Delegacia testa sistema de IA para agilizar registro de ocorrências na Capital
Ferramenta que opera em fase experimental deve começar a funcionar efetivamente na próxima quarta-feira (26)

A 5ª Delegacia de Policia Civil iniciou a fase experimental de um sistema de inteligência artificial destinado a reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade dos boletins de ocorrência em Campo Grande.
RESUMO
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A 5ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande iniciou testes com um sistema de inteligência artificial para otimizar o registro de boletins de ocorrência. Desenvolvida pelo delegado Leandro Costa Lacerda Azevedo e pelo escrivão Juliano Ramos, a ferramenta permite que cidadãos iniciem o registro via celular, através de QR Code. O sistema transforma relatos em linguagem técnica e jurídica, gerando automaticamente 80% do boletim. A tecnologia também monitora o tempo de atendimento e sugere informações complementares importantes. A implementação oficial está prevista para a próxima semana, sem custos adicionais além do equipamento necessário para processamento.
Idealizada pelo delegado titular Leandro Costa Lacerda Azevedo e pelo escrivão Juliano Ramos, a tecnologia está em fase experimental, mas deve ser oficializada na próxima semana.
O delegado explicou que o procedimento começa no celular: “O cidadão chega na delegacia e às vezes fica esperando três ou quatro horas na fila. Agora ele pode acessar o sistema pelo celular. Ele aponta o celular para um QR Code e acessa um chatbot da Polícia Civil”. O usuário preenche dados pessoais e faz um relato livre. Em seguida, o sistema gera uma senha digital.
Azevedo revela que o escrivão já recebe esse relato bruto, que é então convertido pela inteligência artificial em texto técnico: “A IA embarcada transforma o relato num texto oficial de boletim de ocorrência. Se a pessoa escreve ‘roubaram minha televisão’, a IA traduz aquilo para a linguagem técnica e jurídica”.
A ferramenta também sugere dados complementares, como modelo ou número de série, que frequentemente passam despercebidos. “A IA sugere colher número de série e dados faltantes, sempre auxiliando o investigador, nunca substituindo. Na prática, 80% do boletim já sai pronto”, afirmou.

Azevedo destacou que o sistema também melhora o controle de fluxo na unidade: “Antes não havia controle. Agora, quando a pessoa entra na delegacia e acessa o QR Code, o sistema passa a contar todo o tempo: espera, atendimento e fechamento do boletim. Isso dá controle da trajetória completa do usuário”. Segundo ele, esse acompanhamento gerou indicadores inéditos, como os horários de maior movimentação.
A ferramenta foi desenvolvida pelo delegado e pelo escrivão, com autonomia interna da unidade. A doação de um computador com GPU (unidade de processamento gráfico), feita pelo Coisec (Conselho Institucional de Segurança de Campo Grande), viabilizou o processamento local da IA. “O custo do software é zero. O único gasto foi a máquina necessária para rodar a IA”, disse.
O delegado afirmou que a escolha da 5ª Delegacia de Polícia como piloto se deu pelo alto volume de atendimentos. Ele também destacou que os servidores da unidade contribuíram com sugestões: “A ferramenta chegou no formato atual graças ao feedback dos servidores. Todo mundo deu opinião. É um trabalho coletivo”.

Azevedo afirmou que o sistema deve entrar em funcionamento oficial até a próxima quarta-feira e, em seguida, será encaminhado para oficialização pela PC Polícia Civil.
A novidade agradou Márcio do Carmo Vieira Lima, presidente do Conselho de Segurança do Bairro Aero Rancho. Presentes durante a solenidade de apresentação do plano da Operação Boas Festas, realizada nesta quarta-feira (19) no comando da Polícia Militar, conselheiros municipais de segurança das sete regiões de Campo Grande voltaram a reclamar da demora no atendimento das delegacias. Alguns relataram espera superior a quatro horas e falta de acolhimento no momento do registro de boletins de ocorrência. Entre os presentes estava o presidente do Conselho de Segurança do Bairro Aero Rancho, Márcio do Carmo Vieira Lima.
O presidente explicou que muitos bairros acabam não aparecendo nas estatísticas oficiais de criminalidade, porque parte das vítimas deixa de registrar boletim de ocorrência. Segundo ele, a demora no atendimento e a percepção de que “não vai dar em nada” desestimulam moradores a formalizar os casos, o que distorce os dados e dificulta o planejamento de ações de segurança.

Transição – Durante a apresentação da Operação Boas Festas, o coordenador de operações da Polícia Civil na Capital, delegado Mário Donizete Ferraz de Queiroz, destacou que a corporação atravessa um período de transição devido à espera pela conclusão do concurso público. Segundo o delegado, “a Polícia Civil ainda aguarda a finalização do nosso concurso. Por isso, hoje não podemos assumir um compromisso de policiamento de rua efetivo”.
Mesmo assim, Mário Donizete ressaltou que o planejamento da operação se mantém integrado. Ele afirmou que a Polícia Militar tem condições de executar o policiamento ostensivo previsto no plano e que o papel da Polícia Civil será garantir que as unidades estejam preparadas para absorver o aumento de demandas decorrentes do reforço nas ruas. “Temos certeza de que a Polícia Militar possui todo o efetivo e as condições necessárias para realizar esse trabalho”, disse.

O delegado explicou que o foco da corporação será estruturar as delegacias de área para acompanhar o fluxo de ocorrências. “A nossa intenção é reforçar as delegacias de área para recepcionar todo o trabalho que a Polícia Militar faz nas ruas, porque não adianta realizar toda essa atuação externa e não ter delegacias preparadas para receber essa demanda”, afirmou durante o evento.
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