Alvo de operação, dono de frigorífico já havia sido preso por sonegação em 2014
Reginaldo da Silva Maia e família agem da mesma forma há mais de 10 anos, segundo investigação
O empresário alvo da operação DNA Fiscal, deflagrada pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), na manhã desta quarta-feira (22), já havia sido preso em investigação sobre sonegação há 9 anos. Hoje, as equipes cumpriram 6 mandados de busca em endereços ligados a Reginaldo da Silva Maia e seus familiares, por esquema que causou prejuízo de R$ 779 milhões aos cofres públicos.
RESUMO
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O empresário Reginaldo da Silva Maia, alvo da operação DNA Fiscal do Dracco, é investigado por esquema que causou prejuízo de R$ 7,79 milhões aos cofres públicos. A ação cumpriu seis mandados de busca em endereços ligados ao empresário e seus familiares, resultando na apreensão de documentos e celulares. Em 2014, Maia já havia sido preso pela Polícia Federal por integrar quadrilha especializada em fraudes fiscais. O empresário também perdeu 121 carros para a União em 2023 após condenação por lavagem de dinheiro e, junto com seu pai, foi alvo de tentativa de envenenamento em 2009 por um funcionário, que posteriormente foi absolvido.
Ao Campo Grande News, a delegada Ana Cláudia Medina, explicou que durante a investigação ficou comprovada a existência da organização criminosa. As equipes do Dracco ainda estão nas ruas, mas já foram apreendidos alguns documentos e celulares.
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“Comprovamos que realmente há essa fraude. Constatamos a dissimulação dos valores e recebemos e que eles estão tentando sair do radar. Essa ação foi pontual, recolhemos documentações, mas existem casas que eram apontadas como sede do frigorífico que estavam vazias”, explicou Medina, ressaltando que não foram cumpridas ordens de prisão.
No esquema estavam envolvidos filha, irmão, ex-assessor, entre outras pessoas ligadas a Reginaldo. Um dos endereços que as equipes estiveram é do Residencial Bariloche, na Vila Carlota, em Campo Grande. Lá os policiais ficaram por aproximadamente 1 hora e saíram levando malotes, segundo moradores.
A família também é personagem de história de cinema. Pai e filho foram vítimas de uma tentativa de homicídio. O funcionário do mesmo frigorífico da Capital foi suspeito de envenenar os patrões. Ele teria colocado veneno no suco das vítimas. O caso ocorreu em dezembro de 2009 e em julho de 2019 o homem foi absolvido.
A reportagem não encontrou contato da defesa de Reginaldo, mas o espaço segue aberto.
“Reincidente” – Em dezembro de 2014, Reginaldo foi preso pela Polícia Federal. Na ocasião, ele esteve na sede da Superintendência Regional para prestar esclarecimentos, mas estava com mandado de prisão preventiva em aberto por conta da Operação Labirinto de Creta, deflagrada em novembro do mesmo ano, também por fraudes fiscais.
O esquema funcionava exatamente como o investigado agora, com braços no Mato Grosso do Sul e no Paraná. A quadrilha utilizava empresas laranja e até mesmo familiares para driblar a fiscalização e ocultar uma fortuna avaliada em aproximadamente R$ 200 milhões, valor oriundo da sonegação de impostos de frigoríficos que funcionavam em nome da organização criminosa.
Já em 2014 o grupo deixava de pagar impostos e com o dinheiro sonegado, adquiria bens em nomes de outras empresas e laranjas. Durante a operação foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em Nioaque, Terenos e Campo Grande, e também nos municípios paranaenses de Maringá, Paiçandu e Tapejara.
Em abril de 2023, ele conseguiu anular na 11ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, uma das sentenças que o condenou junto com o pai, Geraldo Regis Maia. Ambos, sócios no frigorífico Boi Brasil, foram condenados por sonegação fiscal e previdenciária de quase R$ 74 milhões.
Naquele ano, em fevereiro, Reginaldo perdeu 121 carros para a União, após ser condenado por lavagem de dinheiro pela 11ª Turma do TRF 3, no caso de outro frigorífico, o Beef Nobre de Campo Grande. O empresário também recebeu pena de prisão de 5 anos, 4 meses e 15 dias. Parte das empresas que estavam sob comando da família tiveram as atividades encerradas.
Operação de 2025 - Segundo a Polícia Civil, as operações envolviam movimentações superiores a R$ 1 milhão por mês, segundo dados obtidos a partir de alertas de instituições financeiras. O montante ultrapassa os R$ 779 milhões.
O esquema era estruturado em três núcleos principais. O Núcleo Gerencial, formado pelos verdadeiros administradores das empresas, comandavam as operações sem constar formalmente nos quadros societários. O Núcleo de Interpostos (“laranjas”) era composto por pessoas de baixa renda incluídas como sócias ou administradoras para ocultar os reais beneficiários.
Já o último era o Núcleo Financeiro, responsável pela movimentação de dinheiro em espécie e ocultação patrimonial por meio de empresas de fachada, dificultando o rastreamento dos valores.
A ação contou com apoio técnico da PGE (Procuradoria-Geral do Estado) e da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda). Os crimes envolvem sonegação de impostos, lavagem de dinheiro, além de blindagem patrimonial, que se torna ilegal quando é usada com o objetivo de fraudar credores, esconder bens ou burlar obrigações legais e pagamento de impostos.