Receitas falsas de sedativos circulam na fronteira e Vigilância emite alerta
Falsificação pode estar ligada ao uso dos medicamentos para praticar crimes após o "boa noite, Cinderela"

A Vigilância Sanitária Estadual emitiu alerta para farmácias de todo o Mato Grosso do Sul e Vigilâncias Sanitárias Municipais sobre a circulação de receitas médicas falsas.
RESUMO
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Vigilância Sanitária alerta para receitas falsas de sedativos em MS. Farmácias de Ponta Porã desconfiaram de receitas com erro na escrita do nome do medicamento e código de área diferente do estado de origem. Os medicamentos prescritos são sedativos controlados, um de receita azul e outro branca, usados em casos psiquiátricos e para sedação em intubação. Receitas falsas usam nome de médico de Campo Grande, que negou qualquer vínculo com as clínicas citadas nos documentos. Uma clínica em Naviraí teve seu nome usado indevidamente e registrou boletim de ocorrência. Outra clínica, supostamente em Campo Grande, não foi localizada. A Polícia Civil investiga o caso. Farmácias devem recusar as receitas suspeitas e profissionais vítimas da falsificação devem registrar boletim de ocorrência.
Segundo explicou nesta segunda-feira (12) o gerente de medicamentos e produtos da Vigilância estadual, Adam Adami, a suspeita foi levantada por farmacêuticos de Ponta Porã, município que faz fronteira com cidade paraguaia. Os funcionários desconfiaram de duas receitas médicas recebidas nos estabelecimentos.
Chamaram atenção erro na escrita do nome de medicamento e incoerência como o código de área do telefone de clínica ser diferente da identificação do Estado de origem do documento médico.

Os remédios supostamente prescritos foram dois sedativos, um em receita azul e outro em receita branca. O primeiro é um psicotrópico de uso restrito que só pode ser entregue se uma via do receituário ficar com a farmácia. O segundo só exige retenção se for remédio de classe especial, como é o caso.
Um dos medicamentos é utilizado na sedação para intubação, por exemplo. O outro é geralmente indicado para pacientes com transtornos psiquiátricos, como a esquizofrenia, e tem o efeito de estabilizar o humor e induzir ao sono.
"A preocupação é o uso deles na prática de crimes como o 'boa noite, Cinderela', por exemplo", destacou Adam.
Médico e clínicas - O nome de um mesmo médico está na assinatura e carimbo das duas receitas falsas. Ele atua em Campo Grande e é clínico geral, segundo consulta ao registro dele junto ao CRM (Conselho Regional de Medicina).
Nota da Vigilância Estadual informa que o profissional garantiu que "jamais exerceu qualquer atividade nas clínicas citadas, sendo falso o carimbo e assinatura".
Já em relação às clínicas associadas às receitas falsas, são duas. Uma delas existe e está localizada em Naviraí. Os responsáveis registraram um boletim de ocorrência para denunciar a falsificação.

A outra seria da Capital e se chama Clínica São Roque. Mas, nem o endereço no rodapé, nem o nome do estabelecimentos foram encontrados nas consultas do órgão estadual. Os dados não existem.
Polícia - Segundo nota da SES (Secretaria Estadual de Saúde), o caso é investigado pela Polícia Civil. A assessoria de imprensa da força de segurança, no entanto, não confirmou se um procedimento foi aberto.
A reportagem questionou também a PF (Polícia Federal) se alguma investigação foi iniciada. A resposta é que não.
O Campo Grande News consultou a 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã sobre os boletins de ocorrência registrados sobre o caso. Não houve registros até o momento, de acordo com a delegada titular, Elisângela Cristaldo.
O que fazer - A nota da Vigilância Sanitária Estadual orienta farmácias a ficarem atentas e não aceitarem os receituários.
Caso recebam receitas suspeitas, o farmacêutico responsável técnico pelo estabelecimento poderá entrar em contato com a Vigilância Sanitária de seu município ou com a área técnica da Vigilância Sanitária Estadual pelo WhatsApp (67) 3322 7123.
"Reforçamos a importância de que as Clínicas Médicas e os médicos cujos nomes forem citados em receitas – vítimas de falsificação – procurem uma delegacia de polícia e registrem boletim de ocorrência, para que as investigações sejam devidamente realizadas e os responsáveis identificados", incluiu a Secretaria Estadual de Saúde.
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