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Cidades

Assassino diz que gays eram “alvos fáceis”, mas polícia vê "ódio" em crimes

Embora homicida sustente que matava para roubar, polícia ainda acredita que está lidando com um serial killer

Anahi Zurutuza | 30/05/2021 10:28
Momento da prisão de José Tiago Soroka, no início da manhã de ontem, em uma pensão no Bairro Capão Raso, periferia de Curitiba (Foto: Polícia Civil do Paraná/Divulgação)
Momento da prisão de José Tiago Soroka, no início da manhã de ontem, em uma pensão no Bairro Capão Raso, periferia de Curitiba (Foto: Polícia Civil do Paraná/Divulgação)

Embora José Tiago Correia Soroka, 33, preso pelo assassinato de três rapazes gays e uma quarta tentativa de homicídio no Sul do País, sustente que matava para roubar, para a Polícia Civil do Paraná, que comanda as investigações, há evidências de que os crimes tenham relação com algum “trauma não resolvido”.  Entre as vítimas do homem, também conhecido como “Japa”, está o estudante sul-mato-grossense Marcos Vinícios Bozzana da Fonseca, de 25 anos, que morava em Curitiba (PR).

“Alguns elementos demonstram que pode existir também um componente de ódio nas ações dele”, revelou a delegada Camila Cecconello, em coletiva de imprensa neste sábado (29), algumas horas após a prisão, conforme registrado pelo jornal Tribuna do Paraná. Ela toca as investigações ao lado do delegado Thiago Nóbrega, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa de Curitiba (PR).

José Tiago afirmou durante a confissão que “conseguia fazer” de R$ 4 mil a R$ 6 mil com a venda de objetos que roubava a cada nova vítima, que estava se sustentando com esse dinheiro e continuaria planejando um assassinato por semana para custear compras, segundo a polícia, de “coisa supérfluas” e cocaína.

O homicida confesso alega ainda escolheu homossexuais por serem “alvos fáceis”. Mesmo assim, os delegados responsáveis pelo caso acreditam que estejam lidando com um serial killer, um psicopata que mata por “gosto”. O autor da série de assassinatos prestou depoimento na presença de um psicólogo, que, em análise preliminar, também entendeu que a motivação não seja somente obter vantagens financeiras com os assassinatos.

Delegados Camila Cecconello e Thiago Nóbrega, responsáveis pelas investigações no Paraná, em coletiva de imprensa (Foto: Portal Banda B FM) 
Delegados Camila Cecconello e Thiago Nóbrega, responsáveis pelas investigações no Paraná, em coletiva de imprensa (Foto: Portal Banda B FM)

Acreditamos que escolhia homens gays por algum trauma não resolvido. Nas palavras de um psicólogo que acompanhava o depoimento, 'ele matava fora o que o matava por dentro'. Escolhia as vítimas homossexuais para matá-las mesmo e se aproveitava das mortes para roubá-las. Em nenhum momento optou por mulheres, homens heterossexuais ou idosos. Deu a impressão de que gostava de matar [homens gays]”, detalhou Thiago Nóbrega, conforme trecho de matéria publicada pelo portal Uol.

A frieza ao detalhar como cometeu os crimes também chamou a atenção dos envolvidos na investigação. Soroka não quis que chamassem um advogado para acompanhá-lo em depoimento, porque confessaria tudo. "Ele disse que tem outras vítimas, mas que não falaria se a gente não estivesse investigando. Só quis comentar sobre as que sabia da existência de uma investigação. É bem frio e calculista", frisou o delegado da DHPP, que pretende descobrir quem são as outras vítimas citadas pelo suspeito.

Sobrevivente – Depoimentos do homem que sobreviveu a ataque e da irmã de José Tiago também levam a crer que o homem preso é um assassino em série. O sobrevivente, um arquiteto morador do Bigorrilho, bairro de classe média em Curitiba, contou à reportagem da Revista Piauí que enquanto tentava asfixiá-lo, o agressor disse: “Eu sou o Coringa! Eu sou louco, gosto de matar”.

José Tiago nasceu em Palmas, município de 51 mil habitantes no Centro-Sul do Paraná, na divisa com Santa Catarina. Uma irmã revelou à polícia ter “vaga lembrança” do irmão ter sido vítima de abuso sexual durante a infância. “Ela acredita que ele tenha ficado traumatizado, porque já passou por tratamentos psiquiátricos”, contou o delegado Thiago Nóbrega também em entrevista publicada na Piauí de 21 de maio.

Marcos Vinício quando passou em vestibular para Medicina, há 5 anos (Foto: Reprodução das redes sociais)
Marcos Vinício quando passou em vestibular para Medicina, há 5 anos (Foto: Reprodução das redes sociais)

Os crimes – Além de Marcos Vinício, morto no dia 4 de maio, segundo as polícias do Paraná e Santa Catarina, também foram executados por “Japa”, o enfermeiro David Júnior Alves Levisio - em 27 de abril - e o professor de geografia, Robson Olivino Paim - em 16 de abril. O ataque ao arquiteto foi em 11 de maio.

Marcos e David moravam sozinhos em Curitiba, assim como o sobrevivente. O primeiro crime foi cometido em Abelardo da Luz, no interior de Santa Catarina. A vítima eram atraídas por meio de aplicativo de relacionamentos e os assassinatos cometidos no primeiro encontro. José Tiago não chegou a fazer sexo com os rapazes e os matou asfixiados.

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