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Cidades

Pai diz que matou filho autista por não conseguir pagar pensão

Crime foi planejado; segundo o delegado, o homem alegou dificuldades financeiras para justificá-lo

Por Bruna Marques | 07/11/2025 08:09


RESUMO

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Um pai de 38 anos confessou ter assassinado o próprio filho, de 11 anos, que era autista não verbal e deficiente visual, em João Pessoa (PB). O crime foi motivado pela incapacidade do homem de pagar a pensão alimentícia de R$ 1,8 mil. O corpo da criança foi encontrado em uma cova rasa em área de mata. Segundo a polícia, o crime foi meticulosamente planejado. O pai viajou de Florianópolis até João Pessoa com a intenção de matar o filho, asfixiando-o com uma rede e um travesseiro. O assassino pode pegar mais de 32 anos de prisão por crime triplamente qualificado.

Davi Piazza Pinto, de 38 anos, confessou ter matado o próprio filho, um menino de 11 anos com autismo não verbal e deficiência visual, em João Pessoa (PB). O corpo da criança, natural de Campo Grande, foi encontrado em uma cova rasa de cerca de 20 centímetros em uma área de mata no Bairro Colinas do Sul. Segundo a Polícia Civil, o assassinato foi motivado pela “incapacidade” do pai de continuar pagando a pensão alimentícia, no valor de R$ 1,8 mil.

De acordo com o delegado adjunto da DCCPES (Delegacia de Crimes Contra a Pessoa), Bruno Victor Germano, o crime foi meticulosamente planejado. “Ele veio de Florianópolis para João Pessoa com o objetivo de matar o filho. Contou à mãe da criança que faria uma viagem para se aproximar do menino, disse que compraria passagens e que passariam alguns dias juntos, mas era tudo uma farsa. Ele nunca comprou passagem alguma”, explicou o delegado.

Davi alugou um apartamento na capital paraibana, onde recebeu o filho na sexta-feira, 31 de outubro. “Assim que a mãe deixou a criança, ele iniciou a execução. O menino foi morto por asfixia, possivelmente com o uso de uma rede e um travesseiro. Depois, ele enrolou o corpo na rede, chamou um carro de aplicativo e seguiu até uma área industrial isolada, onde o enterrou”, detalhou Germano.

Segundo a investigação, Davi justificou o assassinato alegando estar “sufocado financeiramente” com o pagamento da pensão. “Ele afirmou em depoimento que via o filho como um problema. Disse que não suportava mais a pressão financeira. É um crime triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima, além de envolver ocultação de cadáver. A pena pode ultrapassar 32 anos de prisão”, ressaltou Germano.

Pai diz que matou filho autista por não conseguir pagar pensão
Davi Piazza Pinto detido pela Polícia Militar de Santa Catarina após confessar o assassinato do filho em João Pessoa (Foto: Jornal Razão)

Após o crime, Davi voltou a Florianópolis. No domingo (2), contou à própria mãe que havia matado o filho. Ela acionou a Polícia Militar, e o homem se entregou. “Ele ligou para a mãe da criança também, contou que havia matado o menino e desligou. Desesperada, ela nos procurou e relatou o que ouviu. Em seguida, recebemos as informações e localizamos o corpo em uma área afastada, com terreno arenoso. O corpo foi encontrado exatamente onde ele disse, em uma cova rasa, e os objetos usados no crime estavam no apartamento”.

A criança, que tinha apenas 5% da visão e dependia totalmente dos cuidados da família, nasceu prematura de cinco meses. A Justiça deve decidir nos próximos dias se o acusado permanecerá preso em Florianópolis ou será transferido para João Pessoa, onde o crime ocorreu.

Em Campo Grande, onde o menino nasceu e passou os primeiros anos de vida, a notícia causou desespero. A tia materna, de 45 anos, contou ao Campo Grande News na segunda-feira (3) que a mãe do garoto está em estado de choque e ainda não consegue falar sobre o caso.

“Meu sobrinho era um menino feliz e tranquilo; não falava, mas demonstrava carinho com gestos e sons. Ele nasceu com 24 semanas, ficou cinco meses na UTI da Santa Casa e superou tudo. Perdeu a visão, mas vivia bem. Não merecia esse fim”, lamentou a tia, emocionada.

Segundo ela, o pai morou por anos na Vila Planalto, em Campo Grande, antes de se mudar para o Sul. “Ele não via o filho havia muito tempo e fingiu querer visitá-lo. Minha irmã acreditava que ele queria passar uns dias com o menino. No domingo, ele ligou dizendo que tinha matado. É uma crueldade que não cabe em palavras,” contou, chorando.

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