Até que os leões tenham seus próprios historiadores...

Para muitos brasileiros Cristóvão Colombo foi o grande descobridor da América. E para outros foi uma das maiores farsas da História Ocidental. Mas, afinal, quem foi Cristóvão Colombo?. A vida de Cristóvão Colombo foi um imenso mistério por centenas de anos. Construído com o propósito de manter o mundo em geral às escuras sobre a sua identidade, com exceção de uns poucos escolhidos que sabiam a verdade, a vida de Cristóvão Colombo sempre foi um labirinto. Ele enganou muita gente por mais de 500 anos. Alguns foram induzidos a aceitar mentiras. Outros a descartar verdades. E o que nos dizem os nossos livros (didáticos e científicos)?

No livro “Portugal e o Segredo de Colombo”, de autoria de Manuel da Silva Rosa, lançado em 2019, propõe-se uma nova visão para a vida de um dos mais consagrados e desconhecidos navegadores. Aclamado como herói em seus dias, foi ainda armado cavaleiro da espora dourada e agraciado com fama e glória de tal forma que poucos seres humanos o conseguiram suplantar. O que apresento neste artigo é um conjunto de informações que ajudam o/a leitor/a a entender quem era o homem a quem chamamos Colombo. E o que deveras fazia em Castela?. O descobridor passou a primeira parte de sua vida em Espanha como agente duplo, ao serviço do rei D. João II, de Portugal. E, nessa qualidade, ele foi um agente do mal quando necessário. O descobridor da América bem pode ter sido o melhor agente duplo da História. Porque conseguiu manter seu segredo durante mais de 500 anos. Não somos os primeiros a declarar que ele era um agente duplo. Mas nunca fora possível reunir evidências que o comprovam tão bem como vai ser, agora, desvendado neste livro.

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Este livro teve tanto impacto da sociedade moderna, que a cidade de São Francisco/Estados Unidos, onde eu residi em 2022/2023 quando eu estive como pesquisador visitante em Stanford University, decidiu retirar a estátua de Cristóvão Colombo. Por quê? Após manifestação, estudos e investigações científicas chegaram à conclusão de que a chegada de Colombo na América resultou no genocídio de centenas de grupos indígenas que habitam no continente. "Destrua todos os monumentos do genocídio e mate todos os colonizadores". Será que isto não deveria ser feito no Brasil em lugares que ainda desconhecem a verdadeira história e, por sua vez, idolatram estas figuras colonizadoras? Precisamos decolonizar o Brasil pois até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caça continuarão a glorificar o caçador! Pense nisto!.

(...) Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caça continuarão a glorificar o caçador". Este provérbio africano contém uma metáfora muito profunda. A partir dela, faço um comentário final: Para (re)conhecer as lutas dos "dominados", não podemos ter como fonte somente a história contada pela classe dominante, mas é preciso escutar atentamente as vozes dos oprimidos!.

(*) Kleber Aparecido da Silva, professor do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas e do Programa de Pós-Graduação em Linguística e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília

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