidades para os locais onde hoje não tem. Isso não quer dizer acabar com os incentivos fiscais nas regiões mais desenvolvidas. Nas regiões onde tem mais indústrias, precisamos investir em qualificação profissional. O Estado, em parceria com os municípios, deve ser o indutor para a qualificação profissional. Nossa gente está perdendo as melhores vagas de trabalho para pessoas que vem de fora, por falta de qualificação profissional para ocupar as vagas com os maiores salários. E estruturar melhor as cadeias produtivas, para que uma nova indústria atraia outros parceiros, mais investimentos, mais empregos, mais progresso e oportunidades.

Campo Grande News - Quais suas prioridades em matéria de logística para garantir o desenvolvimento do Estado?

Reinaldo - Priorizar as rodovias que tem maior fluxo de escoamento da produção, potencializar, juntamente com o governo federal, a construção das duas ferrovias - Ferroeste e Nortesul - que são fundamentais para o desenvolvimento do Estado. Os portos de Porto Murtinho e de Corumbá são fundamentais para o transporte fluvial. Existem estudos que mostram o aumento de competitividade se investirmos nesses portos. Enquanto o Governo do PT investe na construção de portos em Cuba e no Uruguai com dinheiro do BNDES, estamos aqui com uma potencialidade enorme de ampliar a produção tanto agropecuária como industrial sem ter o acesso necessário aos canais de exportação. As duas ferrovias, os portos, a recuperação da rede ferroviária de Três Lagoas a Corumbá e o ramal Campo Grande a Ponta Porã dariam, junto com as rodovias estaduais, uma malha que ligaria portos, ferrovias e estradas para o escoamento da nossa riqueza. Ainda temos muitas rodovias que precisam ser pavimentas e outras que devem ser ampliadas e é importante fazer isso.

Campo Grande News - Atualmente, o Estado impulsiona os festivais de Inverno de Bonito e América do Sul em Corumbá e o MS Canta Brasil em Campo Grande. O senhor pretende manter esses projetos ou implementará mudanças? Quais?

Reinaldo - Esses projetos devem ser mantidos, mas devemos ampliar os projetos culturais para outras regiões do Estado, ampliando o acesso aos bens culturais e à produção regional. Temos outras regiões com grande potencial cultural que precisam ser incentivadas e estimuladas.

Campo Grande News - Na educação, quais serão as prioridades do seu Governo?

Reinaldo - Como disse anteriormente, o Estado precisa valorizar o professor, investir na qualificação permanente dos profissionais da educação, estruturar melhor as escolas. Acredito que um dos obstáculos para alcançarmos uma educação adequada ao nosso tempo está na relação entre professor e aluno, principalmente no ensino infantil e fundamental. Hoje, para sobreviver, os professores precisam assumir várias turmas, muitas vezes em escolas diferentes, quase como se fosse um sistema industrial e o resultado disso é o alto número de profissionais afastados do trabalho por licenças e o índice de reprovação escolar. Se o professor for bem remunerado e puder se dedicar a poucas turmas, poderá conhecer melhor cada aluno, suas qualidades e suas dificuldades. A escola tem um papel fundamental para ajudar a criança a se desenvolver como ser humano, é um ambiente privilegiado para a formação de valores e do senso crítico. Por tudo isso, acredito e defendo a educação integral que, na minha opinião, é a melhor forma de avançarmos na qualidade educacional.

Em relação ao Ensino Superior, é preciso investir na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul para que a instituição possa melhorar os cursos já existentes e ampliar o número de vagas e de cursos, além de montar seus laboratórios. O aporte de verbas para pesquisa científica é importantíssimo. Eu quero ver a UEMS dentre as melhores universidades do País e no meu governo, a UEMS terá o apoio que precisa para alcançar este patamar. A UEMS é fundamental para o desenvolvimento do Estado.

Campo Grande News - O Aquário do Pantanal deve ser concluído neste ano. Como o senhor pretende implementar a gestão do local?

Reinaldo - O Aquário do Pantanal talvez seja um dos maiores equívocos do Governo do PMDB. Campo Grande tem outras prioridades. Se eu fosse o governante e quisesse presentear Campo Grande, com certeza eu não escolheria o aquário como presente para a Capital. Mas já que o governo investiu milhões para construção do aquário, espero que o governo termine a obra e então, vamos discutir o modelo de administração. Temos que procurar um modelo que diminua os custos operacionais que, pelas informações que tenho, serão altíssimos. Vamos estudar a possibilidade de fazer parcerias público privadas, com universidades e com empresas e instituições com interesse científico no projeto.

Campo Grande News - Com a concessão de oito rodovias estaduais, o senhor pretende manter o Fundersul?

Reinaldo - Acredito que o Estado ainda precise do Fundersul, embora eu acredite que o dinheiro é dividido erroneamente. Eu faria o rateio do Fundersul considerando o tamanho da malha viária de cada município e não pela arrecadação de ICMS. Quem tiver mais rodovias, terá mais recursos para atender a demanda. Se o Fundo é para recuperação de rodovias, o municípios que tem mais rodovias precisam ter mais recursos para recuperá-las.

Campo Grande News - O Estado ainda tem um grande déficit habitacional, qual a sua meta de construção de casas populares?

Reinaldo - Devemos dar continuidade às parcerias com União e municípios, e dar prioridade aos locais onde estão os maiores déficits habitacionais. Estamos fazendo um estudo para saber o que é viável, para reduzir o déficit habitacional no Estado.

Campo Grande News - Atualmente, o Estado contempla cerca de 60 mil famílias com o Vale Renda. O senhor pretende implementar mudanças no programa?

Reinaldo - O programa é importante para manutenção das famílias em situação de vulnerabilidade e vamos manter o programa, com alguns ajustes, para que essas famílias possam ter oportunidades para geração de renda. Essas famílias precisam ser inseridas no processo de desenvolvimento do estado.

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