Com sonho de biblioteca realizado, 14ª escola reformada por presos é entregue
Obra custou R$ 650 mil e durou cinco meses; projeto é do Tribunal de Justiça de MS
A revitalização da Escola Estadual Ulisses Serra, localizada no Núcleo Indubrasil, foi entregue oficialmente na manhã desta quarta-feira (26), pelo TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Esta é 14ª instituição de ensino reformada por presos do projeto “Revitalizando a Educação com Liberdade”.
A obra teve custo total de R$ 650 mil com duração de 5 meses, tendo início em novembro de 2022 e concluída no final de março deste ano.
Durante a cerimônia, o reeducando Ademir Trindade entregou dez bolas confeccionadas no presídio. Além disso, Ulisses de Almeida Serra, bisneto de quem deu o nome à escola, entregou ao diretor o livro “Camalotes e Guavirais” para ser o primeiro da biblioteca. As crianças estavam com balões de coração e entregaram a oito detentos.
Para o diretor da escola, Edvaldo Camargo, a reforma é um sonho antigo. Para aprimorar ainda mais o projeto, foi construída uma biblioteca. “É um sonho dos pais, alunos, professores e somos muito agradecidos a todos que estiveram envolvidos no projeto”, destacou.
Como forma de mensagem aos carcerários, Edvaldo ressalta que todos ajudaram a mostrar aos alunos a importância da ressocialização das pessoas.
Na ocasião, o governador Eduardo Riedel evidenciou o trabalho dos presos. “Os detentos passaram uma grande mensagem, uma mensagem muito importante. Eles devem ter muito orgulho do que fizeram, estão dando a oportunidade que não tiveram a essas crianças. A educação sempre fortalece a responsabilidade e esse é o maior ponto de concentração do governo, porque a educação é a base de tudo”, enfatizou.
Riedel também lembrou que as 347 escolas da rede estadual terão fibra óptica até o final de 2024 para melhorar o acesso à tecnologia.
O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Sérgio Fernandes Martins, esteve presente e agradeceu, primeiramente, àqueles que realizaram a obra.
“Vocês [presos] realmente estão contribuindo seja aqui, seja em outras obras que foram feitas, não só no sistema penitenciário, mas também se preparando para ingressar no mercado do trabalho. Os primeiros parabéns de hoje vão para vocês", pontuou.
Geovana Silva, de 30 anos, está no semiaberto e ajudou na reforma. Ela é do projeto Aurora em parceria com o Ministério Público. Em seu discurso, a reeducanda contou sobre o mundo do crime e a vontade de conquistar novo espaço na sociedade e reconquistar a filha.
Projeto - O projeto é idealizado pelo juiz Albino Coimbra Neto, da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande. De acordo com ele, 65% dos presos não tem ensino básico ou médio.
“Essa é uma oportunidade de ajudar quem está começando na escola. Já foram 14 escolas este ano e o governo já entrou ajudando com a manutenção”, disse Coimbra, durante a entrega.
O projeto tem dez anos de existência e conta com parceria do Governo do Estado, por meio da Agepen/MS, Centro Penal Agroindustrial da Gameleira e Secretaria de Estado de Educação.
O principal objetivo é revitalizar a estrutura física dos colégios públicos estaduais, garantindo aos presos do regime semiaberto oportunidade de trabalhar de forma remunerada, além de ajudar a desenvolver o caráter pedagógico, social e educativo.
A ação já gerou economia aos cofres públicos de, aproximadamente, R$ 11,5 milhões. Com a conclusão desta obra já são mais de R$ 3,5 milhões de recursos do trabalho prisional investidos.
Os valores são arrecadados por meio do desconto de 10% do salário de todo preso que possui trabalho remunerado em Campo Grande.