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Capital

Assédio sexual, ciúme e ganância permeiam morte de ex-vereador

De acordo com o Garras, suspeito que planejou crime estava enciumado com avanços de Alceu sobre a namorada

Richelieu de Carlo e Luana Rodrigues | 29/12/2016 18:12
Kátia de Almeida Rocha, dona de casa de 24 anos, seria a pivô do crime, segundo a polícia. (Foto: Alcides Neto)
Kátia de Almeida Rocha, dona de casa de 24 anos, seria a pivô do crime, segundo a polícia. (Foto: Alcides Neto)

O ex-vereador de Campo Grande Alceu Bueno foi morto por ciúmes após assediar Kátia de Almeida Rocha, dona de casa de 24 anos, em um grupo do WhatsApp, aponta investigação do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), cujos detalhes do crime foram apresentados em coletiva na tarde desta quinta-feira (29).

De acordo com o delegado Edilson dos Santos, que liderou as investigações do homicídio, tudo teve início quando Alceu Bueno foi adicionado em um grupo do WhatsApp em que estava Kátia Rocha. Ele teria começado a assediá-la constantemente.

Incomodada com a situação, Kátia relatou a situação para seu namorado, Elpídio Cesar Macena do Amaral, 26 anos. Com ciúmes, Elpídio planejou matar o ex-vereador. "O motivo principal era matar, não roubar", afirma o delegado.

No dia 19 de setembro deste ano, véspera do crime, Elpídio Cesar Macena do Amaral e seu sobrinho, o pedreiro Josian Edson Cuando Macena, 21 anos, aguardavam a chegada de Alceu e Kátia, na casa dela, no bairro Jardim Seminário.

Antes de chegar em casa, no encontro com Bueno, Kátia percebeu que  a vítima carregava um maço de dinheiro e informou os comparsas sobre isso.

Ao deixá-la em casa, o ex-parlamentar não entrou na residência, frustrando os planos de Elpídio. Que manteve a ideia para o dia seguinte.

Em 20 de setembro, a situação se repetiu: tio e sobrinho esperavam em casa, enquanto Alceu e Kátia estavam em um encontro. Desta vez, ao deixá-la em casa, Bueno entrou na residência.

Como não havia sofá na sala, os dois foram diretamente para o quarto. Dizendo que precisava fechar a porta da sala, a dona de casa deixou Alceu no cômodo e chamou a dupla que aguardava em outro quarto.

Quando os dois entraram no quarto, Josian, com um martelo, e Elpídio, com uma tábua de carne, deram diversos golpes na cabeça de Alceu Bueno, que não morreu prontamente e agonizava bastante. Para finalizar o serviço, os assassinos usaram a alça da bolsa de Kátia e estrangularam a vítima.

Constatada a morte, os três colocaram o corpo no porta malas e seguiram para o bairro Jardim Noroeste, onde morava Josian Macena, que seguiu em uma moto atrás da Land Rover Freenlander 2, dirigida por Kátia com Elpídio no carona.

Na residência no Noroeste, Elpídio retirou a gasolina da moto e colocou em um recipiente. Após isso, foram até ao bairro Jardim Veraneio, próximo ao Parque dos Poderes, onde incendiaram o corpo de Alceu, junto com seus pertences e a tábua de carne usada no homicídio.

A escolha do local da incineração do corpo foi ideia de Josian, que conhecia a região, pois havia prestado seus serviços de pedreiro na construção do condomínio próximo, cujas as câmeras de segurança filmaram a ação.

Livres do corpo, o casal Kátia e Elpídio seguiram para Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, onde pretendiam vender a Land Rover de Alceu. A tentativa de vender o veículo, de acordo com o delegado, foi a brecha do casal para a polícia.

Elpídio Cesar Macena do Amaral, 26 anos, teria planejado o crime. (Foto: Alcides Neto)
Elpídio Cesar Macena do Amaral, 26 anos, teria planejado o crime. (Foto: Alcides Neto)
Delegado Edilson dos Santos durante coletiva nesta quinta-feira (29). (Foto: Alcides Neto)
Delegado Edilson dos Santos durante coletiva nesta quinta-feira (29). (Foto: Alcides Neto)

Investigações - Segundo o delegado Edilson dos Santos, a polícia teve a primeira informação sobre os suspeitos, através de uma denúncia que relatava que um casal estava tentando vender o carro em Ponta Porã no mesmo dia do crime.

A polícia foi até o município, e consegiu com o informante o telefone de um do casal que tentou vender o carro. Com a posse do número e a informação de que ambos voltaram de ônibus para Campo Grande, os investigadores foram até a empresa transportadora e solicitou o todas as passagens vendidas no dia.

Pelo número do telefone, a investigação coseguiu identificar os suspeitos que compraram as passagens e fizeram o cruzamento dos sigilos telefônicos. Descobrindo que Kátia, Elpídio e Josian estiveram na mesma hora, no dia do crime, no local onde o corpo foi incendiado. Desde então passou a monitorar as ações do trio.

Na semana passada, foi expedido a prisão temporária dos três para colhimento dos depoimentos e, ontem, os saiu a solicitação de prisão precentiva. Sendo que na manhã desta quinta-feira (29), foi realizada a reconstituição do crime.

Depoimentos - Durante a coletiva nesta quinta-feira, o trio foi sucinto em suas declarações para a imprensa. "Não era esse o plano", disse repetidamente o autônomo Elpídio Cesar Macena do Amaral.

"Minha participação era atrair ele para minha casa, não era minha intenção matar", afirmou Kátia, namorada de Elpídio. O pedreiro Josian Edson Cuando Macena não deu declarações.

De acordo com os depoimentos de Kátia à polícia, ela e Alceu Bueno não chegaram a ter um relacionamento amoroso, tendo ficado restrito apenas nas conversas de WhatsApp.

De acordo com o delegado Edilson dos Santos, a forma "amadora" que aconteceu o crime aponta de que não foi encomendado. Caso contrário, seria realizado de forma mais profissional, com a utilização de uma arma, por exemplo.

Os três foram indiciados por roubo seguido de morte e ocultação de cadáver.

Kátia, Elpídio e Josian, presos apontados como responsáveis pela morte do ex-vereador Alceu Bueno (Foto: Alcides Neto)
Kátia, Elpídio e Josian, presos apontados como responsáveis pela morte do ex-vereador Alceu Bueno (Foto: Alcides Neto)
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