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Capital

Delegacia testa sistema de IA para agilizar registro de ocorrências na Capital

Ferramenta que opera em fase experimental deve começar a funcionar efetivamente na próxima quarta-feira (26)

Por Bruna Marques e Viviane Oliveira | 20/11/2025 17:41
Delegacia testa sistema de IA para agilizar registro de ocorrências na Capital
Tela de apresentação do novo atendimento virtual da PC Polícia Civil, que orienta o cidadão sobre o registro inicial da ocorrência por meio do celular (Foto: Divulgação)

A 5ª Delegacia de Policia Civil iniciou a fase experimental de um sistema de inteligência artificial destinado a reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade dos boletins de ocorrência em Campo Grande.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A 5ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande iniciou testes com um sistema de inteligência artificial para otimizar o registro de boletins de ocorrência. Desenvolvida pelo delegado Leandro Costa Lacerda Azevedo e pelo escrivão Juliano Ramos, a ferramenta permite que cidadãos iniciem o registro via celular, através de QR Code. O sistema transforma relatos em linguagem técnica e jurídica, gerando automaticamente 80% do boletim. A tecnologia também monitora o tempo de atendimento e sugere informações complementares importantes. A implementação oficial está prevista para a próxima semana, sem custos adicionais além do equipamento necessário para processamento.

Idealizada pelo delegado titular Leandro Costa Lacerda Azevedo e pelo escrivão Juliano Ramos, a tecnologia está em fase experimental, mas deve ser oficializada na próxima semana.

O delegado explicou que o procedimento começa no celular: “O cidadão chega na delegacia e às vezes fica esperando três ou quatro horas na fila. Agora ele pode acessar o sistema pelo celular. Ele aponta o celular para um QR Code e acessa um chatbot da Polícia Civil”. O usuário preenche dados pessoais e faz um relato livre. Em seguida, o sistema gera uma senha digital.

Azevedo revela que o escrivão já recebe esse relato bruto, que é então convertido pela inteligência artificial em texto técnico: “A IA embarcada transforma o relato num texto oficial de boletim de ocorrência. Se a pessoa escreve ‘roubaram minha televisão’, a IA traduz aquilo para a linguagem técnica e jurídica”.

A ferramenta também sugere dados complementares, como modelo ou número de série, que frequentemente passam despercebidos. “A IA sugere colher número de série e dados faltantes, sempre auxiliando o investigador, nunca substituindo. Na prática, 80% do boletim já sai pronto”, afirmou.

Delegacia testa sistema de IA para agilizar registro de ocorrências na Capital
Banner instalado na delegacia detalha o passo a passo do sistema de autoatendimento (Foto: Divulgação)

Azevedo destacou que o sistema também melhora o controle de fluxo na unidade: “Antes não havia controle. Agora, quando a pessoa entra na delegacia e acessa o QR Code, o sistema passa a contar todo o tempo: espera, atendimento e fechamento do boletim. Isso dá controle da trajetória completa do usuário”. Segundo ele, esse acompanhamento gerou indicadores inéditos, como os horários de maior movimentação.

A ferramenta foi desenvolvida pelo delegado e pelo escrivão, com autonomia interna da unidade. A doação de um computador com GPU (unidade de processamento gráfico), feita pelo Coisec (Conselho Institucional de Segurança de Campo Grande), viabilizou o processamento local da IA. “O custo do software é zero. O único gasto foi a máquina necessária para rodar a IA”, disse.

O delegado afirmou que a escolha da 5ª Delegacia de Polícia como piloto se deu pelo alto volume de atendimentos. Ele também destacou que os servidores da unidade contribuíram com sugestões: “A ferramenta chegou no formato atual graças ao feedback dos servidores. Todo mundo deu opinião. É um trabalho coletivo”.

Delegacia testa sistema de IA para agilizar registro de ocorrências na Capital
Márcio do Carmo Vieira Lima, presidente do Conselho de Segurança do Bairro Aero Rancho durante evento de segurança pública nesta quarta-feira, em Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

Azevedo afirmou que o sistema deve entrar em funcionamento oficial até a próxima quarta-feira e, em seguida, será encaminhado para oficialização pela PC Polícia Civil.

A novidade agradou Márcio do Carmo Vieira Lima, presidente do Conselho de Segurança do Bairro Aero Rancho. Presentes durante a solenidade de apresentação do plano da Operação Boas Festas, realizada nesta quarta-feira (19) no comando da Polícia Militar, conselheiros municipais de segurança das sete regiões de Campo Grande voltaram a reclamar da demora no atendimento das delegacias. Alguns relataram espera superior a quatro horas e falta de acolhimento no momento do registro de boletins de ocorrência. Entre os presentes estava o presidente do Conselho de Segurança do Bairro Aero Rancho, Márcio do Carmo Vieira Lima.

O presidente explicou que muitos bairros acabam não aparecendo nas estatísticas oficiais de criminalidade, porque parte das vítimas deixa de registrar boletim de ocorrência. Segundo ele, a demora no atendimento e a percepção de que “não vai dar em nada” desestimulam moradores a formalizar os casos, o que distorce os dados e dificulta o planejamento de ações de segurança.

Delegacia testa sistema de IA para agilizar registro de ocorrências na Capital
Reunião no Centro Integrado de Comando e Controle com participação de conselheiros de segurança, representantes da PM da Polícia Civil (Foto: Marcos Maluf)

Transição – Durante a apresentação da Operação Boas Festas, o coordenador de operações da Polícia Civil na Capital, delegado Mário Donizete Ferraz de Queiroz, destacou que a corporação atravessa um período de transição devido à espera pela conclusão do concurso público. Segundo o delegado, “a Polícia Civil ainda aguarda a finalização do nosso concurso. Por isso, hoje não podemos assumir um compromisso de policiamento de rua efetivo”.

Mesmo assim, Mário Donizete ressaltou que o planejamento da operação se mantém integrado. Ele afirmou que a Polícia Militar tem condições de executar o policiamento ostensivo previsto no plano e que o papel da Polícia Civil será garantir que as unidades estejam preparadas para absorver o aumento de demandas decorrentes do reforço nas ruas. “Temos certeza de que a Polícia Militar possui todo o efetivo e as condições necessárias para realizar esse trabalho”, disse.

Delegacia testa sistema de IA para agilizar registro de ocorrências na Capital
Delegado Mário Donizete durante fala sobre a necessidade de reforçar as delegacias (Foto: Marcos Maluf)

O delegado explicou que o foco da corporação será estruturar as delegacias de área para acompanhar o fluxo de ocorrências. “A nossa intenção é reforçar as delegacias de área para recepcionar todo o trabalho que a Polícia Militar faz nas ruas, porque não adianta realizar toda essa atuação externa e não ter delegacias preparadas para receber essa demanda”, afirmou durante o evento.

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