A cada 9 dias, uma mulher é assassinada em Mato Grosso do Sul
A triste estatística começou em fevereiro e o último caso ocorreu em 31 de julho
Entre 1º de fevereiro e 31 de julho de 2025, pelo menos 20 mulheres foram mortas no Estado em crimes classificados ou com indícios de feminicídio. O levantamento revela um padrão: são 180 dias com 20 mortes, o que leva à média de um assassinato a cada nove dias, um alerta sobre a persistente violência de gênero que atravessa o Estado.
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Em Mato Grosso do Sul, uma mulher é assassinada a cada nove dias, segundo levantamento que registrou 20 feminicídios entre fevereiro e julho de 2025. Entre os casos, destaca-se o da professora Cinira de Brito, morta pelo companheiro, e da jornalista Vanessa Ricarte, cujo assassinato provocou mudanças no atendimento policial. O Estado contabilizou 11.427 casos de violência doméstica em 2024. Para combater esse cenário, foi criada a campanha #TodosPorElas, que reúne os três poderes e oferece atendimento gratuito a mulheres em situação de vulnerabilidade. O crime de feminicídio prevê pena de 12 a 30 anos de reclusão.
Entre os casos mais recentes está o da professora Cinira de Brito, de 52 anos, morta no último dia de julho dentro de casa em Ribas do Rio Pardo. O principal suspeito é o companheiro. Segundo relatos da família, a vítima sofria violência psicológica e havia sido isolada do convívio com amigos e parentes. No mesmo mês, a jovem Juliete Vieira, de 26 anos, foi morta com um golpe de faca no pescoço, em Naviraí. O autor foi o próprio irmão, que primeiro alegou se tratar de uma brincadeira de luta.
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O primeiro feminicídio do ano ocorreu em 1º de fevereiro, na cidade de Caarapó, e teve como vítima Karina Corim, de 29 anos. Ela foi baleada pelo ex‑companheiro dentro de sua loja de acessórios para celular, enquanto estava com uma amiga e uma cliente. O agressor invadiu o estabelecimento, exigiu que a cliente saísse, atirou em Karina à queima-roupa e, em seguida, ateou fogo ao local. A amiga, Aline Rodrigues, também sofreu disparos e morreu. Renan Dantas Valenzuela, 31 anos, tirou a própria vida no hospital algumas horas depois. Karina chegou a ser socorrida e transferida para o Hospital da Vida, em Dourados, mas morreu em 4 de fevereiro. A jovem havia registrado denúncias contra o ex no dia anterior, solicitando medida protetiva.
Do início do ano até aqui, alguns crimes marcaram a opinião pública pela brutalidade ou pelo simbolismo. Foi o caso da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada em Campo Grande no dia 12 de fevereiro. Em áudio, Vanessa reclamava do atendimento na delegacia, o que provocou mudanças profundas na forma de abordagem.
Outro caso de grande comoção foi o duplo feminicídio de Vanessa Eugênia Medeiros e da filha, a bebê Sophie Eugênia, de apenas dez meses, mortas em 26 de maio. O autor foi o companheiro de Vanessa e pai da criança. Ele tentou simular um desaparecimento para despistar a polícia, mas acabou preso em flagrante.
O crime de feminicídio é definido no Código Penal como o homicídio praticado “contra a mulher por razões da condição do sexo feminino”. A pena prevista é de 12 a 30 anos de reclusão, com agravantes que podem elevar a punição, como quando a vítima está grávida, é menor de 14 anos ou possui alguma deficiência.

Diante do cenário, campanhas de conscientização têm sido criadas para tentar frear esse ciclo. Uma delas é a #TodosPorElas, iniciativa nacional que reúne os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O Campo Grande News aderiu formalmente à campanha em janeiro deste ano. A ação mais recente da campanha foi realizada no Parque Jacques da Luz, em Campo Grande, onde cerca de 90 instituições ofereceram mais de 300 atendimentos gratuitos para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Durante um dos encontros promovidos pela campanha, a ex-ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, alertou para a falta de preparo das instituições públicas. Em discurso firme, ela afirmou que violência contra a mulher não pode ser tratada como um crime qualquer. “Você não pode pegar um funcionário público qualquer. Você tem que ter alguém que tenha um mínimo de sensibilidade com a causa, porque senão você vai tratar como se fosse um roubo… estamos falando de violência contra as mulheres”, disse a ex-ministra ao Campo Grande News.
Somente em 2024, o Estado contabilizou 11.427 casos de violência doméstica, segundo dados apresentados durante seminário com participação da ex-ministra.
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