Nelsinho Trad quer democratizar gestão e priorizar saúde e educação
O candidato a governador do PMDB, ex-prefeito Nelsinho Trad Filho, propõe democratizar a gestão do Estado. Para isso, o peemedebista pretende criar gerências e conselhos regionais para definir prioridades e fiscalizar obras nos municípios. “Com a presença da população acerta-se mais e os resultados aparecem rapidamente”, argumenta.
Nesta segunda entrevista dos candidatos a governador ao Campo Grande News, Nelsinho garante que, se eleito, vai priorizar investimentos em saúde pública. “Para melhorar o atendimento, vamos concluir e equipar os Hospitais Regionais de Três Lagoas e de Dourados, criando dois grandes centros de referência de alta complexidade no interior, aliviando a Capital e atendendo melhor as pessoas. Vamos ampliar, reformar e equipar com UTIs e unidades mais avançadas nos hospitais de municípios polos, como Naviraí, Nova Andradina, Jardim, Amambai, Ponta Porã e outros. Nestas mesmas cidades, vamos erguer centros regionais de diagnóstico, evitando o deslocamento de pacientes para a realização de exames”, afirma o ex-prefeito.
Também quer manter como prioridade os investimentos em educação. Lembrando que Mato Grosso do Sul foi, em 2010 e 2012, o Estado brasileiro que mais investiu em educação, Nelsinho informa que quer continuar nesse ritmo, “notadamente com a expansão da educação integral, inclusive com a construção de prédios escolares adaptados para esse tipo de ensino como fizemos em Campo Grande”.
Veja abaixo a íntegra da entrevista de Nelsinho:
Campo Grande News - O que o senhor considera elogiável no atual governo e pretende continuar caso seja eleito?
Nelsinho - O atual Governo conseguiu diversificar a matriz econômica do Estado, abrindo caminho para novas indústrias e empreendimentos que geraram mais renda, mais e melhores empregos, produzindo oportunidades e vida melhor para toda a população. O aumento do número de veículos nas ruas, o “boom” habitacional e a expansão do comércio são alimentados pelo maior valor agregado dos nossos produtos. O investimento em rodovias, a melhoria na educação e na saúde são visíveis. As obras de água e de esgotamento sanitário, essenciais para proteger a vida e o meio ambiente, que somaram R$ 80 milhões nos oito anos da administração petista passaram para mais de R$ 1 bilhão. O PMDB deixou Mato Grosso do Sul mais rico e próspero e nós vamos continuar esse trabalho, estendendo esse progresso para todos os municípios, reduzindo as desigualdades regionais e ajudando a nossa gente a desfrutar de uma vida cada dia melhor. As pessoas, principalmente os jovens, precisam de empregos com maior remuneração e perspectiva de crescimento profissional. E esse é o caminho.
Campo Grande News - O que o senhor pretende fazer de mudanças principais no governo do Estado caso seja eleito?
Nelsinho - A gestão do PMDB em números e resultados vem sendo muito mais eficiente do que o governo petista que sucedemos. Mas sempre é possível agregar valor, melhorar e avançar. Como fizemos em Campo Grande, vamos fazer na administração estadual, criando Gerências e Conselhos Regionais, compostos por representantes eleitos pela comunidade que vão ajudar a definir as prioridades, ajudar a implantar e fiscalizar programas de ações e obras nos municípios da região. As Gerências e Conselhos terão papel ativo na seleção dos projetos e, sobretudo, na fiscalização das obras. Quando era prefeito os conselheiros regionais fizeram até um curso para conhecer melhor o funcionamento da máquina pública e entender os processos orçamentários. Com a presença da população acerta-se mais e os resultados aparecem mais rapidamente. É um modelo de gestão aberto e participativo que democratizará a administração e multiplicará a eficiência dos investimentos estaduais.
Campo Grande News - Um dos principais desafios da administração pública é o caos no sistema de saúde que superlota as unidades de Campo Grande. Quais as propostas para melhorar o atendimento na rede pública do Estado?
Nelsinho - Antes de mais nada é preciso que se diga que o problema de caixa da saúde ocorre porque o governo federal vem reduzindo ano a ano a sua participação no financiamento do setor. Em 2000, a União custeava 60% das despesas públicas com saúde. Em 2011, custeou apenas 44,7% deixando a conta maior para os Estados (25,7%) e para as Prefeituras (29,6%). Os municípios têm que aplicar 15% de seus recursos em saúde, os Estados 12% e a União não tem percentual definido. A presidenta Dilma vetou a aplicação de 10% em saúde.
Para melhorar o atendimento, vamos concluir e equipar os Hospitais Regionais de Três Lagoas e de Dourados, criando dois grandes centros de referência de alta complexidade no interior, aliviando a Capital e atendendo melhor as pessoas. Vamos ampliar, reformar e equipar com UTIs e unidades mais avançadas os hospitais de municípios polos, tais como Naviraí, Nova Andradina, Jardim, Amambai, Ponta Porã e outros. Nestas mesmas cidades, vamos erguer centros regionais de diagnóstico, evitando o deslocamento de pacientes para a realização de exames. Além dos cursos de medicina de Três Lagoas (UFMS) e de Campo Grande (UEMS) vamos criar o curso de medicina também em Dourados, na Universidade Estadual, porque há procura de alunos e necessidade de médicos em todos os municípios. O Estado vai ajudar as prefeituras a contratar mais médicos para trabalharem no interior e atenderem nas unidades públicas de saúde.
Vou priorizar. Quando era prefeito de Campo Grande aplicava, em média, 28% dos recursos em saúde, investimento que permitiu a contratação de 2.850 profissionais, mais 412 médicos, dobrando os atendimentos.
Campo Grande News - O Estado atraiu muitas indústrias com a concessão de incentivos fiscais. No entanto, as indústrias optaram mais pelas regiões central e leste de Mato Grosso do Sul. Quais as alternativas para levar o desenvolvimento a todas as regiões?
Nelsinho - As empresas escolheram uma localização mais próxima dos centros consumidores porque é mais lucrativo para elas. No começo, não era possível direcionar os investimentos através da política de incentivos, mas agora é. Um dos primeiros passos será oferecer incentivos diferenciados, privilegiando as regiões mais deficitárias. Outro caminho é levar a infraestrutura para garantir o aproveitamento intensivo de áreas subaproveitadas. Uma terceira diretrizes será implantar polos industriais no interior, com toda a infraestrutura, oferecendo terrenos e mão de obra capacitada para tornar o negócio atrativo ao empreendedor. É importante reconhecer que as vocações econômicas são distintas e fomentar o desenvolvimento associado a esses potenciais. Por exemplo, o turismo no Rio Paraná é um filão ainda pouco explorado que nós pretendemos incentivar.
Campo Grande News - Quais são suas prioridades em matéria de logística para garantir o desenvolvimento do Estado?
Nelsinho - Tenho dito que o atraso nas ferrovias, há seis anos aprovadas pela administração federal, vem comprometendo o ritmo de crescimento do Estado e do Brasil. A Ferroeste para o porto de Paranaguá e a Ferrovia do Pantanal que demandará ao porto de Santos são estratégicas para baratear o escoamento da nossa produção de grãos, ferro e celulose. Eduardo Campos tem compromisso de acelerar essas duas vias fundamentais de prosperidade para Mato Grosso do Sul. Tenho como prioridade estender a pavimentação asfáltica de Santa Rita Pardo até a divisa com São Paulo – o atual governo está pavimentando o trecho Campo Grande-Santa Rita. Concluir a Rodovia Sul-Fronteira que liga Ponta Porã a Mundo Novo é outro investimento prioritário. Todos os municípios de Mato Grosso do Sul têm acesso pavimentado e, agora, nas Gerências e Conselhos Regionais vamos debater as prioridades que atendem o desenvolvimento econômico e social de cada região. Também pretendo avançar no transporte hidroviário, aproveitando a vantagem competitiva que temos por conta das duas grandes hidrovias, a do Paraguai e a hidrovia do Paraná.
Campo Grande News - Atualmente, o Estado impulsiona os festivais de Inverno de Bonito, América do Sul em Corumbá e o MS Canta Brasil em Campo Grande. O senhor pretende manter esses projetos ou implementará mudanças? Quais?
Nelsinho - Acredito que em time que está ganhando a gente não mexe. Vamos manter sim os festivais e discutir com a classe artística eventuais correções e avanços que tornem essas festas ainda mais populares e valorizadas dentro do calendário turístico de Mato Grosso do Sul. É nossa intenção fomentar outras eventos já tradicionais, como a Festa da Lingüiça de Maracaju, a Festa da Farinha de Anastácio, e estimular o Festival da Erva Mate em Ponta Porã. Os valores da cultura regional serão fortalecidos para se consolidarem no imaginário e no coração das pessoas, constituindo lazer e alegria para o nosso povo.
Campo Grande News - Na Educação, quais serão as prioridades de seu governo?
Nelsinho - Antes de falar de educação é preciso fazer um reconhecimento; Mato Grosso do Sul foi, em 2010 e 2012, o Estado brasileiro que mais investiu em educação, segundo dados oficiais do Ministério da Educação. Quero dizer que essa prioridade vai continuar, notadamente com a expansão da educação integral, inclusive com a construção de prédios escolares adaptados para esse tipo de ensino como fizemos em Campo Grande. O ensino profissionalizante em nível Médio vai crescer, sempre oferecendo capacitações atreladas às demandas e necessidades do mercado de trabalho. Sem dúvida, sem professor não acontece a educação. Então, vamos continuar a política de valorizar o educador, elevando o seu salário e financiando a sua formação em nível de graduação e especialização. É preciso dar ao aluno o instrumento e o incentivo necessários para motivar a aprendizagem, mantendo e ampliando a oferta de uniformes, kits com material escolar e premiação para os melhores desempenhos. Ampliar a UEMS com a conclusão da unidade de Campo Grande e implantação de novos cursos considero caminho natural para oferecer mais oportunidades para os nosso jovens.
Campo Grande News - O Aquário do Pantanal deve ser concluído neste ano. Como o senhor pretende implementar a gestão do local?
Nelsinho - O Aquário do Pantanal será o maior aquário de água doce do mundo, será o marco que consolidará definitivamente Mato Grosso do Sul como o Estado do Pantanal. A gestão do local deve ser feita em uma parceria público privada que valorize o empreendimento do ponto de vista turístico, de educação ambiental, pesquisa e reabilitação da ictiofauna pantaneira. Há que se considerar também o intercâmbio científico com outras nações do globo interessadas em conhecer e proteger a nossa rica biodiversidade. O Aquário será um instrumento para que as gerações futuras aprendam a admirar e a evitar riscos para as espécies aquáticas do Pantanal.
Campo Grande News - Com a concessão das rodovias estaduais, o senhor pretende manter o Fundersul?
Nelsinho - A concessão de algumas rodovias estaduais é um fato novo, ainda em fase de implantação. O Fundersul é uma fonte de recursos importante para manter as rodovias vicinais, do estado e dos municípios, e manter a malha sul-mato-grossense pavimentada. No momento oportuno vamos discutir esse Fundo com os segmentos interessados e adotar uma posição conjunta e responsável. Não se pode tratar esse assunto de forma inconseqüente e eleitoreira.
Campo Grande News - O Estado tem um grande déficit habitacional. Qual a sua meta de construção de casas populares?
Nelsinho - Mato Grosso do Sul já garantiu a construção de 62.500 unidades habitacionais. Esse é o maior programa de toda a história e garante a média de uma casa entregue a cada hora. Superar esse patamar não será fácil, mas nós nos propomos a erguer uma media de 15 mil casas por ano, considerando para isso o apoio às famílias que têm seu próprio terreno e dependem de uma parceria com o poder público edificar seu sonho. A casa própria é o maior sonho da maioria das pessoas e oferece segurança e união para as famílias.
Campo Grande News - Atualmente o Estado contempla cerca de 60 mil famílias com o Vale Renda. O senhor pretende implementar mudanças no programa?
Nelsinho - Esse programa cumpre um papel importante na medida em que socorre a família em situação de vulnerabilidade econômica, assegurando o alimento para a família através do pagamento de R$ 170 mensais, mais o 13ª parcela. Nosso propósito é implantar um programa específico de qualificação profissional para atender todas as famílias do Vale Renda, criando condições para que o seu ganho seja maior e que essas pessoas possam viver com dignidade. Qualificar cada família do Vale Renda, essa é a nossa meta.