Entre exames, consultas e vacina, greve deixou de atender 14,5 mil

A greve dos profissionais da enfermagem que atendem na rede municipal de saúde chega ao nono dia e afeta, principalmente, o calendário de vacinas e exames. No fim de semana, a prefeitura abriu duas salas de vacinação e o cenário foi de longa espera e muitos saindo sem conseguir a imunização. No setor de vacina e no CEM (Centro de Especialidades Médicas), a paralisação é de 100%. Cerca de 14,5 mil procedimentos deixaram de ser feitos, segundo o município.
“A vacinação está suspensa porque é ambulatorial. É importante, nas não causa prejuízo à criança se houver pequeno atraso. Porque vacina é ação preventiva, profilática”, afirma o representante da Comissão de Negociação dos Trabalhadores da Enfermagem, Hederson Fritz.
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Quanto ao CEM, ele explica que há exames que podem ser feitos com suporte do enfermeiro ou diretamente pelo médico. Um exemplo é a endoscopia. Já consultas, como com oftalmologista, endocrinologista ou reumatologistas, não dependem da enfermagem.
Na semana passada, a direção do centro informou que três exames deixaram de ser feitos: eletrocardiograma, eletroencefalograma e exames oftalmológicos.
Nas UBS (Unidade Básica de Saúde) e UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família), a chamada Atenção Básica, a greve só abre exceção em três casos: consultas de tuberculose, hanseníase e gestante com sífilis. “Porque o prejuízo na continuidade prejudica a sociedade”, afirma Fritz.
Nas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento), foi mantido 100% da equipe no atendimento de urgências e emergências. Já os demais pacientes são atendidos por 30% da escala normal de profissionais da enfermagem.
De acordo com o representante da categoria, o serviço de triagem foi mantido nas UPAs. “São verificados os sinais vitais, como pressão, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura. Feito tudo isso, é enquadrado”, explica Fritz.
Já a classificação de risco deixou de ser feita durante a greve. “A classificação é um instrumento amplo, com metodologia, histórico do paciente. Uma orientação feita depois. É muito mais complexa”, define.
Os profissionais de enfermagem querem reposição da inflação e pagamento do piso. Segundo Fritz, a greve seria encerrada se a prefeitura fizesse uma proposta de aumento, ainda que em parcelas. “Não precisa ser de imediato”. Com o piso, a remuneração inicial do técnico de enfermagem passa de R$ 1.100 para R$ 2.100. Já o salário inicial do enfermeiro aumenta de R$ 2.100 para R$ 3.770.
A prefeitura obteve decisão judicial para que 80% dos profissionais voltem ao trabalho. Mas a comissão pediu esclarecimentos, alegando que reduzir de 100% para 80% nos setores de urgência e emergência pode comprometer atendimento a pacientes graves.