Das sete mulheres assassinadas na Capital em 2025, só uma havia buscado proteção
A jornalista Vanessa Ricarte foi morta em 12 de fevereiro, poucas horas após denunciar violência na Deam

Das sete mulheres vítimas de feminicídio em Campo Grande em 2025, apenas uma possuía medida protetiva. A informação foi confirmada por Angélica Fontanari, secretária executiva da Semu (Subsecretaria de Políticas para a Mulher). A única vítima que havia buscado formalmente proteção do Estado foi a jornalista Vanessa Ricarte.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Em Campo Grande, das sete mulheres vítimas de feminicídio em 2025, apenas uma possuía medida protetiva. A capital registrou queda de aproximadamente 50% nos casos em relação a 2024, quando houve 11 ocorrências, contrariando a tendência de crescimento nacional. A redução é atribuída ao fortalecimento da rede de atendimento especializada e a investimentos da Subsecretaria de Políticas para a Mulher, incluindo o aplicativo Proteja Mais Mulher. No entanto, o cenário estadual é preocupante, com 32 feminicídios registrados em outras cidades de Mato Grosso do Sul, superando o total de 35 vítimas em 2024.
Segundo Angélica Fontanari, o dado chama atenção porque ocorre em um cenário de redução dos casos na Capital. Em 2024, Campo Grande registrou 11 feminicídios. Em 2025, até o momento, foram sete. A queda se aproxima de 50%, índice que vai na contramão do crescimento observado em nível nacional.
- Leia Também
- Separação é gatilho para feminicídio, mesmo sem histórico violento, diz delegada
- Após quatro dias, homem que matou esposa com canivete recebe alta
Angélica Fontanari afirma que a redução está relacionada ao fortalecimento da rede de atendimento especializada e a investimentos recentes feitos pela Semu. “Campo Grande tem cerca de um terço da população do Estado e, ainda assim, conseguiu reduzir quase pela metade os casos de feminicídio. Isso é resultado de uma rede que vem se aprimorando diariamente e de recursos que conseguimos implementar”, disse.
Entre esses recursos está o aplicativo Proteja Mais Mulher, desenvolvido para mulheres que já passaram por atendimento institucional. “Muitos chamam de botão do pânico, mas nós chamamos de botão da vida. É um botão de emergência para situações de risco iminente”, afirmou.
De acordo com a secretária, o aplicativo é ativado sem necessidade de desbloquear o celular. Ao ser acionado, grava cinco segundos de áudio ambiental e envia o georreferenciamento da vítima para a Central da GCM (Guarda Civil Metropolitana). “A Guarda está distribuída nas sete regiões da cidade. O tempo de resposta tem ficado entre dois minutos e meio e quatro minutos e meio”, explicou.
A única com medida protetiva - Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi assassinada no dia 12 de fevereiro pelo ex-noivo, o músico Caio Cesar Nascimento Pereira. Horas antes do crime, ela havia procurado a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) para denunciar violência e solicitar medida protetiva de urgência.
A decisão judicial que determinava o afastamento do agressor ainda não havia sido comunicada quando Vanessa foi atacada. Ela foi esfaqueada três vezes na entrada da casa onde morava, no Bairro São Francisco.
As outras seis vítimas - Nenhuma das outras seis mulheres assassinadas em Campo Grande em 2025 possuía medida protetiva registrada.
Giseli Cristina Oliskowiski, de 40 anos, foi morta no dia 1º de março pelo namorado Jeferson Nunes Ramos. O corpo foi encontrado carbonizado em um poço desativado nos fundos de uma residência no Bairro Aero Rancho. Antes disso, ela foi atingida na cabeça com uma pedra e perdeu a consciência.
No dia 26 de maio, Vanessa Eugênia Medeiros e a filha, a bebê Sophie Eugênia, de 10 meses, foram assassinadas pelo companheiro de Vanessa e pai da criança, José Augusto Borges de Almeida. As duas morreram por asfixia dentro do quarto do casal. Os corpos foram levados e incendiados no Núcleo Industrial Indubrasil.

Gisele da Silva Saochine, de 40 anos, foi assassinada no dia 2 de outubro pelo marido, Anderson Cylis Saochine Rezende, no Bairro Monte Castelo. Ela foi esfaqueada e depois carbonizada. O agressor ateou fogo à casa e também morreu no incêndio, sendo encontrado carbonizado dentro de um veículo na garagem.
Luana Cristina Ferreira Alves, de 32 anos, foi morta no dia 28 de outubro enquanto trabalhava em uma empresa no Bairro Jardim Colúmbia. O autor, Gilson Castelan de Souza, atacou a vítima de forma repentina, com golpes de faca na cabeça e no pescoço. Mesmo ferida, Luana tentou correr e pedir socorro na rua, mas caiu poucos metros à frente. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado, mas ela não resistiu.
A última vítima do ano foi Ângela Nayhara Guimarães, de 53 anos, assassinada no dia 8 de dezembro pelo marido, Leonir Gurgel. O crime ocorreu na casa da mãe da vítima, no Bairro Taveirópolis, após Ângela manifestar o desejo de se divorciar. Ela foi morta com golpes de canivete.
Cenário estadual - Além das sete mortes registradas em Campo Grande, outras 32 mulheres foram assassinadas em Mato Grosso do Sul neste ano, superando as 35 vítimas contabilizadas em todo o ano de 2024. O aumento ocorre em paralelo ao crescimento dos registros de violência doméstica no Estado. Foram 22.470 ocorrências em 2025, número próximo das 22.993 registradas ao longo de todo o ano anterior.
Os dados indicam que, mesmo com o aumento das denúncias, parte significativa das vítimas continua sendo assassinada sem ter conseguido acessar mecanismos formais de proteção.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.



