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Cidades

MS precisa de R$ 1 bilhão por ano para recuperar estradas vicinais, diz estudo

Capital e Dourados têm maiores demandas de investimento; más condições prejudicam agro, saúde e educação

Por Guilherme Correia | 08/10/2025 13:55
MS precisa de R$ 1 bilhão por ano para recuperar estradas vicinais, diz estudo
Trabalhadores realizam terraplenagem e canalização na Rodovia do Turismo, em Mato Grosso do sul. (Foto: Divulgação)

Levantamento da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) em parceria com a USP (Universidade de São Paulo) divulgado nesta quarta-feira (8) indica que Mato Grosso do Sul precisaria investir cerca de R$ 1,09 bilhão por ano para recuperar e manter sua malha de estradas vicinais.

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Mato Grosso do Sul necessita de R$ 1,09 bilhão por ano para recuperar e manter sua malha de estradas vicinais, segundo estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a USP. Do total de 71,1 mil quilômetros de estradas, grande parte encontra-se em condições precárias de trafegabilidade. As microrregiões de Dourados, Três Lagoas e Campo Grande concentram as maiores demandas por recursos, necessitando R$ 245 milhões, R$ 176 milhões e R$ 173,5 milhões anuais, respectivamente. A precariedade da infraestrutura rural gera perdas econômicas significativas, afetando o transporte da produção agropecuária e o acesso a serviços públicos.

O estudo Panorama das Estradas Vicinais no Brasil foi elaborado pelo grupo de pesquisa ESALQ-LOG, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e detalha a situação de cada estado brasileiro em relação às vias responsáveis por escoar a produção agropecuária e conectar áreas rurais às rodovias principais.

No cenário sul-mato-grossense, o levantamento aponta que de 71,1 mil quilômetros de estradas, boa parte está em condições precárias de trafegabilidade.

Desse total, R$ 806,8 milhões seriam necessários para adequar trechos em más condições, e outros R$ 283,6 milhões para manter as vias que ainda oferecem condições mínimas de uso.

A malha vicinal de MS é usada para circular a produção de grãos, carne e madeira que abastece indústrias locais e se conecta aos corredores logísticos nacionais. As vias também são essenciais para o deslocamento da população rural, que inclui professores, profissionais de saúde e trabalhadores que dependem dessas estradas diariamente.

Segundo o estudo, a precariedade da infraestrutura rural gera perdas econômicas significativas, com aumento do custo do transporte, combustível e da logística de exportação.

Além disso, a má conservação também dificulta o acesso a serviços públicos e afeta o desenvolvimento regional.

MS ocupa a nona posição entre os estados com maior necessidade de investimento anual para recuperar e manter as estradas vicinais. Rio Grande do Sul (R$ 2,59 bilhões), Minas Gerais (R$ 2,52 bilhões) e Pará (R$ 2,21 bilhões) ocupam as primeiras posições e, na outra ponta, os menores volumes de recursos necessários são Rio de Janeiro (R$ 22,8 milhões), Acre (R$ 25,8 milhões) e Roraima (R$ 136,6 milhões).

Campo Grande e Dourados concentram prioridades — Entre as oito microrregiões prioritárias para investimento no Estado, Campo Grande e Dourados se destacam como as que mais demandam recursos.

A região de Campo Grande, que inclui municípios como Sidrolândia, precisa de cerca de R$ 173,5 milhões por ano para adequar e manter suas estradas rurais — sendo R$ 128,4 milhões destinados à recuperação de trechos degradados e R$ 45 milhões à manutenção.

A Capital e seu entorno figuram entre os polos de maior produção de bovinos, soja, milho e frango. Sidrolândia, por exemplo, tem o maior plantel de galinhas do Estado, além de produção expressiva de grãos e carne.

Já a microrregião de Dourados lidera o ranking estadual, com necessidade estimada em R$ 245 milhões anuais, seguida por Três Lagoas (R$ 176 milhões) e Campo Grande. Essas três regiões concentram a maior parte do agronegócio industrializado de Mato Grosso do Sul, e o estudo aponta que os gargalos logísticos nessas áreas impactam diretamente a competitividade estadual.

Gargalo estrutural — De acordo com os pesquisadores da USP, a predominância dos gastos em adequação — mais de 70% do total — mostra que a maior parte da malha ainda precisa de obras estruturais, e não apenas de manutenção.

Em muitos casos, são vias de terra que sofrem com erosões, alagamentos e falta de drenagem, inviabilizando o transporte durante o período chuvoso.

A pesquisa também ressalta que o Mato Grosso do Sul está entre os estados com maior necessidade proporcional de investimento em relação à extensão da malha rural.

Estados como Minas Gerais e Bahia lideram o ranking nacional em quilômetros de estradas vicinais, mas o custo relativo de recuperação é semelhante ao do território sul-mato-grossense, que combina alta produtividade agrícola com vias pouco estruturadas.