“Perdeu o pai do mesmo jeito”, lembra tia de menino de 7 anos morto em acidente
Criança morreu após o carro em que estava com a família ser atingido por um motorista embriagado, no sábado

Miguel Nunes Alves Bezerra, de apenas sete anos, vítima de acidente de trânsito na noite de sábado (23), no Bairro Jardim Tijuca, em Campo Grande, perdeu a vida de forma semelhante à do pai, Israel Alves Bezerra Júnior, que morreu em 2018 em outro acidente de trânsito. O menino estava no carro com a mãe, o namorado dela e a mãe do pastor da igreja, quando um motorista embriagado avançou a sinalização no cruzamento da Avenida Conde de Boa Vista com a Rua Rio da Prata e atingiu o veículo.
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Menino de 7 anos morre em acidente de trânsito em Campo Grande, mesma causa da morte do pai em 2018. Miguel Nunes Alves Bezerra estava no carro com a mãe, o namorado dela e a mãe do pastor da igreja, quando foram atingidos por um motorista embriagado. O acidente ocorreu no cruzamento da Avenida Conde de Boa Vista com a Rua Rio da Prata, no Bairro Jardim Tijuca. O motorista, Marcos Vinícius Francelino, de 39 anos, foi preso em flagrante por homicídio culposo qualificado por embriaguez e lesão corporal culposa, e responderá na justiça. A mãe de Miguel sofreu fratura nas costas, o namorado teve escoriações e a mãe do pastor está em estado grave. A família pede orações e conta com o apoio da igreja.
Miguel está sendo velado desde a noite deste domingo (24) na capela do Cemitério Memorial Parque e será sepultado hoje, às 16h30.
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A tia materna da mãe da criança, Isabelly Nunes Jaime, 24, autônoma, contou à reportagem sobre o momento doloroso que a família enfrenta. “Cheguei cerca de 10 minutos depois do acidente, junto com meu esposo e alguns amigos da igreja que estavam no congresso na chácara. Eu estava esperando o pessoal chegar. Eles iriam jantar com alguns convidados da igreja, e estávamos planejando o que fazer depois, se iríamos jogar bola ou brincar com o pessoal. Recebi uma ligação relatando o acidente, e em 10 minutos cheguei lá”, disse.
Segundo Isabelly, a ligação foi feita por uma testemunha que estava no local, e não pela irmã diretamente. “Ela me informou que todos estavam desacordados e que minha irmã estava com muita dor”, contou.
O caso reviveu uma tragédia antiga da família. Miguel tinha apenas três meses quando perdeu o pai, Israel Alves Bezerra Júnior, em junho de 2018, também em um acidente causado por um motorista que furou a preferencial e colidiu com a moto dele. “Ele perdeu o pai do mesmo jeito”, lembrou Isabelly, emocionada.
Sobre o momento do acidente, a tia detalhou: “Minha irmã estava indo para o restaurante com o namorado que dirigia. Ela estava na frente, Miguel atrás e a mãe do pastor também estava no carro. Eles estavam indo comemorar o congresso com os cantores e pregadores do local. Minha irmã está muito abalada fisicamente. Teve uma fratura nas costas e está usando cadeira de rodas por causa da dor. Mas emocionalmente, ainda não caiu a ficha do que aconteceu. Ela se preocupa mais com o Miguel do que com ela mesma”.
Isabelly relatou que o atendimento no local foi intenso: “Os socorristas e médicos estavam começando os atendimentos quando cheguei. Os bombeiros tentaram por quase uma hora e 30 minutos. Todos foram excelentes profissionais. A situação era muito complicada, principalmente porque havia mais feridos. Eu, como tia do Miguel, foquei nele, mas ajudamos todos, inclusive minha irmã, que inicialmente não queria ser atendida”.
A proximidade da família com Miguel era grande. “Eu ajudei a criá-lo junto com minha mãe e minha irmã após o falecimento do pai dele. Ele sempre teve muito amor e confiança em nós. Ele era perfeito, educado, responsável, carinhoso e prestativo. Tinha sete anos, mas parecia muito mais maduro. Amava a família, os amigos e a igreja. Ele era pura alegria e sorriso”, disse Isabelly.
A fé tem sido um apoio importante. “Nossa família sempre foi evangélica. A igreja nos deu muito suporte, principalmente após a morte do pai do Miguel. Minha irmã quer permanecer próxima à igreja, pois é a única força que sente agora.”
Isabelly também pediu orações pela mãe do pastor, de 61 anos, que estava no carro e permanece em estado gravíssimo. “A família pede orações por ela, pois ela era muito próxima da igreja e amiga da nossa família”, afirmou.
Sobre o namorado da irmã, que dirigia o carro, Isabelly relatou: “Meu cunhado teve escoriações e pontos na cabeça, machucou os joelhos. Está abalado emocionalmente, mas não teve culpa no acidente. Estava dirigindo devagar e cantando louvores”.
Quanto ao motorista que causou o acidente, Marcos Vinícius Francelino, de 39 anos, Isabelly disse: “Ele tentou fugir do local. Eu acredito na justiça de Deus, pois a justiça humana é falha. O acidente tirou a vida do Miguel e poderia ter afetado todos no carro. É um aprendizado sobre os perigos do álcool”.
O corpo do menino chegou à capela ontem às 20h27. “A igreja e a família estão prestando apoio e presença. Muitas pessoas vieram dar força. Hoje, após o almoço, virá ainda mais gente. O Miguel encantava a todos”, contou Isabelly.
Sobre o impacto emocional da perda, ela afirmou: “Ela é minha irmã mais nova. Tenho um senso de proteção com ela, então preciso me manter forte por enquanto. Entendo que esse é um momento extremamente difícil para a família e gera comoção em todos. Todo mundo que vê se comove. Foi uma emoção ver a situação. Não posso deixar de agradecer à igreja pelas orações e apoio. Ainda estou um pouco passada, porque convivi muito com o Miguel. Foi a última vez que o abracei, mas sei que depois meu chão vai cair. Por enquanto, preciso me manter forte por minha irmã”.
Prisão - Marcos Vinícius Francelino, de 39 anos, dirigia um Renault Logan, acompanhado da esposa, quando desrespeitou a preferencial e bateu no Fit Uno em que a criança estava com a mãe, o padrasto e a mãe do pastor da igreja.
De acordo com o delegado plantonista da Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada), Luca Venditto Basso, Marcos Vinícius estava alcoolizado, e o teste do bafômetro apontou índice acima do permitido por lei. Ele foi preso em flagrante e deve responder por homicídio culposo na direção de veículo automotor qualificado pela embriaguez, cuja pena varia de cinco a oito anos de reclusão.
Além disso, vai responder por lesão corporal culposa qualificada pela embriaguez, com pena de dois a cinco anos, por três vezes, referente às três vítimas feridas.
Marcos Vinícius segue preso e vai passar por audiência de custódia hoje. Durante depoimento na delegacia, ele preferiu ficar em silêncio e se pronunciar somente em juízo.
O Campo Grande News tentou conversar com a esposa de Marcos, na manhã de hoje, pelo telefone, mas ela não quis dar entrevista e disse apenas: "Não tem como estar bem com uma coisa dessa".
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