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Cidades

Infectologista diz que "fungo negro" é raro e restrito ao ambiente hospitalar

No Brasil não há indícios de transmissão na rua, apenas ocorrências entre pessoas internadas

Silvia Frias | 02/06/2021 11:05
Fungo Mucor, causador da mucormicose, o novo temor associado a pacientes com covid-19 (Foto: Getty Images)
Fungo Mucor, causador da mucormicose, o novo temor associado a pacientes com covid-19 (Foto: Getty Images)

Ainda classificado como caso suspeito de infecção por “fungo negro”, paciente de 71 anos, com covid-19, permanece internado em Campo Grande, em estado grave por conta da doença. O material coletado está sob análise no Lacen-MS (Laboratório Central de MS).

O médico infectologista Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância  em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), é cuidadoso em falar da ocorrência do “fungo negro” em pacientes com covid-19 e sobre os casos investigados no Brasil. “Estamos atentos; é fungo oportunista, que está atacando organismos debilitados, mas só dentro do ambiente hospitalar”, disse.

A mucormicose, conhecida como “fungo negro” é o novo temor associado à covid-19, que se alastrou na Índia, com 9 mil infectados e está em investigação no Brasil, com casos suspeitos em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Manaus. A doença necrosa os tecidos da face, atingindo nariz, olhos e podendo chegar ao cérebro. Segundo dados do Hospital das Clínicas de São Paulo, complexas cirurgias são necessárias para salvar o paciente e 50% deles não resistem às complicações.

“O fungo já existia, não é raro, a mucormicose está catalogada, existia antes, mas essa associação com covid é que estamos apurando”, explicou.

O infectologista explica que os especialistas estão tentando catalogar os casos suspeitos no Brasil e dimensionar quais fatores propiciam o aparecimento do fungo. “Não é somente o ambiente em si, mas uma pessoa debilitada em ambiente hospitalar”, diz.

Os pacientes com maior predisposição para os efeitos do “fungo negro”, são os com baixa imunidade, como os que estão em tratamento quimioterápico, HIV, diabéticos (com aumento da glicose e favorece proliferação do fungo) e transplantados de medula óssea e com doenças onco-hematológicas. O uso de altas doses de corticoides também são fatores de risco para o desenvolvimento de mucormicose. O  infectologista alerta, porém, que a doença é rara no Brasil, mesmo em pacientes que poderiam estar predispostos.

Em Mato Grosso do Sul, a informação da SES (Secretaria Estadual de Saúde) é que o paciente, de 71 anos, não precisa ficar em área isolada além do ambiente já restrito previsto para os que estão em tratamento da covid-19. O homem é diabético e hipertenso.

O doente passou a ter sintomas de covid-19 em 9 de maio e teve o diagnóstico confirmado no dia 18.  O homem havia tomado as duas doses de vacina contra o coronavírus em março e abril. A suspeita se mucormicose surgiu em 28  de maio, no olho esquerdo.

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), ele foi transferido da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) onde procurou primeiro atendimento e teve o caso suspeito de “fungo negro” já no hospital para onde foi transferido, unidade que não foi revelada.

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