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Capital

Após ataque no Parque dos Poderes, corredores ajustam rotas e redobram atenção

Esportistas evitam pontos considerados perigosos e dizem que falta melhorar patrulhamento no local

Por Silvia Frias e Gabi Cenciarelli | 27/11/2025 07:06
Após ataque no Parque dos Poderes, corredores ajustam rotas e redobram atenção
Assessorias de corrida aumentam movimento no Parque dos Poderes (Foto: Marcos Maluf)

No dia seguinte à tentativa de estupro no Parque dos Poderes, o cenário era semelhante a qualquer outra quinta-feira: muita gente correndo, pedalando ou caminhando. Mas, hoje, o cuidado é redobrado e teve quem evitasse pontos considerados perigosos e mantivesse o olhar atento para todos os lados.

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No dia seguinte a uma tentativa de estupro no Parque dos Poderes, em Campo Grande, frequentadores mantiveram a rotina de exercícios, mas com cautela redobrada. O local, que concentra maior movimento às quintas-feiras devido às assessorias de corrida, não apresentava patrulhamento policial durante a manhã.O caso ocorreu quando um homem identificado como Gleidon Barbosa da Silva, de 33 anos, tentou arrastar uma mulher para uma área de mata. No mesmo dia, um homem de 29 anos foi assaltado no parque, tendo seus pertences roubados e sendo vítima de transferência bancária via Pix.

Na quinta-feira, o movimento é maior por conta das assessorias de corrida, que organizam vários grupos para a prática esportiva coletiva. A equipe de reportagem chegou por volta das 5h30, percorreu as ruas do parque por uma hora e não encontrou nenhuma viatura da PM (Polícia Militar) nas vias do local.

A advogada Marília Stangarlin, 34 anos, corre no Parque dos Poderes há cerca de dois anos, três vezes na semana. “Terça e quinta têm as assessorias, é bem movimentado, me sinto segura, mas alguns pontos, por exemplo ali embaixo, na curva, geralmente ninguém corre muito”, disse, acrescentando que também evita o trecho.

Após ataque no Parque dos Poderes, corredores ajustam rotas e redobram atenção
Mulher corre sozinha em trecho no Parque dos Poderes (Foto: Marcos Maluf)

O ponto indicado por Marília foi onde ocorreu a tentativa de estupro, ontem, por volta das 5h15. Conforme relatado pela vítima à polícia, o homem identificado como Gleidon Barbosa da Silva, 33 anos, tentou arrastá-la para uma mata fingindo estar armado. A mulher reagiu e pediu socorro; o agressor correu, mas foi alcançado e detido.

Marília se surpreendeu que o ataque tenha ocorrido cedo, em horário que normalmente tem movimento. “De manhã a gente pensa ‘Ah, o povo que faz coisas erradas, os meliantes estão dormindo, né? Não vão acordar às cinco horas da manhã pra atacar pessoas’. Porque se fosse à noite, você fala: ‘À noite é mais perigoso’. Mas de manhã eu nunca tinha ouvido falar”, contou.

Deolina Souza de Oliveira, 82 anos, também estava no parque, acompanhada do marido e de um casal de amigos. “Sozinha eu não venho de jeito nenhum”. Diz que não viu patrulhamento hoje. “Tem que ter, a quantidade de pessoas, atleta correndo, andando de bicicleta, e mesmo as moças correndo aqui nessa pista onde eu corro”.

A psicóloga Paula Vilena, 40 anos, estava com uma amiga e adotou como tática correr somente nos dias de assessoria, quando os grupos organizados são maiores. “A gente acaba ficando mais segura pela quantidade de pessoas, mas não pelo patrulhamento. Acho que falta um pouco, principalmente por causa das mulheres”.

Após ataque no Parque dos Poderes, corredores ajustam rotas e redobram atenção
Deolinda diz que não corre sozinha e evita alguns lugares (Foto: Marcos Maluf)

Frequentador do parque há cerca de um ano, o empresário Douglas Brandão, 43 anos, conta que a situação é mais tensa na sexta-feira, quando é comum ver pessoas alcoolizadas que estacionam em pontos do local. Hoje, veio mais tarde e desconfiado. “O pessoal está com medo, falei ‘vou dar uma arriscada, mas vou correr mais pra cá’”.

Além do estupro, circulava entre os esportistas o relato de outro crime, também ocorrido ontem, às 7h44, segundo registro da ocorrência.

O caso foi registrado na Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). Segundo o homem de 29 anos, ele foi assaltado enquanto começava uma corrida na Avenida Desembargador José Nunes da Cunha, no Parque dos Poderes. A vítima relatou que foi abordada por um ladrão armado com uma faca, que levou chave do carro, celular, relógio e óculos. Depois, percebeu que fizeram um pix de R$ 300 usando o aparelho celular.

Após ataque no Parque dos Poderes, corredores ajustam rotas e redobram atenção
"Ser mulher é difícil", resume Marília Starling (Foto: Marcos Maluf)

Brandão diz que muitos preferem correr dentro do parque, perto dos grupos das assessorias. Mas conta que um amigo desistiu de ir ao local hoje depois dos relatos.

Marília Stangarlin, a primeira entrevistada, diz que é preciso ficar alerta. “Ser mulher é difícil, né? Porque a gente, em todo lugar que vai, nunca está totalmente segura. Quem tem assessoria se sente um pouco mais segura, mas quem não tem, tem que ser assim: se está de fone, correr com um fone só, ficar sempre de olho”.

A reportagem entrou em contato com a PM para saber do patrulhamento no local e aguarda retorno para atualização do texto.

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Douglas relata que é comum encontrar pessoas alcoolizadas no parque (Foto: Marcos Maluf)

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