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Cidades

Além da Capital, mais 3 cidades colocaram verba da previdência em banco falido

Maior aporte foi feito no Master por instituto de Fátima do Sul; reaver os recursos será um desafio

Por Maristela Brunetto | 19/11/2025 11:32
Além da Capital, mais 3 cidades colocaram verba da previdência em banco falido
Sede do Banco Master em São Paulo (Foto: Divulgação)

Dados do Ministério da Previdência demonstram que além do IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande), regimes de outras três prefeituras do Estado escolheram o Banco Master para aplicar receitas destinadas a garantir benefícios a servidores aposentados e pensionistas. O maior impacto ficará para o Iprefsul (Instituto de Previdência de Fátima do Sul), que aplicou R$ 7 milhões.

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O Banco Master, que enfrenta liquidação extrajudicial determinada pelo Banco Central, recebeu investimentos de quatro cidades de Mato Grosso do Sul. Além de Campo Grande, que aplicou R$ 1,2 milhão, Fátima do Sul investiu R$ 7 milhões, Angélica R$ 2,2 milhões e Jateí R$ 2,5 milhões. A instituição financeira atraiu recursos de 17 estados e prefeituras, com destaque para a Rioprevidência (R$ 970 milhões) e Amprev do Amapá (R$ 400 milhões). O prejuízo estimado é de R$ 12 bilhões, e o banqueiro Daniel Vorcaro foi preso em operação da Polícia Federal. Os fundos de previdência terão que entrar no concurso de credores durante a liquidação.

Além dele, os órgãos do regime próprio de servidores de Angélica e Jateí também apostaram na rentabilidade do banco para investir valores depositados pelo funcionalismo e pelas prefeituras. As quantias foram, respectivamente, de R$ 2,2 milhões e R$ 2,5 milhões.

Oferecendo correções acima da inflação para aplicações, o Banco Master se popularizou e atraiu recursos de 17 estados e prefeituras, segundo divulgou o ministério. As maiores quantias são da Rioprevidência, dos servidores estaduais do Rio de Janeiro, que somou R$ 970 milhões, e da Amprev, do Amapá, somando R$ 400 milhões. De Campo Grande, o Master recebeu R$ 1,2 milhão em aplicação de receita do IMPCG.

Todos vão conviver com o mesmo desafio: a incerteza de receber de volta os recursos investidos pelos servidores, uma vez que o Banco Central determinou a liquidação extrajudicial da instituição financeira, por falta de solvência, e estima que o prejuízo deva somar pelo menos R$ 12 bilhões, quantia cujo bloqueio judicial foi pedido. Ontem, ocorreu uma operação da Polícia Federal e o banqueiro, o mineiro Daniel Vorcaro, que ostentava uma vida milionária, foi preso.

Diante da dimensão do caso, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), composto por receitas depositadas pelas instituições financeiras, estimou que cerca de 1 milhão de investidores poderão receber recursos. O mecanismo garante ressarcimento de valores particulares de até R$ 250 mil.

Já os fundos de previdência terão que entrar no concurso dos credores do banco durante a fase de liquidação, o que traz a incerteza de recuperação dos valores.

A participação de tantos fundos de previdência na aquisição das chamadas letras financeiras foi explicada ontem como uma frente em que o banco apostou após o Banco Central restringir a regulação das captações voltadas a investidores pessoas físicas, por meio dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário), até então principal fonte de financiamento do Master.

Além da Capital, mais 3 cidades colocaram verba da previdência em banco falido
Instituto da Capital é um dos que apostaram na rentabiliade do Master e terão dificuldades de reaver investimento (Foto: Divulgação)

Preocupação de servidores - Diretor do instituto de Jateí há alguns meses, Luciano Francisco da Silva apontou que o valor foi aplicado no ano passado. Segundo ele, a decisão foi pública, mas ele não soube por quê a gestão anterior escolheu o Master.

O fundo dos servidores tem receita de R$ 42 milhões para assegurar benefícios e hoje paga valores a 71 servidores e pensionistas. Ele contou que ainda está sendo estudada a situação do investimento para poder esclarecer os servidores.

A reportagem tentou contato com responsáveis pelos fundos de Fátima do Sul e Angélica, sem retorno. No caso de Fátima, na página do instituto, os balanços mais recentes são de 2022 e 2023. No de novembro de 2023 constava o aporte da prefeitura de R$ 482,9 mil e da Câmara, de R$ 14,4 mil. Outros R$ 296 mil foram repassados para suprir déficit, totalizando receitas de R$ 1.074 milhão na ocasião. Já a folha de pagamento foi de R$ 504,9 mil.

Pelas publicações, havia valores distribuídos em 23 investimentos, nenhum com o nome do Banco Master, totalizando R$ 39,7 milhões, sendo R$ 1,1 milhão de rendimentos. Os maiores valores constavam na Caixa Econômica e no Banco do Brasil, havendo ainda depósitos no Sicredi, no Daycoval e em fundos identificados como Claritas e Schroeder.

Já na página do instituto de Angélica aparecem as aplicações feitas no Master, constando o valor de R$ 2,2 milhões, sem apontamento de data para resgate.

Os créditos do fundo somaram R$ 46,3 milhões em 31 de julho deste ano, dado mais atualizado. Consta, ainda, ata de reunião do começo deste mês, quando servidores integrantes da gestão aprovam a destinação de receitas de investimentos sacados e indicam dois fundos, nenhum ligado ao Master.

 No caso do IMPCG, a aplicação no Master foi de R$ 1.394.952,90, quantia que representa 2,77% da carteira de aplicações financeiras do Instituto. O maior valor investido pelo IMPCG, por administrador, está na Caixa Econômica Federal, totalizando R$ 21.390.804,59. O total em aplicações financeiras, conforme a última ata consultada (referente a julho deste ano), era de R$ 50.421.350,96.

O título foi contratado com previsão de resgate no ano de 2029. O IMPCG ainda não informou quais gestões adotará em relação à possibilidade de perda da receita.