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Cidades

CPI recomenda indiciar “Faraó dos Bitcoins” e "número 1" de La Casa de Papel

Comissão aponta “fortes indícios” de participação em esquemas de pirâmide financeira

Por Aline dos Santos | 11/10/2023 09:56
Patrick Abrahão falou à CPI das Pirâmides Financeiras em 24 de agosto. (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)
Patrick Abrahão falou à CPI das Pirâmides Financeiras em 24 de agosto. (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

A CPI das Pirâmides Financeiras (Comissão Parlamentar de Inquérito) aprovou relatório final e recomendou o indiciamento de 45 pessoas por “fortes indícios” de participação em esquemas de pirâmide financeira e pela prática de crimes como estelionato, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

A lista tem nomes ligados a Mato Grosso do Sul, como Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins” e processado por investidores do Estado; uma advogada presa em Campo Grande durante a 3ª fase da operação Kryptos; e cinco réus na operação La Casa de Papel, liderada pela PF (Polícia Federal) de Dourados contra grupo suspeito de fazer 1,3 milhão de vitimas.

No caso da Trust Investing, alvo da PF após apreensão de esmeraldas em Rio Brilhante, os pedidos de indiciamento são para Patrick Abrahão Santos Silva (músico, empresário e casado com a cantora Perlla), Ivonelio Abrahão da Silva (pai de Patrick), Fabiano Lorite de Lima (diretor de marketing), Diego Ribeiro Chaves e Diorge Roberto de Araújo Chaves.

De acordo com o relatório da CPI, Patrick mentiu durante seu depoimento aos parlamentares, ao mencionar ser somente mais um investidor. Na ocasião, ele negou ser o “cabeça” ou “number one” (número um) da Trust, status que lhe foi atribuído pela operação La Casa de Papel.

“Imperioso reconhecer que Patrick mentiu para esta CPI. Isso porque segundo investigações da Polícia Federal, enviadas a esta Comissão, há vídeos demonstrando que o investigado representava a TRUST. Ele, ao lado do investigado Diego Ribeiro Chaves e outros membros da organização criminosa, tais como Fabiano Lorite, também investigado por esta Comissão, entregou U$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares) em esmeraldas a um investidor”, detalha o documento.

O relatório também destaca entrevista do delegado Marcelo Mascarenhas, da PF de Dourados, ao Fantástico.  “A atuação do Patrick era direta, ele recebia dinheiro em conta pessoalmente dos investidores. A Polícia Federal não tem outro entendimento que a que a participação é total do Patricida até porque foi denunciado, e também existem outros elementos de prova, como quebra de sigilo bancário e fiscal em cima dele”, disse o delegado.

Valeta – Realizada em 3 de fevereiro do ano passado, a operação Valeta prendeu a advogada em Campo Grande. A ação foi uma etapa da Kryptos, que teve como alvo o “Faraó dos Bitcoins”.

O relatório menciona que, segundo investigações da PF, a advogada era responsável pela administração de duas empresas sediadas em Campo Grande e desenvolvia papel de intermediar a movimentação financeira entre principal empresa investigada na Operação Kriptos, e empresas estabelecidas no exterior.

Desde 16 de outubro de 2019, a empresa GLA Serviços de Tecnologia Ltda tem a advogada como sócia. Segundo o documento, a advogada é casada com o principal operador de Glaidson na compra e venda de criptomoedas.

Após a deflagração da operação Kryptos, Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, esposa do “Faraó dos Bitcoins”, fez saque equivalente a R$ 1 bilhão. “Parte relevante deste numerário foi alcançado pela organização criminosa através de empresas controladas por investigada por esta CPI e apontada como pessoa que, em conjunto com seu marido (...), viabilizavam compra e venda de Bitcoins através das empresas controladas por eles”, informa o documento.

A GLA Serviços ficava localizada na Rua Paraná, bairro Santa Fé, em Campo Grande, mesmo endereço do escritório da advogada.

Propostas - Um dos projetos de lei propostos pela CPI altera a Lei dos Crimes contra a Economia Popular e a Lei de Crimes Financeiros. A intenção é criar definição específica para o crime de pirâmide financeira, fixando pena de 6 a 10 anos de reclusão e multa.

 Quando praticado com ativos virtuais, como criptomoedas, a pena passa a variar de 8 a 12 anos e multa. A proposta também amplia o alcance de outros crimes financeiros para abranger condutas ilícitas com ativos virtuais.

Apreendido na "La Casa de Papel", veículo I/BMW X6 tem avaliação inicial em R$ 744 mil. (Foto: Divulgação) 
Apreendido na "La Casa de Papel", veículo I/BMW X6 tem avaliação inicial em R$ 744 mil. (Foto: Divulgação)

Segundo a Agência Câmara de Noticias, os demais projetos pretendem regulamentar: o funcionamento de programas de milhagem de empresas do setor aéreo; a publicidade de criptoativos realizada por influenciadores digitais; e os requisitos para a autorização e o funcionamento dos prestadores de serviços de ativos virtuais, conhecidos pela sigla em inglês VASPs (virtual assets service provider), incluindo o pagamento de tributos no Brasil.

Presidente da CPI, o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) ressaltou que mais de 3 milhões de brasileiros foram lesados por esquemas de pirâmides nos últimos anos, com valores que superam R$ 100 bilhões. “A gente tem que votar com urgência esses projetos para impedir a criação de novos sheiks, faraós e engomadinhos que retiram recursos da população”, disse o deputado, em entrevista coletiva.

O Campo Grande News solicitou posicionamento com a defesa de Diego Ribeiro Chaves, que ia consultar o cliente  para dar retorno. O jornal procurou Patrick Abrahão por meio das redes sociais. A reportagem não conseguiu contato com os demais citados.

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