Celular apreendido em cela derruba rede de tráfico comandada por presos em MS
Organização atua no comércio de drogas, corrupção, usura, venda ilegal de armas e lavagem de dinheiro
Traficantes de drogas comandados por presos estão na mira do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que saiu às ruas nesta sexta-feira (7) para cumprir mandados de busca e apreensão em Campo Grande, outras sete cidades de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Santa Catarina, durante a Operação Blindagem. Celular apreendido com o líder do grupo dentro da cela foi o ponto de partida da investigação.
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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou nesta sexta-feira (7) a Operação Blindagem, visando desarticular organização criminosa envolvida em tráfico interestadual de drogas. A ação cumpre 35 mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão em oito cidades de Mato Grosso do Sul, além de municípios em São Paulo e Santa Catarina. Durante 25 meses de investigação, descobriu-se que o grupo, comandado de dentro do sistema prisional, mantinha vínculos com o PCC e atuava no tráfico de drogas para diversos estados brasileiros. A organização contava com apoio de servidores públicos corrompidos, que facilitavam acesso a telefones e informações sigilosas dentro dos presídios.
São 76 mandados de prisão e de busca e apreensão a serem cumpridos. Até o momento, a polícia apreendeu centenas de reais e até dólares. Também foram encontradas armas de fogo e munições. Uma curiosidade foi a apreensão de 4 cheques no valor de R$ 200 mil cada, de bancos de Florianópolis e Nova Trento, dois municípios de Santa Catarina.
Entre os alvos dos agentes está um morador de Aquidauana, já investigado desde 2019, quando o Gaeco deflagrou a Operação Balcão de Negócios por tráfico e comércio ilegal de armas. A casa dele, na Vila Paraíso, foi vistoriada.
Segundo a investigação, trata-se de uma organização criminosa armada envolvida em tráfico interestadual de entorpecentes, corrupção ativa e passiva, usura, comércio ilegal de armas de fogo e lavagem de capitais.
"(...) a estrutura era comandada de dentro do sistema prisional e contava com uma rede de colaboradores em Campo Grande, Aquidauana, Anastácio, Corumbá, Jardim, Sidrolândia, Ponta Porã e Bonito, além de integrantes em São Paulo e Santa Catarina", diz a nota do Ministério Público.
Durante 25 meses de investigação, o Gaeco identificou que o grupo atuava em diversas frentes, enviando drogas para cidades do interior de Mato Grosso do Sul e para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Acre, Maranhão e Goiás. Para isso, utilizava diferentes métodos, como caminhões com fundo falso carregados com produtos alimentícios acompanhados de nota fiscal, remessas por Sedex, transporte em veículos de passeio e utilitários, e até envio por passageiros transportados em vans.
As apurações também revelaram vínculos da organização com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo o Gaeco, membros da alta cúpula da facção forneciam suporte para ampliar o tráfico e autorizar punições violentas a quem estivesse em dívida com o grupo. Foram identificados casos de extorsão mediante arma de fogo, violência e restrição de liberdade para cobrar débitos ligados ao tráfico de drogas e à usura, outra prática explorada pela organização.
O ponto de partida do trabalho investigativo foi a apreensão do telefone celular do líder da organização criminosa, usado dentro de uma cela de presídio no interior do Estado. A partir disso, foi possível identificar a corrupção de servidores públicos responsáveis por garantir acesso a aparelhos telefônicos, informações sigilosas e, principalmente, a permanência de detentos em unidades prisionais de menor segurança, de onde coordenavam as práticas ilícitas com mais liberdade.
Mandados - Nesta fase da operação, estão sendo cumpridos 35 mandados de prisão preventiva e 41 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Aquidauana, Sidrolândia, Jardim, Bonito, Ponta Porã e Corumbá, além das cidades de Porto Belo (SC), Balneário Piçarras (SC), Itanhaém (SP) e Birigui (SP).
As diligências contam com apoio operacional do Batalhão de Choque, Bope, Força Tática e Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). Em São Paulo, a Polícia Civil auxilia os trabalhos, enquanto em Santa Catarina o apoio é do Gaeco e da Polícia Militar. A OAB/MS acompanha a operação.
O nome Blindagem faz referência ao sistema de proteção que a organização criminosa mantinha por meio da corrupção de servidores, garantindo permanência em presídios de menor rigidez, transferências de rivais e acesso a informações privilegiadas sobre movimentação de presos e dados restritos de bancos públicos.
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